Caxias-MA 25/11/2024 19:38

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Debates para esclarecimentos e soluções


A Câmara de Caxias marcou para o começo da semana, dias 09 e 11 de Setembro, dois encontros que, se forem realizados dentro do que está programado, serão muito importantes para a população do município. Na segunda-feira (09), o plenário do Poder Legislativo Municipal será palco de um debate com condições de trazer à luz os reais problemas que estão afetando o meio ambiente caxiense, em especial o caso de queimadas, que podem ser espontâneas, ou não, nesta época do ano de domínio de estiagem e baixíssima umidade do ar. Na quarta-feira (11), a atenção de todos, no mesmo cenário, será a audiência pública para discutir a problemática dos serviços de urgência e emergência médica na saúde pública do município, uma proposta que nasceu da iniciativa da vereadora Thaís Coutinho (PSB), líder da oposição.

Contra as queimadas: Defesa Civil e Corpo de Bombeiros em estado de prontidão.

Meio ambiente em foco

Em relação ao primeiro encontro, o momento é mais do que oportuno para discutir-se problema que afeta toda a comunidade e que pode ser equacionado mais pela disseminação da ideia de que é imperativo controlar qualquer tipo de queimada no território do município. Há poucos dias, o Governo do Estado fez a sua parte, decretando a proibição de queimadas no Maranhão. E não o fez em razão dos fenômenos que atingiram recentemente a amazônia, região considerada pulmão do mundo, mas porque o Estado tem perdido muito com esse tipo de sinistro, e Caxias, então, nem se fala, pois em anos recentes tivemos casos de queimadas que varreram do mapa povoações inteiras, matando animais e deixando muitos produtores rurais ao desabrigo. O custo para a sociedade e o poder público sempre é muito elevado para recuperar esse tipo de área degradada.

Nessa época do ano, o caxiense costuma conviver com temperaturas que atingem, às vezes, mais de 40 graus, o ar é extremamente seco e a ventilação mais acelerada, provocando turbilhões sobre o mato seco, e aí, um pedaço de vidro que refrate a luz, a ponta de um cigarro aceso, uma simples fogueira para queimar lixo no final da tarde, podem ser estopins para um fogaréu que tende a crescer e a se espalhar, culminando numa situação fora de controle.

A luta é para que as queimadas de anos passados não se repitam e deixem o mesmo rastro de destruição em Caxias.

É bem verdade que o poder público local não tem permanecido inerte com a gravidade da situação. Formou Defesa Civil e possui grupamento do Corpo de Bombeiros estadual. Existem pessoas preparadas e determinadas a previnir ou enfrentar o fogo. A campanha Corta Fogo, deflagrada no último dia 30 de agosto, é uma prova disso. O problema maior consiste em ter a situação sob controle, não deixar que casos se estendam a todos os quadrantes do município, porque aí não haveria meios para atender a tanta demanda, com resultado catastrófico para o município. Ademais, os recursos, os veículos apropriados a uma contraofensiva desse tipo, são muito baixos, sem falar que nessa época as fontes naturais de abastecimento perdem vazão.

Por outro lado, a poluição do ar já é também um fato concreto na área urbana de Caxias. Os fins de tarde, por exemplo, são quase sempre marcados por grandes nuvens de fumaça, provenientes de queima de lixo doméstico muito comuns nos bairros mais periféricos. Nos últimos anos, porém, essas nuvens tóxicas diárias que pairam sobre a cidade, inclusive provocando ou fazendo reincindir doenças do trato respiratório na população, emergem do grande lixão estabelecido pela prefeitura no bairro Teso Duro. Mais do que oportuno, portanto, que se converse e que se pense sobre o que fazer para preservar o meio ambiente de Caxias. E, por uma simples razão: é nele que vivemos; é nossa casa; daí a necessidade de cuidar e preservar.

Que o professor Pedro Fonseca Marinho, secretário de Meio Ambiente do município, entusiasta e especialista na matéria, assim como outras autoridades da área, ao comparecerem à CMC, nos tragam uma mensagem eficiente e capaz de chegar ao entendimento das pessoas, inclusive dos trabalhadores e trabalhadoras que vivem na zona rural, os quais, movidos por tradição secular nativa, costumar limpar suas áreas de produção com fogo. Contudo, é uma oportunidade também para se trazer à tona tudo que esteja colaborando para a dilapidação do patrimônio natural de Caxias, cobrar compromissos, enfim, reestabelecer parâmetros civilizados e do mais amplo interesse de todos.

Saúde descoordenada e ineficiente

Na quarta-feira (11), o serviço de assistência pública de saúde de Caxias voltará à ribalta das discussões no plenário da Câmara de Caxias. Por iniciativa da vereadora Thaís Coutinho (PSB) e com o consenso de toda bancada, ficou decido convidar a secretária de Saúde do município, Maria do Socorro Melo, o diretor regional de saúde do Estado, Daniel Barros, e o diretor do Hospital Macrorregional Dr. Everaldo Aragão, Jeferson Coutinho, para uma audiência pública que resulte na busca por melhorias efetivas no atendimento à comunidade caxiense e de toda região da área de entorno do município.

Temos um serviço público de saúde municipalizado, mas aqui encontramos entraves que prejudicam o seu funcionamento. Como a regra de ação e de recursos se apoia em regime tripartite (Governos Federal, Estadual e Municipal), nota-se que dois dos vetores não estão equalizados na balança que equilibra o sistema. Os sistemas estadual e municipal não estão se entendendo bem. A Rede Municipal de Saúde (Complexo Hospitalar Gentil Filho, Maternidade Carmosina Coutinho, UPA e Unidades Básicas de Saúde) não se entende corretamente com a ação de regulação do hospital macrorregional do Estado.

No quadro de imagens, ao alto (esq.) o Hospital Macroregional e o Centro de Oncologia (dir.).

No centro: equipamentos

de oncologia à espera de pacientes e o povo protestando contra as decisões na pol´tica de saúde.

Abaixo: o Complexo Hospitalar Gentil Filho e a UPA de Caxias.

Não há explicação plausível, por exemplo, sobre o porquê de não estar funcionando o serviço de oncologia do município (UNACON), cujo prédio está pronto e anexado ao reinaugurado Hospital Geral. A desculpa era a de o Ministério da Saúde houvera vetado as instalações, porque antes não havia UTI e depois porque o Hospital Geral foi fechado na gestão do prefeito Léo Coutinho. E agora? Pelo que se tem conhecimento, o prefeito Fábio Gentil tem toda a unidade física reformada e os equipamentos, caríssimos, revisados, que podem estragar por falta de uso. No entanto, a Secretaria de Estado da Saúde mantém o serviço de forma improvisada numa pequena ala do hospital macrorregional, onde há muita dificuldade para os necessitados terem acesso.

Na Câmara, durante a última sessão (02), o vereador Magno Magalhães (PSD) já chegou a sugerir a doação do prédio da UNACON para o Estado. Como médico, enfatizou que o seu interesse é ver a população de Caxias se tratando de câncer na cidade. Por outro lado, no Dr. Everaldo Aragão também há muita dificuldade para acesso em outras especialidades de média e alta complexidade. A pessoa, às vezes, precisa de um padrinho para ser atendida. E o resultado disso tudo é o caos se sobrepondo ao atendimento à população que procura solução para seus problemas. Por que não funciona? Cremos que por inércia política, com grupos se digladiando por mais oportunidades de angariar votos nas eleições.

Ilha de excelência

Estamos há cerca de 70 quilômetros de Teresina, capital Piauí, que é considerada atualmente uma ilha de excelente atendimento em saúde. Na cidade mafrense, inicialmente, a assistência começou mais eficiente na rede de hospitais particulares. Hoje, o mesmo comportamento se passa em qualquer unidade da rede de saúde conveniada com o SUS. Praticamente não há diferença se o paciente é atendido em hospital particular ou em estabelecimento público.

Nas últimas duas semanas, acompanhamos o tratamento de um cidadão caxiense que foi submetido a uma cirurgia cardíaca com procedimento de quatro pontes de safena na rede pública (SUS) de Teresina. O rapaz, que recebera dois atendimentos em Caxias, sendo um na UPA, e outro no Hospital Gentil Filho, fora mandado para casa com o diagnóstico de dores provenientes da coluna vertebral, quando na verdade já se achava em processo de infarto do coração, nove ao todo, conforme diagnosticaram médicos de Teresina.

Acomodado inicialmente no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), foi transladado em seguida para o Hospital Público Dr. Miguel Couto, no bairro Monte Castelo, referência em atendimento cardiológico e retaguarda do HUT, onde teve seu quadro reavaliado, realizou todos os exames e, finalmente, foi operado com sucesso no Hospital São Paulo, localizado no bairro de Fátima.

Passado o susto e vendo-o em plena recuperação, seus familiares elogiaram a excelência do serviço que lhe foi prestado durante  todo o tratamento, tanto na rede particular quanto na rede de saúde pública de Teresina. E, em conversa com este redator, disseram que ficaram bem impressionados com a organização do ambiente, com o profissionalismo do serviço e também com a limpeza dos locais onde o rapaz passou. O próprio paciente nos confidenciou que lá tudo funciona sob o crivo da avaliação dos próprios pacientes, que é recolhida diariamente pela equipe de supervisão. Quer dizer: não estamos falando de assistência médica realizada em São Paulo, ou no exterior, mas em Teresina, bem próximo de Caxias.

Então, é descabido e vergonhoso assistir-se ao que se passa atualmente em nossa cidade. Se no passado, como costuma dizer o vereador Catulé, tivemos hospitais de qualidade e em condições de realizar até transplantes de órgãos, médicos de alto nível, hoje, o que vemos, deixando de fora os profissionais dedicados que já trabalham há muitos anos na cidade, é a prevalência de um amadorismo e compadrio que só desperdiça os preciosos recursos (que não são poucos) que chegam todos os meses a Caxias.

Vamos aguardar o desfecho da audiência da saúde na CMC, e torcer para que os debates ensejem mudanças no modelo que está em operação.


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