A exemplo do que está ocorrendo na grande maioria das cidades pequenas e médias do país, Caxias, que segundo dados do IBGE/2016 tem cerca de 165 mil habitantes, também está passando por graves e sérios problemas de trânsito, sobretudo em decorrência do volume de veículos licenciados na região. Em 2016, o município já atingira mais de 50 mil veículos, dos quais, mais de 31 mil correspondiam a motocicletas. A estatística deve ter crescido, à altura deste mês de março de 2019. Com uma frota em tal dimensão, e em franco crescimento, dá para imaginar o quanto é caótica a circulação dentro de uma cidade histórica e de ruas estreitas, como é o caso da Princesa do Sertão Maranhense.
No afã de conter, ou melhor, de disciplinar a condução de veículos na cidade, a prefeitura se esforça para encontrar configurações que se adequem às peculiaridades locais. A última iniciativa (que não é de agora e vem de gestão passada), é a ampliação do número de obstáculos horizontais (lombadas), construídos largos, porém mais baixos, nas principais vias do perímetro central de Caxias. Não há dúvida de que a ação contempla melhor os pedestres, pois lhes dá mais tempo para cruzarem ruas e avenidas com segurança. Não obstante, a ação não é de todo absorvida pelos condutores, em razão de se constituírem em mais um obstáculo integrante da vasta cadeia de lombadas em que foi transformado o sistema viário de Caxias.
Anos atrás, a introdução de lombadas e tartarugas foi a solução mais viável que o poder público oferecia, sem comprometer a capacidade de investimento do município. Mas, agora, a realidade é que ninguém aguenta mais transpor tantas paradas. Em suma, está muito chato dirigir em Caxias. Por toda a parte, em razão da quantidade de atrapalhos, prevalece uma lentidão que incomoda e estressa as pessoas, e os veículos são levados a manutenções frequentes, que ferem a capacidade orçamentária dos contribuintes. O ideal era que esse tipo de artifício nem existisse mais, que os condutores e pedestres fossem educados e a cidade tivesse sinalização e fiscalização em modo digital programável, já utilizado em muitas cidades, que é muito mais eficiente e educativa. Mas, enfim, convivemos em uma época de competição frenética, em todos os níveis, e, aí, temos que achar brechas para sobreviver.
Para começar a equacionar a demanda, está óbvio que é preciso que se exerça um controle maior sobre o tráfego. Nos horários de pico, por exemplo, uma presença mais efetiva de agentes de trânsito nos cruzamentos, para, com isso, evitar-se congestionamentos, uma vez que a rede semáforos mostra-se mal dimensionada e isso irrita e descontrola os condutores, levando-os a cometer ilícitos e mesmo provocar acidentes. Esse mesmo pessoal poderia estar mais presente também diante de muitos colégios onde é grande a presença de veículos na hora de encerramento dos turnos de aulas. Atualmente, esse é o momento em que vemos mais congestionamento nas ruas.
Em outra vertente de ação, uma campanha institucional, versando sobre a problemática do trânsito, propondo melhorias e a adoção de mudanças comportamentais, daria continuidade ao processo de maior interação com o público, no interesse maior de organizar a circulação na cidade. Depois, mostra-se imperativo abrir novas avenidas, reorganizar e prover novos acessos e fazer uso de fiscalização. Multar, se for preciso, porque parece que nós, caxienses, somos iguais a todos os demais brasileiros: só aprendemos com arrocho, sofrimento, levando prejuízo e sendo obrigados a pagar os erros com dinheiro do próprio bolso.
Por outro lado, observando-se a situação do pedestre, assistimos como ele sofre, ou melhor, sobrevive, praticamente palmilhando um espaço para pôr os pés. Não é o caso de faltarem calçadas e passeios. Os dois até que existem por toda a cidade, mas sem espaço para o transeunte, devido ao estado precário dessas vias ou porque simplesmente não podem caminhar sem o arremedo de um tropeço ou queda perigosa, face à desordenação na padronagem das calçadas. Outro empecilho relevante são as entradas de garagem, que são construídas em proporções tão absurdas, ao ponto de praticamente jogarem as pessoas nas ruas, onde irão colocar a própria vida em risco. Imagine todo esse quadro do ponto de vista das pessoas que tem dificuldade de locomoção.
Talvez por causa de certa leniência do poder público em fiscalizar a padronização das calçadas de Caxias, coisa que não é de agora, tem-se a impressão de que esses passeios existem mais para atenderem aos interesses dos proprietários de residências e de comerciantes, que se acham donos de um espaço comum ao bem de todos, conforme assinala o Código de Posturas do Município (Lei Nº 2.310/2016).
Outro fator que colabora para complicar ainda mais o cenário caótico no centro de Caxias é a presença maçica do vendedor ambulante. Nada temos contra esse meio de vida. Afinal de contas, muitas pessoas têm a atividade como única maneira de sobreviver com dignidade. Entretanto, a gestão municipal tem o dever e a responsabilidade de equacionar urgentemente o problema. Praticamente todo o entorno da Praça Cândido Mendes (Matriz), calçadão da rua Afonso Cunha e ao longo da avenida Getúlio Vargas, a forte presença de vendedores de todos tipos de gêneros faz com que os transeuntes, mais uma vez, só tenham a rua para caminhar.
O Shopping do Cidadão, que está sendo construído na avenida Otávio Passos para abrigar com conforto os vendedores ambulantes que trabalham no centro, decerto trará alívio para a situação. Contudo, é importante exigir-se fiscalização severa que impeça a presença de novos empreendedores, certamente atentos às vagas que surgirão nos espaços que ficarão livres da atividade. Se a intenção foi copiar o modelo implantado em Teresina, onde a ação da prefeitura realmente “limpou” todo o centro da “Cidade Verde”, acho que a iniciativa chega por aqui em boa hora.
O prefeito Fábio Gentil, em que pese governar em um período de escassos investimentos, dada a combalida conjuntura econômica vivenciada no país, tem pela frente muitas demandas que exigem tarefa hercúlea para solucionar. Que não lhe faltem coragem e também apoio da classe política que ora representa Caxias nas três esferas de poder.
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