A união política dos grupos Gentil e Coutinho, que para muitos eram favas contadas até poucos dias atrás, não vai mais acontecer. O fato de estabelecer como premissa a indicação de vice-prefeito na chapa que busca a reeleição do prefeito Fábio Gentil (PRB), a exigência da posse de duas ou mais secretarias na administração e a indicação de dezenas de cargos de destaque na prefeitura, além de uma reacomodação muito difícil da sua base de sustentação, em todos os níveis, ao projeto que estava sendo gestado, acabaram pesando na decisão do chefe do Executivo caxiense de desistir do empreendimento.

Fonte de alto crédito me confidenciou, ou me deixou a pensar, que FG gostaria de ir para as eleições de 2020 sem concorrência, o que é óbvio, se levarmos em conta que uma campanha de embate maior implica em administrar tempo, estrutura de trabalho, pessoas e, principalmente, gastos financeiros elevados. Mas, como não foi possível, o caminho será mesmo ir novamente à luta ao lado dos seus aliados de primeira hora e dos que aderiram posteriormente ao seu governo. Para sacramentar a decisão, já informada à Câmara Municipal na última segunda-feira (23), FG entra de férias no próximo dia 2 de outubro; de sorte que, ao longo de 13 dias, a Prefeitura de Caxias estará sob o comando do vice-prefeito Paulo Marinho Júnior (PP), gesto que dá mais relevo à união dos seus apoiadores.

“Eu aprendi que não troco amizade, mas a gente amplia o círculo de amizade. Eu e o Paulinho temos um compromisso com o povo da cidade de Caxias. Eu confio no Paulinho, e a prova de que estamos juntos e trilhando o mesmo caminho é que ele vai assumir e tenho certeza que ele vai continuar o trabalho. O importante é que estamos juntos pensando no nosso povo, e ele vai conduzir o município com muita competência”, destacou o prefeito, em entrevista.

A decisão do alcaide trouxe paz ao ambiente de incertezas em que havia se transformado à atual gestão, porque estava evidente o descontentamento do grupo com a iniciativa. A turma simplesmente não acreditava que a união com os Coutinho pudesse dar certo. Talvez apenas um fator merecesse certa consideração. No caso, uma aproximação maior com o governador Flávio Dino, que é aliado incondicional da família, e esta, pelo menos em parte, sempre que pode, trata de colocar obstáculos à relação Dino/Gentil. Tem sido assim, por exemplo, através da relação do Hospital Macrorregional de Caxias com a Rede Pública de Saúde do Município.

Do ângulo de visão do governador, a ideia seria agrupar ao máximo as facções políticas do leste maranhense ao seu projeto de governo. Ele deve ter sido fortemente influenciado pela família Pereira, do vizinho município de Matões, que está encontrando dificuldades para permanecer à frente do poder liderado hoje pelo prefeito Ferdinando Coutinho (PSB), que é candidato à reeleição. O adversário a ser batido no território matoense é o jovem Gabriel Tenório (família Tenório Alagoano), nome que cresce e, ainda por cima, correligionário dos Gentil naquele município. Como a família Pereira integra a base de apoio ao governador (o filho do chefe do clã, Rubens Pereira, o deputado federal licenciado Rubens Pereira Júnior (PCdoB), inclusive  dirige atualmente a  Secretaria de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano), talvez daí tenha brotado a semente que ameaçou vingar aqui nas plagas caxienses.

Alguém imaginou que um acordo formal com Fábio Gentil implicaria no isolamento da sua relação com Gabriel Tenório, dificultando as pretensões deste em Matões, que divergem da gestão dinista. E com Tenório enfraquecido, mais vivas ficariam as chances de Ferdinando Coutinho continuar no poder. A pedida, no entanto, foi muito alta, e o jogo acabou antes mesmo que os jogadores mostrassem suas cartas. Passado na casca do alho, com muitos anos de rodagem nas estradas da política, Cabeludo se apercebeu também que em pouco tempo veria seu grupo destruído e os adversários mandando em Matões e já com os dois pés no poder de Caxias. Em suma, não quis arriscar a criação de uma sucuruju para lhe comer.

É acertado pensar que a situação não passou de um flerte que o prefeito não pôde evitar. Muito mais do que descortesia, ignorar a proposta, medi-la em profundidade, poderia abalar as suas relações com o governo estadual, talvez o grande interessado em pacificar os relacionamentos políticos em Caxias. Mas, mesmo levando-se essa avaliação em conta, não dá para afastar a ideia de que o tal casamento poderia ser também uma investida do governador para conter uma aproximação maior dos Gentil com o governo do presidente Jair Bolsonaro.

Batendo em todas as portas à procura de parceiros para investirem em Caxias, nesses tempos de economia estagnada, na companhia do seu pai, deputado estadual Zé Gentil (PRB), e do deputado federal Cléber Verde (PRB), Fábio Gentil já se avistara inclusive com o vice-presidente da República, General Hamilton Mourão, e lhe fez convite para visitar Caxias. Se o general vir mesmo à Princesa do Sertão, é bom que traga na bagagem vestimenta apropriada para receber o título de cidadania caxiense, uma vez que a distinção, partindo do próprio prefeito, conta com apoio suficiente para ser aprovada na Câmara. E o vice-presidente, sem dúvida, pode ser um bom canal para aproximar Caxias diretamente ao governo Bolsonaro.

Mas, com o noivado desfeito, agora, é vida que segue e cada um por si. E, encerrado o episódio, os Coutinho não perderam tempo e já estão em campo para concorrer à Prefeitura de Caxias, contra Fábio Gentil ou qualquer adversário. Para os Coutinho, restou o problema da escolha dos nomes que os liderarão nos embates eleitorais do próximo pleito. Decisão de reunião do grupo nessa última quarta-feira, 25, é a de que o nome sairá até novembro, quando uma pesquisa aferirá quem tem mais condições de disputar a eleição. A vereadora Thaís Coutinho (PSB), o vereador Júnior Martins (PSDB) e o empresário Magno Chaves (SD) estão nessa disputa. Como a primeira não conseguiu unanimidade em sua postulação e a deputada Cleide Coutinho ainda reluta em concorrer, a solução foi partir para uma consulta, estilo copiado dos tempos em que Humberto Coutinho estava à frente do clã.

Enquanto isso, o prefeito segue à frente de eventos na cidade, com o lançamento dos Programas Mais Renda Mulher, ProUni Municipal, Bolsa Família Municipal e Minha Casa é 10, investimentos de natureza social que irão permitir melhorias para os segmentos de mais baixa renda da população. No último fim de semana, esteve ao lado do Ceprama Itinerante, no Morro do Alecrim, em consórcio com a Secretaria de Estado de Turismo, e depois na Romaria da Terra e das Águas, no Parque da Cidade, com a Diocese de Caxias. Nesta quarta-feira, 25, lançou um programa pioneiro, o “Cartão do Servidor”, através do qual os funcionários públicos municipais contratados e efetivos vão poder comprar no comércio local até 30% do valor do salário, com desconto em folha. Será uma maneira de antecipação do salário, por meio de um cartão que não tem pagamento de anuidade.

“Todos os comerciantes podem participar, todos os lojistas, e o cidadão não vai pagar anuidade, vai pagar apenas o consumo. Vamos injetar no município aproximadamente R$ 6 milhões. As pessoas terão entre 30 e 40 dias para pagar e a prefeitura será um elo, o fiador. É a garantia de recebimento para o comerciante porque o desconto será em folha”, disse Fábio Gentil.

Enfim, é assim que o jogo vai se impondo. Mas não são só os Coutinho que  estão no quadro de adversários à próxima eleição. O radialista e empresário César Sabá, o juiz Antonio Manoel Araújo Velozo, o professor Arnaldo Rodrigues (PSOL), o advogado Chico Sousa (PT) - se o partido deixar e acabar a briga pelo diretório municipal -, o PSL caxiense, procuram um bom lugar no contexto das alternativas à disposição do eleitorado.

Com a popularidade em alta, é evidente que Cabeludo está largando na frente, e só um fato novo, bombástico, gestado ao longo do tempo que falta (13 meses) para as eleições de 2020, poderá ameaçar sua liderança.

Refrega interna

Nem tudo, porém, são flores no âmbito da atual gestão da Prefeitura de Caxias. Conversas de bastidores dão conta de que há um clima de beligerância entre os assessores e que, em função disso, por gente se achar prejudicada, muita roupa suja está sendo lavada nas redes sociais.

Para demonstrarem contrariedade a suas pretensões e pressionar a quem de direito, algumas figuras palacianas estariam se valendo de blogs para plantar fakes contra colegas que consideram desafetos.

Em ação recente, uma fonte atacada, que diz estar de posse de certidão judicial que nega sua participação em qualquer ilícito, declarou que já identificou e irá processar a blogueira que lhe fez acusações, muito embora a mesma lhe tenha dado pistas bem visíveis da autoria das informações conta si.

A pujança financeira de uma gestão e a ganância pessoal acima de qualquer projeto político, são dois ingredientes perigosos capazes de incendiar e desorientar todo um trabalho levado a cabo com muito cuidado e o suor do rosto dentro do poder.

Por isso, deixar que as ambições de alguns cresçam e ganhem corpo terá a mesma significação do gesto do bombeiro que assiste impávido, com a sua mangueira carregada de água, ao crescimento de um incêndio sem fazer nada para contê-lo.

Nossa Caxias, a despeito do crescimento urbanístico das últimas décadas, ainda guarda a postura de cidade provinciana, onde todo mundo sabe o que acontece no quintal do vizinho.

Vereadores homenageiam os 30 anos de instalação da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil em Caxias

A Câmara Municipal de Caxias realizou, nesta segunda-feira (23), uma sessão solene em homenagem aos 30 anos de instalação da Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, no Município de Caxias. 

Ocuparam o plenário as seguintes autoridades: presidente da OAB Seccional do Maranhão, Thiago Diaz; presidente da Subseção Caxias, Agostinho Neto; presidente da Caixa de Assistência dos Advogados do Maranhão, Diego Sá; conselheira federal e presidente da Comissão Nacional de Relações Institucionais da OAB Maranhão, Karolina Carvalho; vice-presidente da Comissão de Jovens Advogados da OAB Subseção Caxias, Amanda Glauca; vice-presidente da Comissão de Seleção e Inscrição da OAB Maranhão, Leonardo Amorim; presidente da Comissão de Defesa da Educação e do Conselho da OAB Maranhão, Gustavo Mamede; conselheiro seccional Marcelo Bruno; prefeito de Caxias, Fábio Gentil; procurador geral do Município, Adenilson Dias; secretária municipal da Mulher, Aureamelia Soares.

 O presidente da Câmara, vereador Catulé, convidou o presidente da Subseção da OAB/Caxias para deixar uma mensagem na tribuna. "Dizer aos colegas advogados e advogadas que temos que fazer a defesa da ordem democrática do nosso país, defender as instituições republicanas. Muito obrigado por essa sessão, por você ter aberto este espaço que fortalece ainda mais a nossa entidade", destacou Agostinho Neto.

Em momento seguinte, Catulé registrou a presença na galeria da ex-vereadora Jesus Azevedo, genitora de Agostinho Neto.

 O presidente da OAB Seccional Maranhão também foi convidado a fazer uso da tribuna para deixar sua mensagem. "A voz de Caxias sempre foi aguda e forte dentro da sociedade e da advocacia maranhense, isso é da sua história. Gonçalves Dias já dizia que as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá. Viva à Caxias, viva à advocacia!", disse Thiago Diaz, concluindo um discurso apaixonado no qual se mostrou averso a qualquer tipo de abuso, inclusive das autoridades, que impeça o bom trabalho dos advogados junto a seus constituintes.

 Defensor de que o Congresso Nacional vete os artigos já vetados pelo presidente Jair Bolsonaro, no Projeto de Abuso de Autoridade que entrou na pauta apreciações no correr desta semana, onde 18 dos 33 vetos caíram, Diaz realçou o papel dos advogados brasileiros e maranhenses em defesa da Constituição Federal e contrários a arroubos momentâneos que tentam se sobrepor à ordem republicana e ao apego de que os fins justificam os meios.

 Para o líder do governo na Câmara, Sargento Moisés, "a OAB extrapola as suas funções classistas, é guardiã da Constituição e, assim como os legisladores, é caixa de ressonância da sociedade brasileira". Em nome dos colegas de parlamento, o vereador parabenizou e manifestou apoio à instituição.

 "Fiz questão de estar presente para mostrar a importância que tem de uma parceria entre os poderes Executivo, Legislativo e a OAB. Porque ninguém governa sozinho, e em nenhum momento tomamos alguma decisão de forma unilateral", declarou o prefeito Fábio Gentil na tribuna.

 Na ocasião, a OAB Subseção Caxias homenageou com certificados os advogados James Lobo e Tinoco pelos serviços dedicados à Subseção.

"Esta Casa cumpre mais uma etapa do seu dever, de prestigiar uma das instituições mais antigas desse país, que nasceu para proteger e, porque não dizer, ser o soldado da Constituição. Tive a honra de assistir à chegada desta instituição na nossa cidade, mas antes eu já poderia dizer que aqui já vivia bem representada nesse setor, porque tivemos advogados renomados que serviram não só o nosso município, mas a todo o país", frisou o presidente da Câmara.