Caxias-MA 25/11/2024 13:50

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Novo cenário em gestação?!


Para o cronista, não há terreno mais fértil para lavrar do que o da política, porque sempre repleto de novidades e de mudanças estonteantes, a todo dia, a toda hora, a todo minuto, em frações de segundo. A se confirmarem as notícias dos últimos dias, dando como certa a renúncia do vice-prefeito Paulo Marinho Júnior ao cargo no próximo mês de fevereiro, para assumir mandato na Câmara Federal, situação que é possível porque ele se encontra em condição de suplência, a vaga de vice-prefeito estaria vaga em Caxias, abrindo possibilidades para outros atores adentrarem ao palco de nova peça em gestação.

Antes de tudo, é necessário haver ponderação para o alcance que tal mudança implicaria na vida política do município. Em primeiro lugar, isso não quer dizer imediatamente que o presidente da Câmara Municipal de Caxias, vereador Catulé (PRB), possa vir a ocupar o posto, consequentemente se afastando do comando do parlamento municipal. A vaga de vice-prefeito ficaria aberta, mas Catulé só poderá substituir interinamente o próprio prefeito Fábio Gentil, caso este tenha que se afastar constitucionalmente do cargo, por motivo de doença, viagem ao exterior etc.

Em fevereiro que vem, Paulo Marinho Júnior (e) pode renunciar e permitir que Catulé (c) assuma a prefeitura com o apoio de Fábio e Zé Gentil.

Contudo, foi só a notícia se espalhar nas mídias e imediatamente começaram a ser tecidas as mais variadas ilações a respeito, inclusive trazendo à baila legítimas aspirações ao cargo, por quem se considera em posição de ocupar o lugar na chapa oficial do governo que disputará o pleito municipal em outubro deste ano. O secretário municipal do Trabalho, Fauze Simão, é um dos concorrentes a essa vaga. Outro é o deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB), no caso, através de sua esposa, a vereadora licenciada do PCdoB, Aureamélia Soares, hoje dirigente da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres.

Não há dúvidas de que os dois nomes teriam condições de colocar em jogo uma disputa doméstica interessante. Contudo, isso somente teria sentido caso PMJ estivesse garantido na Câmara Federal até o fim do mandato, uma vez que já se sabe que, no máximo, ele terá seis meses de atuação em Brasília, os quais pretende aproveitar para carrear recursos e investimentos para Caxias, voltando a tempo de participar da campanha eleitoral ao lado de Fábio Gentil.

Dono de votação expressiva e, como tal, sendo hoje o fiel da balança da eleição majoritária caxiense, Paulinho pode se dar ao luxo de lançar-se nessa empreitada que para muitos significaria uma aventura política. O rapaz, entretanto, parece demonstrar que está cansado de ser apenas coadjuvante na política de Caxias, daí a sua ousadia em deixar o seu atual partido, o PV, para aliar-se ao PL comandado pela forte liderança do deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), o atual campeão de votos nas disputas eleitorais do Maranhão, e disposto, ele mesmo, a ceder três meses de seu mandato para o jovem caxiense representante da família Marinho, assim como garantir-lhe mais outros três, dentro a base parlamentar que segue a sua orientação.

Concretizada toda essa operação política, é possível vislumbrar-se o caminho que Fábio Gentil e Paulo Marinho Júnior terão pela frente em suas vidas. FG, que caso seja reeleito, depois pretende voar para extratos mais altos, tem que aliar-se a grupos políticos capazes de oferecer-lhe a maior amplitude eleitoral possível, fora do espectro atualmente estabelecido no Estado, e aí poderia utilizar PMJ como vereda de acesso, que, por sua vez, herdaria a condição de, finalmente, pleitear a cadeira do Paço Municipal Francisco Raimundo Vilanova, na praça do Panteon. Afinados, como demonstram que estão, os dois seguiriam atrelados ao contexto de uma aliança realmente sólida e duradoura para conduzir o poder no município por muitos anos.

Oposição não convence

Em contrapartida, o grupo de pessoas que se coloca como oposição à aliança Gentil/Marinho parece que não dispõe de meios de convencimento para fazer o eleitorado mudar de opinião, em relação aos primeiros. Considerados como os mais fortes desse nicho, a família Coutinho segue indefinida em relação ao nome que disputará a eleição majoritária de Caxias. Essa indefinição, no entanto, começa a ganhar um peso negativo e a evidenciar que o grupo está sem rumo político ou não tem mais aspirações para se manter no lugar duramente conquistado por seu saudoso líder, o ex-presidente da Assembléia Estadual, Humberto Coutinho.

Essa espécie de onda vacilante já está produzindo efeitos nefastos para o clã. Talvez em razão disso, caiu como uma bomba no seio do grupo a notícia do rompimento que acontecera entre o prefeito de Matões, Ferdinando Coutinho (PSB), e o seu principal apoiador no projeto de reeleição para o município vizinho, Rubens Pereira (PCdoB), juntos na foto acima.

Quer dizer: numa demonstração de que se ressente da insubstituível (ao que parece) liderança de Humberto Coutinho, arregimentada durante anos, o clã vivencia uma postura que está levando até seus mais fieis aliados a procurarem novos rumos. Afinal de contas, quem é do ramo sabe que política, pelo menos em solo brasileiro, não se sustenta sem respeito mútuo entre os apoiadores, compromissos honrados, em suma, ações que resultem em benefícios para todos que se alinhem sob determinada bandeira, aquilo que popularmente é chamado de “Toma lá... Dá cá!”.

Vendo as coisas por esse ângulo, ninguém tem condições de macular o caráter do atual prefeito de Matões, pois todos que o conhecem sabem que é um homem muito pragmático em suas posições, assim como sustenta sua palavra e os acordos que faz. Mas, como em política tudo se movimenta, se renova, principalmente depois de certas tempestades, Ferdinando Coutinho não está só em sua empreitada de manter-se Prefeito de Matões. O Presidente Estadual do Solidariedade, atual Secretário de Indústria, Comércio e Energia do governo Flávio Dino, Simplício Araújo, iniciou conversas com o grupo político de Grandão e deve filiá-lo nos próximos dias.

Simplício diz que Ferdinando Coutinho é da base que elegeu o governador Flavio Dino, aliado leal, importante e de primeira hora, “uma pessoa que devemos ter a devida atenção e dar todo apoio, o prefeito engrandecerá o Solidariedade no município e terá apoio total para avançar com seu projeto político”, ressaltou. Para ampliar a investida do SD no Estado, o secretário levou na semana passada o juiz aposentado Carlos Madeira para um encontro com Flávio Dino, no qual o magistrado foi colocado à disposição para disputar a Prefeitura de São Luís pelo grupo do governador, numa demonstração evidente, ao que parece, que o deputado federal licenciado Rubens Pereira Jr. (PCdoB) não está conseguindo aparecer nas pesquisas que vêm sendo feitas na Ilha do Amor.

Portanto, o gesto do ex-deputado Rubens Pereira, em verdade um antigo adversário da família Coutinho na região, que se aliou numa aliança pontual com Ferdinando Coutinho em Matões, pode produzir consequências imprevisíveis e repercutir até na base de sustentação do governador Flávio Dino, que é historicamente ligado à família Coutinho, da qual sempre recebeu maciço apoio tanto em Caxias quanto em Matões. 

No momento ligado a uma assessoria na Assembleia Legislativa do Maranhão, Rubens Pereira é uma espécie de fiador e tutor da pré-campanha eleitoral de Rubens Júnior, seu filho e atual ocupante da Secretaria de Estado das Cidades. O secretário das Cidades é o nome que o governador conduz no bolso para disputar em outubro a Prefeitura de São Luís, daí o porquê de ninguém estar entendendo como é possível Rubens Pereira buscar tanta unidade em torno do nome do filho na capital e, ao mesmo tempo, fragilizar a base do governador que o apoia abertamente, no interior.

É viável supor que Rubens Pereira queira preservar sua força política, na hipótese da eleição do filho não se concretizar em São Luís, e assim, para não desaparecer do cenário, cuida de impedir a reeleição de Ferdinando Coutinho e, dizem, já se aproxima dos antigos desafetos de Matões, a família Tenório (Gabriel Tenório), obviamente com a intenção de fechar um acordo em que apresentaria como cabeça de chapa sua mulher, a suplente do senador e ex-prefeita Sueli Pereira.

Agora, saber se esse tempero vai dar certo para ganhar de Ferdinando, cuja vitória é de importância fundamental para manter os Coutinho no jogo, o resultado é imprevisível, considerando-se que Grandão vai tentar a reeleição com as chaves dos cofres da Prefeitura de Matões. Enquanto isso, o prefeito Fábio Gentil recebeu Gabriel Tenório em seu gabinete, no meio da semana, garantindo-lhe o apoio necessário para a eleição de Outubro, em Matões. O gesto é uma resposta ao apoio que Tenório dispensou ao deputado estadual Zé Gentil nas últimas eleições proporcionais da região. 

Talvez essa indisposição com a família Pereira, que parece incontornável pelo número de aliados e de assessores que estão tomando posição, de um lado ou de outro, na aliança, sirva para fazer o clã Coutinho despertar da letargia em que se recolheu nos últimos meses, e fazê-lo tomar, enfim, uma posição que lhe dê condições de sobreviver e de se recuperar para o futuro, já que está muito difícil desbancar a dupla Fábio Gentil/Paulinho Marinho, atualmente.

Não foi à toa que, pressentindo algo do gênero, o governador Flávio Dino recomendou ano passado a união de todos os seus aliados de Caxias em torno de um nome capaz de vencer a próxima eleição, insistindo principalmente que os Coutinho se aliassem aos Gentil.

César Sabá, Luís Carlos Moura, e os professores Arimatéa e Arnaldo Rodrigues também mostram disposição para concorrer à eleição de Prefeito de Caxias, no próximo mês de outubro.

Quanto aos demais nomes que se aglutinam no bloco de aposição, o jovem César Sabá (MDB) aguarda com ansiedade o evento que reunirá a cúpula estadual do seu partido em Caxias, à frente o ex-senador e ex-governador João Alberto de Sousa, quando terá seu nome oficialmente lançado para disputar majoritariamente o pleito. No meio da semana, o advogado Luís Carlos Moura, presidente do PSL local, ocupou espaço no Sistema Veneza de Comunicação, e confirmou que oferecerá seu nome para disputar o cargo de prefeito, dividindo as intenções de voto do partido com o professor Arimatéa, que antes já se manifestara com a mesma disposição. Outro pretendente é o professor Arnaldo Rodrigues, pelo PSOL.

Ao contrário do que está acontecendo em Codó, distante cerca de 88 quilômetros de Caxias, onde já chega a dez a quantidade de postulantes para disputar com o prefeito Francisco Nagib, aqui em Caxias, somente os quatro citados, mais o professor Arnaldo, pelo PSOL, mantém ainda alguma disposição para enfrentar o tsunami alimentado pelo atual ocupante do poder.

Como que reconhecendo que não há força capaz de desbancar o irrefreável crescimento da imagem do prefeito Fábio Gentil, praticamente atrelada a tudo que acontece na cidade, resta aos opositores aliarem-se aos reclamos de certos segmentos da população, a exemplo dos professores da educação básica, que batalham para receberem um prometido abono salarial, ou ao restante dos concursados selecionados que aguardam convocação, na esperança de merecer algum conceito positivo para futuros embates políticos.

Como os dois problemas citados devem ser resolvidos pela prefeitura nos próximos dias, pouco restará de munição para uma luta com alguma chance de sucesso contra a atual gestão. E assim, o município vai para um processo eleitoral inusitado, talvez único em toda sua história, no qual o poder constituído caminha para reeleger-se livre de qualquer ameaça em sua legítima pretensão. 

A coluna abre espaço para um caxiense que vem se destacando no trabalho que faz em prol do desenvolvimento e divulgação do Maranhão no mundo dos negócios. O secretário de Estado do Turismo, o caxiense Catulé Júnior, ao centro, que, entre os dias 13 e 14 janeiro, recepcionou comitiva do governo federal e investidores estrangeiros para apresentar oportunidades de negócios na área do turismo nas regiões de Tutóia, Atins e Barreirinhas.

A comitiva liderada pelo arquiteto dinamarquês Bjarke Ingels, que é reconhecido mundialmente pelos projetos com conceito sustentável, ressalta que a biodiversidade brasileira e a diversidade cultural habilitam o País a receber um de seus trabalhos.

O secretário Catulé Júnior ressaltou o potencial dos municípios da rota das emoções para esse negócio. “Paisagens paradisíacas, vontade governamental e parceria com o trade turístico são pontos de destaque. Nosso Maranhão seguirá na moda com parcerias e investimentos de peso” afirmou o gestor estadual. Enfim, nosso Maranhão começa a abrir-se efetivamente para os investimentos da área turística, capazes de gerar muitos emprego e renda para as populações das áreas escolhidas, após décadas de atraso de aplicação de uma política que já é sucesso em toda região  do nordeste brasileiro.


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