Semana de debates bastante proveitosos na Câmara Municipal. Na sessão legislativa de segunda-feira, 6, os vereadores caxienses debateram diversos problemas do interesse da comunidade. Usando o pequeno expediente, o vereador Darlan Almeida da Silva (PHS) abriu o bloco de exposições destacando a gravidade dos casos de assédios praticados pela forte presença de desocupados atualmente no centro de Caxias. Segundo o vereador, principalmente à noite, o centro histórico de Princesa do Sertão é um local deserto e isso favorece a acomodação de pessoas desocupadas que se utilizam de muitos locais para passarem a noite, mas, preferencialmente, nos amplos saguões climatizados das agências bancárias.
Segundo Darlan Almeida, nos últimos seis meses, já são oito homicídios envolvendo moradores de rua no município de Caxias.
“Trago um reclame de empresários e da sociedade em geral. A partir das 19h, as pessoas não conseguem entrar nos bancos, pois são amedrontadas com a presença de mendigos. Alguns chegam até a extorquir os clientes. Muitos desses moradores de rua são usuários de drogas, andam armados e a maioria é oriunda do interior do estado do Piauí. Fazemos um clamor para que isso seja mudado”, frisou o vereador.
O edil também apontou o caso recente da morte de um jovem de 36 anos de idade (Elson dos Santos Silva), esfaqueado várias vezes no pescoço na tarde de sábado (4), na área por trás do Mercado Central de Caxias. O autor do homicídio, Antonio Gomes da Silva Filho, de 24 anos, que já está preso e confessou o crime como vingança, disse que sua desavença adveio de uma discussão mantida com a vítima dez dias antes no interior da agência da Caixa Econômica Federal, quando teria sido agredido também por faca no interior da casa bancária. Recuperado após receber tratamento médico, tratou de vingar-se da vítima tão logo deixou o hospital.
No entender do vereador Darlan, as autoridades dos órgãos de segurança, bem como os órgãos que trabalham com assistência social e os próprios bancos precisam agir imediatamente para controlar esse clima de tensão vivenciado nas noites de Caxias, onde qualquer cidadão pode também ser uma vítima desses assediadores que ficam de plantão nas agências bancárias de Caxias. A briga que resultou em morte decorreu pela disputa que existe hoje para “guardar” vaga e vende-la nas filas que se formarão nas agências bancárias, no horário de expediente.
O parlamentar relatou que levou o caso para o setor de Direitos Humanos e à Secretaria de Assistência Social. “O secretário de Assistência Social disse que está vendo isso com carinho. Hoje mesmo foram em busca de levar alguns moradores de ruas para a Casa de Acolhimento, que fica na praça coronel João Castelo (Largo de Santa Luzia), mas eles se recusam a ir. E disse que, das 20 camas que o abrigo dispõe, apenas cinco são ocupadas.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Catulé (PRB), parabenizou o colega de parlamento pelo tema levantado. “Sabemos que é um problema mais forte de segurança. A polícia tem que estar buscando sempre esse povo. A sua preocupação chega a esta Casa do Povo e seria de bom agrado nos reunirmos com a Comissão de Ação Social e nos debruçarmos sobre o tema, para pedir socorro, gritarmos mais forte, a fim de que possamos pelo menos tentar equacionar esse problema”, ressaltou o parlamentar.
A denúncia do vereador, assim como o posicionamento do presidente da CMC, são mais do que pertinentes e evidenciam também o estado de abandono em que se encontra toda a área central de Caxias, no período noturno, onde as praças ficam totalmente desertas, algumas com iluminação deficiente, e estão servindo de abrigo para usuários de drogas e mendigos procedentes de outras localidades. Ao contrário de antigamente, hoje não há mais zelador vigiando as praças. Nas farmácias da área central, que funcionam até às dez horas da noite, ninguém escapa do pedido de dinheiro dos pretensos flanelinhas que se postam diante dos estabelecimentos controlando o acesso dos motoristas, muitos dos quais ficam surpreendidos e receosos diante do assédio do qual são vítimas. E quando se olha à volta, mesmo sendo local público, não há a menor presença de agentes de segurança na área. A questão é um problema que afeta a grande maioria dos centros urbanos no país, até mesmo em lugares pequenos, uma que vez, com raríssimas exceções, poucas são as famílias que residem atualmente nas proximidades e mesmo dentro das áreas comerciais, como ocorre hoje em Caxias. As praças centrais, como a Gonçalves Dias, Cândido Mendes e Panteon (Dias Carneiro), famosas por abrigarem no passado, sobretudo à noite, dezenas de casais, hoje cederam espaço para complexos mais modernos, como a nova praça da Chapada (Dom Luís Marelin), por exemplo.
Unificação de matrículas
Usando também o pequeno expediente,o vereador Mário Assunção (PPS), primeiro secretário da Mesa Diretora, justificou com muito oportunismo o projeto de lei que dividiu com o vereador Magno Magalhães (PSD), e que seria aprovado por unanimidade minutos mais tarde: a unificação de matrículas de professores concursados e efetivos que detenham dois vínculos com o Município de Caxias. Em sua exposição, MA ressaltou que o Tribunal de Contas do Estado passou a ser mais vigilante no que tange à vinculação dos servidores, e assim sua proposição vinha ao encontro do interesse maior dos professores que hoje tem duas matrículas no Município e uma no Estado, e teriam, portanto, que optar por uma delas. Com seu projeto aprovado e que agora vai à sanção do prefeito Fábio Gentil (PRB), o docente poderá ter uma só matrícula no Município e também outro emprego. A iniciativa recebeu elogios dos vereadores presentes à sessão, inclusive da líder da oposição, Thaís Coutinho (PSB).
Conjuve
Mário Assunção também teve outro projeto de lei de sua autoria aprovado durante a sessão, dispondo sobre a criação do Conselho Municipal da Juventude (Conjuve), através do qual o município se credencia a participar das políticas e convênios relacionados a esse segmento de nossa população, dentro da faixa etária de 15 a 29 anos. Esse conselho, segundo MA, na verdade uma reformulação da Lei Municipal Nº 2.114/2013, contribuirá para diminuir a distância entre o governo e a sociedade jovem, onde é estabelecido um campo de negociação para obtenção de ações que atinjam o bem comum das juventudes. Em sua composição, seis membros do poder público, representados pelas pastas da Educação, Saúde, Assistência Social, Trabalho, Políticas para as Mulheres e Cultura, Esporte, Turismo, Juventude e Patrimônio Histórico, e seis membros da sociedade civil (entidades que desenvolvam políticas públicas voltadas para o segmento, escolhidas em Assembleia Geral da Juventude), para um mandato de dois anos, com uma recondução.
Luta fratricida
Se a ideia de cooptar a família Coutinho para o seu projeto de reeleição e voos mais longos na política estadual arrefeceu de vez, o prefeito Fábio Gentil agora assiste a um processo de desgaste em suas próprias bases de sustentação, que deveriam estar, mais do que nunca, unidas, depois que os fantasmas dos adversários foram embora. Por incrível que pareça, dentro da própria coligação governamental, agora está estabelecido um clima de beligerância entre o pessoal que constitui o núcleo duro de apoio ao alcaide contra os vereadores que lhe dão sustentação na Câmara.
A denúncia ganhou relevância através de exposição feita pelo vereador Neto do Sindicato (PCdoB), preocupado com o assédio a seus correligionários da zona rural, onde o vereador, que é muito ligado ao movimento sindical dos trabalhadores familiares rurais, tem seus maiores redutos. Na concepção de NS, o caso é tão grave que o levou a suspender uma licença médica por cirurgia dentária para estar na sessão da última segunda-feira.
“Quantas vezes eu não fiz requerimentos reivindicando melhorias para estradas vicinais. Mas nessa semana fui injustamente acusado nas redes sociais de não lutar pela estrada do povoado Marruá. Um vídeo atribui a mim a culpa da estrada estar daquele jeito. E o pior, é que a pessoa que acusa é funcionário público e ainda leva um agente do governo, enquanto que os vereadores que fazem o pedido aqui ficam a deriva”, desabafou.
Segundo Neto do Sindicato, “um cidadão conhecido como Torneirinho, que não é secretário de obras, mas administrador do Balneário Veneza, fez uma reunião no povoado Marruá, dizendo que vai fazer a estrada”. Ele finalizou o seu pronunciamento com um requerimento verbal solicitando do Poder Executivo que resolva o problema da estrada vicinal.
De imediato, toda a bancada governista se solidarizou com NS. Repórter Puliça (PRB) deu como exemplo a recente entrega de uma praça no bairro Cangalheiro, reivindicada por ele em reportagens. “Na inauguração, o mesmo ‘senhor’ discursou e nem em meu nome falaram. Há pessoas que ficam fazendo papel de secretário, de vereador. Não sei o que está acontecendo nesse governo, que os de dentro estão ficando fora e os de fora estão dentro”, declarou.
O presidente da Câmara, vereador Catulé (PRB), disse que os vereadores podem contar com apoio da Presidência da Casa. “Ouço de muitos que ficam se roendo, só por dentro, e não entendem que o lugar é esse para se falar. Pela minha experiência, essa marcha pode virar um mar de fogo, por causa dos que estão aqui dentro, se preparando para voltar, e os que estão lá fora se preparando para chegar, alguns com decência e outros sem. Temos que fazer com que os setores da prefeitura saibam respeitar essa Casa, porque todos os secretários sabem quantos vereadores tem aqui”, afirmou.
Mário Assunção (PPS) reforçou o pronunciamento de Catulé, explicando que a campanha para as próximas eleições municipais se inicia de forma difamatória. “Esse rapaz coordena um órgão da prefeitura, e podemos ir lá saber se ele está dando expediente. Acho que ele não tem que estar em estrada gravando vídeo para denunciar, mas sim cuidando do seu setor”, acrescentou.
Magno Magalhães (PSD), por sua vez, lembrou que foi um dos primeiros vereadores na nova legislatura a denunciar que havia secretários que precisavam fazer curso de boas maneiras. “Parece que enquanto o legislativo quer levar o município para frente, existem segmentos dentro do governo fazendo com que o governo seja difamado pelo próprio governo. Nenhum vereador faz obras, ele legisla e fiscaliza o executivo. Temos uma luta fratricida no poder”, destacou.
Durval Júnior (PSB), outro que se pronunciou, pediu apuração do fato. Segundo ele, desvio de finalidade em órgão público é crime. “Esse discurso não é para atacar o prefeito, mas para que ele cuide da base que o apoia”, ressaltou.
Por fim, até oposição também se manifestou, com a vereadora Thaís Coutinho (PSB) parabenizando a discussão, e também cobrando respeito à Câmara. TC disse que, apesar de ser oposição ao prefeito, está junto com os colegas de parlamento.
Mais ácido e crítico em sua colocação, o também oposicionista Edilson Martins (PSDB) ressaltou que “a situação, no caso que o Neto do Sindicato falou, é toda de concordância do prefeito, que não respeita nem os vereadores da base”, provocou.
Até o fechamento da coluna, nenhum comunicado oficial da parte do prefeito chegou a ser emitido. Mas Cabeludo, que foi vereador por muitos anos antes de ser prefeito, sabe muito bem a dor de quem recebe um pisão nos calos, sobretudo quando o caso é o de invasão de redutos eleitorais conquistados duramente. Ninguém acredita que ele esteja por trás desse tipo de manobra dentro de sua coligação, até porque os envolvidos, em sua grande maioria, mesmo considerando-se o direito que tem de conquistar espaço na política, não possuem o lastro eleitoral de nenhum vereador sacramentado nas urnas, sequer dos suplentes.
Mas, olhando o problema de um ângulo mais alto, parece que já se tem em Caxias a mesma postura e comportamento dos apoiadores do presidente Bolsonaro, que ora lhes criam todo tipo embaraços com os militares que estão no governo federal e são os grandes avalistas de sua eleição. As redes sociais funcionam como rinhas nessa espécie de vale-tudo que cresce por todo o país, mas ainda sem mostrar resultados que vislumbrem qualquer tipo de melhoria concreta para a vida e o bem-estar da população. Mas, enfim, são as novidades da política local, para o momento. Uma luta renhida, difícil de ser compartilhada por quem a vê com amadorismo.
Na quarta-feira, 8, um novo ingrediente entrou na panela do cozidão que está sendo preparado no Paço Municipal. Notícia divulgada pelo dublê de radialista e jornalista John Cutrim, em São Luís, deu conta de que o ex-prefeito e ex-deputado Paulo Marinho pode a vir disputar a Prefeitura de Caxias. Paulo Marinho Júnior, filho do ex-prefeito, hoje é figura de proa na aliança com o prefeito Fábio Gentil. Então, um posicionamento desse tipo demonstra que a chefia do clã Marinho já não apoia a reeleição de FG.
Conforme revelação de Cutrim, textualmente PM disse o seguinte nas redes sociais: “Caminhando pela cidade, tenho sido insistentemente indagado sobre candidatura. Devo dizer que, por enquanto, cogito cuidar do parque ambiental que tento construir para conscientizar as pessoas da importância de preservarmos a natureza e as futuras gerações. Nada impede, entretanto que, se os Caxienses de bem desejarem, eu volte à política e dispute a Prefeitura da Cidade que amo e cuidei com esmero e muito carinho. Poderei também ajudar a quem assuma compromissos com o desenvolvimento e a melhoria da cidade, pois essa é a razão maior do processo político”.
Pelo que se extrai do conteúdo da nota, PM deixa claro um rompimento com a aliança do filho, e suscita ilações de que poderá sair também candidato a vereador e apoiar um outro candidato a prefeito. Realmente, verdadeira luta fratricida está em curso na aliança que hoje governa o município, através de brigas que se sucedem ora no núcleo duro do poder, ora na periferia. É uma novela que se processa em ritmo de folhetim, a qual, forçosamente, dá-nos a impressão que terá final dramático.
Mortes na UPA, lixo, aterro sanitário
A líder da oposição, Thaís Coutinho subiu à tribuna, na sessão de segunda-feira , para manter suas últimas denúncias sobre óbitos ocorridos na Unidade Municipal de Pronto Atendimento (UPA) Médico, no bairro Pirajá.
Em momento anterior, a vereadora usara as redes sociais na semana passada para reclamar sobre uma falta de energia elétrica na UPA, onde o gerador da unidade de saúde não teria funcionado e, com isso, problemas graves foram registrados na unidade de emergência do município. “A ala vermelha ficou sem energia e isso é inadmissível, porque mexe com vidas. Coincidentemente, cerca de 24 horas após o ocorrido, seis pacientes faleceram”, afirmou. Segundo a vereadora, a média de mortes na UPA é de uma pessoa por dia. Em 2017, foram 316 óbitos e, em 2018, 304.
Em contraposição a TC, fazendo aparte, Darlan Almeida questionou os dados levantados pela vereadora. “Se em 2018, foram 300 pessoas, a média por mês é de 25 mortes, o que não dá nem uma morte por dia. Muitas vezes são números fictícios. No acidente de uma van no Baú, por exemplo, onde sete pessoas faleceram no local, quem deu o atestado de óbito foi a UPA”, comentou o vereador.
Thaís repudiou um médico que foi às redes sociais desmentir as mortes na UPA. “O que eu vou dizer para as famílias enlutadas? Vou conversar com o meu grupo para saber se entro com representação contra esse médico”, acrescentou. A parlamentar, bem como o vereador Edilson Martins (PSDB), defendeu que a Comissão de Saúde da Câmara deve averiguar o caso.
Por outro lado, fazendo também aparte à vereadora, o vereador Repórter Puliça (PRB) apresentou reclamações de garis sobre a coleta do lixo hospitalar na UPA, onde o material estaria sendo descartado de maneira errada. Puliça recebeu apoio de Magno Magalhães, que em aparte também lembrou a sua luta pela criação do aterro sanitário e disse se tratar de “uma denúncia gravíssima de saúde pública, que vem desde outras gestões, dada por profissionais do governo, e que deve ser apurada”, lembrou.
Finalizando o seu discurso, a líder da oposição denunciou ainda uma suposta dívida da Secretaria de Saúde. Segundo ela, de mais de R$ 8 milhões junto a fornecedores de medicamentos e sucateamento de aparelhos no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Alema
No plano estadual, a classe política de Caxias e os maranhenses assistiram na manhã de segunda-feira à recondução do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB). O presidente da Alema, que já houvera sido eleito para o biênio 2019/2020, agora tratou também de se garantir para mais um biênio: 2021/2022.
A deputada caxiense, Cleide Coutinho (PDT), foi mantida na segunda secretaria da Mesa Diretora da Alema. O cargo é importante, representativo, porque lhe oferece condições de flutuar na esfera do poder rangedor, caso tenha interesse em entrar no jogo para reconquistar o poder que foi do líder Humberto Coutinho, seu marido.
Aplausos
- Para a Secretaria Municipal de Infraestrutura, que deu início, com a diminuição das chuvas, a amplo serviço de recuperação de ruas e avenidas da cidade. Louvável também o trabalho de ampliação de estacionamento para veículos no perímetro do Mercado Central, diante do Hospital Municipal da Criança.
- Ao pessoal técnico e aos trabalhadores das obras do futuro “Shopping da Gente “Comendador Alderico Silva”, cujo serviço entrou em fase avançada e já permite que se vislumbre os contornos do futuro mercado dos camelôs, erguido pela Prefeitura na avenida Otávio Passos.
Vaias
- Para a fiscalização do trânsito no perímetro central de Caxias, onde os motoqueiros ocupam todos os espaços, inclusive os reservados para automóveis, dificultando a vida dos motoristas.
- Para os sujões que continuam a emporcalhar a cidade com o lixo que tiram de suas casas e atiram nas proximidades de praças e escolas públicas, sem dar a mínima importância ao serviço de limpeza da prefeitura, que se esforça para manter Caxias limpa.
- Para os cruzamentos ferroviários da cidade, cuja transposição arrebenta as suspensões de veículos.
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