Para pessoas supersticiosas, o mês de agosto é sempre um período de presságios negativos. Não o foi para os brasileiros daqui que lutaram pela independência há 202 anos, libertando a cidade do jugo português, razão de grandes comemorações todos os anos, ao ponto da data de 1º de agosto ser erroneamente confundida como o aniversário de Caxias. Foi um período pesaroso também para a família do presidente Getúlio Vargas, quando este cometeu suicídio a 24 de agosto, uma triste memória para os trabalhadores do Brasil.
O início deste fluente mês, porém, está sendo de dificuldades para exportadores brasileiros que comerciam com os Estados Unidos da América, taxados abusiva e caprichosamente em 50% pelo presidente Donald Trump, só porque o líder norte-americano simpatiza com um ex-presidente nosso que se tornou réu da justiça brasileira, pessoa que gostaria de ver no Palácio do Planalto em 2027, a fim de facilitar o avanço dos tentáculos da economia dos EUA em nosso país, para fortalecer a sua hegemonia na América Latina e afastar de vez ventos originários da economia da parte oriental do globo terrestre.
Aqui no torrão natal a vítima acometida por mau augúrio é o presidente da Câmara Municipal, vereador Ricardo Rodrigues (PT), que está sendo jogado para escanteio no contexto das hostes governistas que ajudou a fortalecer nos últimos anos de governo do Partido dos Trabalhadores, após o grosso da turma ter desembarcado na nau que o governador Carlos Brandão fez aportar nas imediações do Palácio dos Leões, escolhendo um sobrinho seu para capitaneá-la, se for vitorioso na próxima sucessão estadual.
Por assumir compromisso com o seu partido e apoiar o vice-governador Felipe Camarão (PT) ao cargo maior do Estado, Ricardo vem sendo objeto de todo tipo de retaliação, em que se pese a sua grande disposição e resiliência para superar percalços, como tem demonstrado até agora na sua neófita carreira política. Quando da última vinda do governador do Estado a Caxias, por não haver cumprimentado o dirigente em rito subserviente, o presidente da CMC chegou a ser alvo de reclamação de toda uma turma gentilista que, pensando em se dar bem no próximo governo, não levaram em conta a decepção do presidente Ricardo com Carlos Brandão ao ter a certeza de que este último não iria cumprir a promessa feita tempos atrás no plenário do legislativo local, em relação a uma boa reforma no prédio histórico da sede do poder, além do fato de haver deixado de lado o apoio a Felipe Camarão para sucedê-lo.
Na sessão inicial do semestre na última segunda-feira, 4, Ricardo assomou à tribuna da CMC durante o grande expediente, onde evidenciou suas razões e postura assumidas, e especialmente ressaltando que suas ações tinham tudo a ver com a democracia, na medida em que havia escolhido um lado que julga melhor para o desenvolvimento do Maranhão, social e economicamente. Os aliados que trouxe para a mesa diretora ao seu lado simplesmente ficaram calados, e ele recebeu solidariedade apenas de colegas da oposição, os vereadores Daniel Barros (PRD) e Catulé (PL). Catulé, por exemplo, fazendo aparte no pronunciamento de Daniel Barros, ressaltou que por essas e outras a sua paciência com a atual gestão esgotou, deixando claro que daqui para frente não mais ficará apenas observando o bloco passar, assistindo sem dizer nada a dilapidação e o mal aproveitamento dos recursos públicos que chegam mensalmente a Caxias. Para ele, é vergonhoso o enriquecimento de muitos por conta da política nefasta que viceja em Caxias.
Os posicionamentos da última segunda-feira, no entanto, trouxeram boas novas, e o melhor delas foi o fato de o vereador Daniel Barros ter chamado a atenção da sociedade e da gestão sobre a problemática das pessoas com dependência química por causa do uso de drogas. Daniel destacou o fato da mulher Tatiane Ferreira dos Santos, mais conhecida como “Carreirinha”, vir sendo explorada em shows bancados por dinheiro público quando devia estar recebendo tratamento médico adequado de recuperação da saúde por parte das autoridades municipais. O vereador inclusive apresentou proposição legisladora sobre o tema à apreciação dos pares naquela noite.
Assim, nesse mês que se inicia com presságios ruins, foi apreciável a iniciativa da Prefeitura de Caxias ao encaminhar a dependente química para tratamento especializado em São Luís, de onde se espera que retorne recuperada. Nesse domingo, 10, porém, data do aniversário de 202 anos do nascimento de nosso poeta maior, o grande e imortal Antônio Gonçalves Dias, Caxias ainda se ressente de não possuir nada que reverencie sua memória à altura, já que a praça central que guarda seu nome e majestosa estátua acha-se abandonada, a exemplo de muitas outras que não foram edificadas nos últimos oito anos. Causou-nos inveja a lembrança proporcionada pela Academia Maranhense de Letras ao maior vate nacional, em São Luís, no meio da semana.
Aliás, a propósitode abandono de logradouros públicos em Caxias, a cidade foi alvo de reportagem da televisão de maior audiência no Maranhão, no meio da semana. Uma vergonha... levando-se em conta que os caxienses sempre se orgulharam da riqueza histórica da cidade, por meio de seus literatos e monumentos muito apreciados para o turismo.
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