Caxias-MA 25/11/2024 16:47

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Abalos no final do ano


Quando tudo parece caminhar bem, de repente surgem imprevistos que passa a dar outro viés à estória.  Assim é a vida no meio político.  Surfando em alta onda de popularidade, pelo menos do ponto de vista midiático, o prefeito Fábio Gentil (PRTB), não se sabe se por descuido dele próprio ou de sua assessoria, passou a nadar em marolas de maré baixa, com a peculiaridade de conviver com situações desagradáveis em seu governo.

Não bastassem as muitas denúncias que a população vem fazendo diariamente nas redes sociais e nos veículos de comunicação contra o precário atendimento nas unidades de saúde do município, nesse momento dois outros casos chamam a atenção de quem incursiona pelos bastidores da nossa política: depois de três anos no governo, e com promessa feita, os professores da rede municipal de Educação ainda não viram a cor do que seria um gordo abono salarial prometido por Cabeludo; recentemente, músicos caxienses protestando contra a exclusão da classe nas festividades de fim de ano (Natal Iluminado etc) patrocinadas pela prefeitura, em detrimento da preferência que a gestão faz pela contratação de artistas de fora.

Em relação aos artistas locais preteridos, parece que o constrangimento maior não se deu simplesmente por uma questão de escolha pessoal do secretário de Cultura Arthur Quirino, que obviamente é o encarregado de planejar a organização das festas. Prova disso é que os artistas nativos chegaram até a assinar contrato de trabalho, para depois, em outra reunião, serem cientificados que seus documentos já não valiam nada e iam para a lata de lixo. Dá para imaginar a cena. A turma simplesmente foi da estupefação a acesso de raiva, inicialmente contra Quirino, é claro, para depois, desarmados os ânimos, não terem dúvida de que a ordem veio de mais alto.

Com relação ao pagamento do abono dos professores municipais, assunto preferido dos vereadores de oposição na Câmara, haja vista que era na própria tribuna da casa que o então vereador Fábio Gentil discursava raivosamente contra o ex-prefeito Léo Coutinho, criticando-o por pagar somente mil reais de abono aos professores, com o passar tempo, o tema foi se tornando tão embaraçoso que até o vereador Catulé (PRTB), presidente da CMC e aliado de primeira hora de Cabeludo, não se conteve na sessão da última segunda-feira, 02, ao afirmar que o Poder Legislativo Municipal tem a obrigação de cobrar e saber o por quê de até agora os professores do município não terem recebido seu abono.

Durante a sessão na CMC, Catulé chegou a parabenizar a vereadora Thaís Coutinho (PSB), líder da oposição, pela insistência e coerência em trazer a denúncia ao plenário da casa. “Tem que haver uma explicação, porque sabemos que a prefeitura tem dinheiro para pagar o abono, e vossa excelência está de parabéns por estar nos lembrando que há alguma coisa errada”, disse.

A vida de quem trabalha no poder quase sempre oferece esse tipo de situação. Encasteladas e se sentindo donas de tudo, muitas pessoas acabam por se iludir com outras visões da vida. Economicamente confortáveis em suas posições, acham que estão fazendo o melhor e o mais conveniente, enquanto nas ruas bradam os que passam por necessidades indescritíveis, à espera de um concurso que os levem a também participar dos recursos que chegam pontualmente aos cofres do município, para beneficiar toda a sociedade caxiense.

Graças a protesto geral da classe, assim como dos comerciantes da terra ansiosos para sobreviver à crise econômica que bate à porta de todos os brasileiros, talvez o abono dos professores venha a ser pago até o fim deste mês de dezembro. Quanto aos nossos artistas locais, o que resta a dizer é que talvez foram vítimas de um planejamento fora das previsões econômicas da prefeitura para esse momento, e torcer para que sejam lembrados em outras oportunidades.

Mas, com essa sucessão de abalos, surgem também fatores capazes de azedar ainda mais os humores de quem vive de fazer política, como é caso dos nossos vereadores. Blogs registraram na semana que o ex-deputado federal Paulo Marinho irá apoiar o jovem Teódulo Aragão, assessor da prefeitura, a conseguir uma vaga de vereador nas eleições do próximo ano, nome inclusive com cacife para assumir a presidência da CMC, em razão da sua proximidade com o prefeito.

Assim, se os vereadores da base do governo já andam escabriados com a posição do prefeito Cabeludo, que nada faz para desestimular as iniciativas de assessores “trabalhando” abertamente nas suas bases de sustentação, imagine saberem que por trás de tudo tem aliado pensando em renovação na casa, fazendo por baixo dos panos sombrio clima de vendetta!

Por outro lado, o quadro pré-eleitoral aos poucos se define. Para concorrerem contra a reeleição de Cabeludo, que diz seguir firme com o vice Paulo Marinho Júnior, já estão lançados os candidatos Tino Castro (PRTB) e César Sabá (MDB). Aguarda-se ainda as definições do Grupo Coutinho (Thaís Coutinho ou Júnior Martins), do PSL (professor Arimatéia ou Luís Carlos Moura, além do PSOL, com o professor Arlindo.

Desses concorrentes, seguramente o grupo Coutinho é a agremiação mais forte para disputar com Cabeludo. Tanto que nas coxias ainda é aguardada a palavra final da deputada estadual Cleide Coutinho (PDT), chefe do clã, nome sobre o qual o governador Flávio Dino (PCdoB) não esconde preferência para governar Caxias. E, se ela aceitar, haverá uma desarrumação histórica na política caxiense, aglutinando ao seu lado todos aqueles que hoje já não conseguem esconder insatisfação com o governo da família Gentil. Essa briga boa, no entanto, está restrita à partícula “se”, que no caso soa como uma conjunção condicional da língua portuguesa.

Entretanto, como num abalo sísmico de escala 7 na escala Richter, aquele tipo de terremoto devastador que se alastra para muito além de seu epicentro, destruindo tudo pela frente, outra anomalia neste fim de ano surge por último com a decisão do vice Paulo Marinho Júnior assumir por 120 dias a vaga do deputado Fufuca Mendes (PV), na Câmara Federal.

À essa altura do campeonato, a se confirmar a decisão do vice-prefeito, PMJ terá que renunciar a seu cargo, gesto que pode ser interpretado como seu desejo de se sacrificar para ajudar Caxias, mas significar também que ele tem outros planos para sua vida política na Princesa do Sertão, talvez não mais como coadjuvante na gestão de Fábio Gentil, desfazendo a aliança vitoriosa das últimas eleições municipais.

Comedido, sóbrio e de caráter conciliador, Paulo Marinho Júnior não encontra obstáculos por onde trafega no meio político estadual e brasileiro. Em solenidade recente do governo estadual, quando da entrega de instrumentos musicais doados a Caxias, PMJ posou muito à vontade na companhia do deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB), do secretário da Casa Civil do Estado Marcelo Tavares, e do próprio governador Flávio Dino. Pode até não ter sido nada, um mero protocolo de cortesia na solenidade, porque é o vice-prefeito de Caxias. Mas, em se tratando de política, às vezes é permitido pensar-se que o imponderável também pode acontecer.

Catulé prestigia lançamento do livro "Eu fui advogado de JK" 

De acordo com o ex-governador, JK deixou um legado que marcou a história do pais, uma herança em termos de infraestrutura, democracia e fomento à indústria automobilística nacional. Para Hugo Napoleão, Juscelino Kubitschek foi maior presidente do Brasil, ao lado do ex-presidente Getúlio Vargas. O presidente da Câmara Municipal de Caxias, vereador Catulé (PRB), prestigiou o lançamento do livro “Eu fui advogado de JK”, na quarta-feira, 04, no Salão Nobre da Assembleia Legislativa do Piauí. O autor é o ex-governador do PI, Hugo Napoleão, que conta histórias vividas por ele junto ao ex-presidente Juscelino Kubitschek e fatos jurídicos que marcaram o país.

 Entusiasta e assíduo leitor de literatura política, o vereador Catulé fez a seguinte afirmação sobre o evento: "Hugo Napoleão é um cidadão que não representou só o Piauí, mas também o Brasil, uma vez que ele foi um bom senador, ministro ocupando várias pastas importantes e deu, sem nenhuma sombra de dúvida, um resultado positivo ao Estado do Piauí e ao nosso Estado do Maranhão”. 


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