Caxias-MA 20/08/2025 06:24

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

O poste e o encosto


Observadores atentos sempre guardam desconfiança em relação ao trabalho parlamentar da Câmara de Vereadores de Caxias (CMC). E a explicação fica por conta da falta de regularidade dos trabalhos semanais, isso porque hoje está difícil registrar-se duas sessões seguidas, conforme preconizado pelo regimento interno da casa. Por qualquer razão, seja por causa de uma inauguração qualquer da gestão municipal, ou simplesmente por alguma querela política, coisa que é do meio, e logo as reuniões são suspensas, a exemplo do que vem acontecendo desde que foi reiniciado o semestre legislativo. Ou seja: como se não houvesse demanda alguma da população a ser debatida a fim de ser encontrada a resolução mais viável, a vereança vem deixando de comparecer regularmente ao Plenário Vereador Edson Vidigal.
 
Frequentadores das galerias do poder dizem que é para enfraquecer algum fato político mais cáustico, a exemplo da próxima sucessão estadual que já está andamento, na qual digladiam visivelmente orleanistas e camarãosistas, oferecendo incômodo ao presidente da CMC, vereador Ricardo Rodrigues (PT), na medida em que ele vem sendo confrontado frontalmente pela grande maioria da bancada governista declaradamente ao lado do governador Carlos Brandão.
 
A título de esclarecimento, lembre-se que os dois grupos antes faziam parte da aliança política firmada entre o então governador Flávio Dino e seu vice, Carlos Brandão. Ricardo, fiel aos acordos assumidos anteriormente, figura entre os mais ativos correligionários do vice-governador Felipe Camarão, enquanto o restante dos governistas está atrelado às orientações de quem atualmente detém o poder no Estado, após o afastamento político de Flávio Dino para assumir vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal.  
 
Devido ao que consideram uma quebra de compromisso na política estadual, a partir do momento em que Flávio Dino se estabeleceu sobre o sarneísmo, e sob a alegação de que o governador abandonou o barco para bandear-se para os lados dos antigos detentores do poder estadual, um clima de enfrentamento se estabeleceu de forma corrosiva, e chegou ao ponto, no momento, do Supremo Tribunal Federal estar levantando eventuais irregularidades administrativas na área de recursos humanos inter poderes, ante a suspeita de prática de nepotismo cruzado entre servidores do Estado e da Assembleia Legislativa do Maranhão. Farta munição sobre o tema foi oferecida ao STF por correligionários do Partido Solidariedade do Maranhão, para o qual convergiu boa parte dos antigos correligionários do dinismo, agora mais consolidados nas hostes do PSB maranhense que antes era liderado pelo governador e agora está em mãos da senadora Ana Paula Lobato, esposa do deputado Othelino Neto, atualmente a maior expressão do dinismo no estado, e dinismo é sinônimo de Felipe Camarão. 
 
Outra corrente de observadores, no entanto, atribui o descompasso da agenda parlamentar da CMC à ação da pequena força oposicionista na casa, que praticamente tem pautado as últimas ações do governo municipal. As pessoas afirmam que foi o vereador oposicionista Daniel Barros (PRD) quem levou a Prefeitura de Caxias a agir no caso da moradora de rua conhecida como “Carreirinha”, internando-a semana passada em clínica estadual especializada para drogados de São Luís, medida que foi bem recepcionada pela população. Essa agenda, no entanto, deve voltar a debate nos próximos dias, porque há informações de que a interna fugiu do hospital e foi vista perambulando por bairros próximos pedindo dinheiro nas ruas, mesmo comportamento que adotava em Caxias.
 
Na última sessão, que ocorreu na segunda-feira, 11, foi a vez do vereador Catulé (PL) investir contra a precariedade do trânsito de veículos e pedestres em Caxias. Para o vereador, o caxiense vivencia uma situação que só é vista nas grandes cidades da Índia, país que tem o trânsito mais caótico do planeta, onde não prevalece qualquer tipo de fiscalização e ordenamento entre os condutores de veículos e os pedestres circulam desprotegidos. Segundo Catulé, essa inércia de ação deriva do fato de a gestão municipal possuir o mesmo DNA da gestão anterior, mas com a diferença de que a liderança atual sugere a imagem de um poste acompanhado de encosto. Encosto, na visão espiritualista, seria o caso de uma entidade que dirige outra por influenciamento mental; enquanto poste representa um artefato sem diferenciação que foi instalado para determinado fim.
 
Talvez em função das palavras imaginativas do vereador decano da CMC, a Prefeitura informou que nos próximos dias terá início uma campanha por maior disciplinamento no trânsito na cidade. Se for mesmo levada a efeito, será uma grande oportunidade de mudança na mente de condutores e pedestres caxienses, ora acostumados a todo tipo de desregramentos, após muitos anos de leniência por parte das autoridades locais.
 
Por outro lado, a semana que passou também revelou ações positivas, como as destacadas na mesma sessão pelo vereador Ximenes (PP) em relação a novos postos de abastecimento de água pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) - dois na cidade e um na zona rural, no distante povoado Pau Pombo, a 120 quilômetros do perímetro urbano de Caxias. Outra que mereceu destaque, sem dúvidas, foi a boa reunião de escuta, na noite de 11/08, sobre o segundo módulo da Política Nacional Aldir Blanc, no auditório da Prefeitura, realizada pela Secretaria de Cultura e Patrimônio, à qual acorreram mais de 200 trabalhadores da cultura e espaços culturais. A pasta dirigida pelo secretário Maciel Mourão Ramos vem trabalhando bem no sentido de estabelecer critérios que levem ao oferecimento de auxílio financeiro a trabalhadores e espaços culturais, proposta da PNAB por meio de distribuição de recursos federais a estados, municípios e ao Distrito Federal, com o objetivo de garantir acesso a renda para profissionais da cultura e subsídios à manutenção de espaços culturais.


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