Caxias chegou ao período natalino efervescente. O clima é festivo, motivado pelos momentos de confraternizações que pululam por toda a cidade e também na zona rural. Com o funcionalismo pago em dia, segunda parcela do 13º salário depositados no último dia 10, no dia 20 Câmara e Prefeitura abasteceram as contas de seus servidores com o salário de dezembro, sem falar que o Governo do Maranhão, fez chegar também a segunda parcela do décimo-terceiro salário oito dias atrás, há muito dinheiro correndo no município, movimentação que abre um tímido sorriso na cara dos comerciantes locais, via de regra apavorados com o fantasma da crise econômica que insiste em pairar sobre o país. Alta do dólar, valor do quilo de carne bovina em elevação, preço da gasolina e óleo diesel subindo, são ingredientes indigestos para o dia-a-dia em que vivem as pessoas comuns e que não entendem muito de economia.
Ora, mas se o poder público está fazendo a sua parte, investiu maciçamente em ornamentação, neste mês de dezembro, para deixar as noites da Princesa do Sertão mais bonitas e atraentes para as festas do fim de ano, criando um clima especial bastante atrativo para o turismo, fator que costuma agregar dinheiro, porque o comércio local não está plenamente satisfeito com os negócios em nossa região? A resposta, simples e incontestável, é que Caxias vive há muito tempo apenas dos recursos que provém dos cofres do tesouro municipal, uma grana que chega aos bolsos apenas de trinta a quarenta por cento da sua população atual de 165 mil habitantes, segundo dados do IBGE. Por isso, nosso município não aparece entre os seis que mais contribuíram na composição do PIB do Maranhão.
A culpa é da gestão atual? O prefeito Fábio Gentil (PRTB) pode ser responsabilizado por essa espécie de inércia econômica em Caxias? Claro que não! Ele somente herdou uma conjuntura que foi criada e vem crescendo no espaço de uma década, quando a administração do município perdeu a viagem no trem da economia que os governos do Lula proporcionaram a todo país. Essa constatação vem do comentário de um caxiense, ao analisar o estado de decrepitude em que nosso município foi lançado, e evidenciando a falta de visão progressista das gestões comandadas pela família Coutinho. Como o trabalho do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (IMESC) baseia-se no PIB de 2017, a justificativa encontra o amparo necessário para manter-se na superfície das razões que nos conduziram à estagnação econômica.
Com divulgação chancelada por publicação do IBGE, em dezembro de 2017, São Luís (33,21%), Imperatriz (7,37%), Balsas (3,40%), Açailândia (2,46%), São José de Ribamar (2,23%) e Timon (2,01%) somam juntos 50,68% de tudo o que foi produzido no Maranhão. Caxias aparece com algum destaque apenas no setor Terciário (Comércio e Serviços), que, apesar disso, ainda perde para São Luís (30,97%), Imperatriz (7,21%), Balsas (3,10%), São José de Ribamar (2,72%) e Timon (2,31%). Caxias (2,24%) ganha apenas de Açailândia (1,93%).
Por isso, 2020, e mais ainda, 2022, serão anos fundamentais para um trabalho de recuperação econômica para Caxias, e tudo se alicerça na força que nossa classe política possa demonstrar, no sentido de arregimentar investimentos para dentro da economia local. No momento, começa a fazer sentido a ideia do município sediar um porto seco, iniciativa que, sem dúvida, tem o condão de fazer renascer nossas esperanças de retomada da economia perdida. Por outro lado, ninguém entende o por quê de Caxias desprezar o desenvolvimento agrícola de cultivo de frutas, quando tem-se água abundante na região e modelos de sucesso para copiar, a exemplo das práticas de cultivo experimentadas com sucesso no vale do Rio São Francisco e no vizinho Piauí.
Na última sessão do ano, na Câmara Municipal, mesmo fazendo um balanço positivo da atuação dos vereadores caxienses em 2019, que votaram 380 proposições em favor da comunidade, as quais, somadas às 1.282 votadas em 2017 e 2018, perfazem um total de 1.662 matérias aprovadas até esse momento da 18ª Legislatura da CMC, o vereador Catulé (PRB), presidente da casa, disse que Caxias está estagnada porque lhe falta representatividade política.
Nas linhas abaixo, a transcrição, na íntegra, do discurso do presidente Catulé (foto). Que o leitor tire suas conclusões acerca das coisas que estão fazendo Caxias crescer como rabo de cavalo.
“Vereadores do passado, e alguns que ainda estão aqui nesta Casa, participamos de bons tempos, quando nossa cidade tinha a representação mais forte do Maranhão, principalmente no Congresso Nacional, quando nada atingia o Município de Caxias. E hoje eu vejo, a cada instante, a cada momento, a nossa cidade diminuir em relação à representatividade. Se nós não temos uma representatividade boa, na Câmara Federal e no Senado, isso diminui a cada dia a nossa cidade”, explicou.
E, continuando: “Vou dar um exemplo: aqui nós tínhamos uma Delegacia da Receita Federal, que hoje é um posto da receita Federal. Se a pessoa entrar na malha fina, por exemplo, não resolve nada por aqui, tem que ir para São Luís; o Ministério do Trabalho, que tinha uma delegacia, hoje é só uma porta, que ninguém nem sabe onde é que fica. De modo que, um dissídio coletivo, um acordo trabalhista, agora é resolvido em Codó. Nós tínhamos uma representação da Ministério da Agricultura, mas ela foi embora há uns vinte anos; e agora, o INSS, o Corpo de Bombeiros interditou, porque senão ia ser pior, e agora está lá numa mesa de tabique dentro do shopping, e eu não vi nenhum pronunciamento das nossas representações políticas, estadual ou federal. Aqui, a nossa receita estadual, que era uma delegacia, agora é um posto; a Cemar era uma diretoria regional, mas foi mudada para Timon. E já tenho notícia que o DNIT, há 60 anos instalado em Caxias, também está se mudando para Timon, e não sei as razões”.
E mais: “De sorte, que eu não entendo o que está acontecendo com a cidade que eu considero mais importante do interior do Estado do Maranhão. Porque nossa cidade tem história, tem nome, e tinha representações políticas. Os bancos federais, inclusive o Banco do Nordeste, um banco de fomento, hoje só quer saber de consignado; não se financia mais a agricultura, não se financia mais nada. Na Caixa Econômica, a fila começa na porta, atravessa e passa pelo Banco do Brasil. Fila grande, porque o prédio, quando foi feito, a cidade tinha 60 mil habitantes, e hoje tem 180 mil habitantes. Na área da saúde, nós tínhamos a Funasa, que cuidava de todas as doenças tropicais, mas acabou.
E concluindo: “Enfim, nós estamos fracos de representação e de quadros também. Não tínhamos dificuldades para escolher um quadro para a Câmara, para a Assembleia Legislativa e para o Congresso Nacional, e agora nós temos quadro para nada, coisa nenhuma. Nós estamos assistindo tudo acontecer de boca calada. Todo mundo fica com medo de atingir a, b ou c. Felizmente, nós estamos assistindo a justiça ser mais célere em nosso país, apurando os escândalos. De sorte que, entre mortos e feridos, esta casa produziu. E eu espero, mesmo depois da nossa volta do recesso, em fevereiro, que a gente, mesmo com o período eleitoral, comece a dar resposta a essa sociedade que nos empresta sua voz para representá-la”.
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