Surpreendente o que é processado na cabeça de muitas pessoas no Brasil e, por conseguinte, com pessoas aqui de Caxias. Mesmo com juntada de provas em relatório amplo e detalhado da Polícia Federal, acompanhado de vídeos de imagens e de áudios onde os interlocutores são facilmente identificáveis, principalmente em reuniões fechadas com altas figuras do governo federal anterior, inclusive com o ex-presidente Jair Bolsonaro no meio, mesmo assim, ainda tem gente que continua agarrada ao messianismo difundido soberbamente nas redes sociais brasileiras. O fanatismo lhes rouba a consciência e beira às birras de certas crianças mimadas, que ficam emburradas quando não conseguem o que pretendem, ou o objeto de desejo.
Ora, meus amigos, não há mais dúvida que, ao se sentirem perdidos, ou seja, com os prognósticos à porta de que perderiam a eleição para Lula em 2022, o staff então no poder se preparou para protagonizar um golpe de estado contra a república brasileira, e com claro intento de reeditar o que aconteceu em 1964, quando as forças armadas, conjuntamente, derrubaram o presidente João Goulart. Entretanto, como agora dois terços dos comandantes da força não aderiram à tresloucada ação, o plano, inclusive com requintes de tirar a vida do presidente e do vice eleitos, além da de um ministro influente do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, não foi adiante, e colhe agora os efeitos nefastos das tristes ideias gestadas nos escaninhos do poder na época. Se esqueceram que o nosso país abraçou uma constituição federal que nasceu, em 1988, do espetacular movimento “diretas já”, através do qual o povo brasileiro, cansado do subjugo das botas militares, bradou gritos de liberdade nas ruas com a cara pintada.
Então, a vitória de Lula sobre Bolsonaro foi autêntica, indelével, porque garantida pelos votos do povo, sem guardar a menor referência com as eleições americanas que recentemente recolocaram Donald Trump no poder, às expensas de um colégio eleitoral que não tem paralelo com as instituições brasileiras. Por isso, não adianta manter a postura de bolsonarista. O fato está consumado e o ex-presidente continua inelegível, mas agora também correndo o risco de a qualquer momento ser preso, em face de suas implicações com o malfadado golpe que não aconteceu.
Mas, enquanto a Procuradoria Geral da República não se manifesta em relação ao relatório da PF, podendo ou não dar seguimento às providência jurídicas ao STF para processar os envolvidos, divagações de advogados contratados a peso de ouro através de doações voluntárias (cerca de 7 milhões de reais arrecadados) a Bolsonaro estão em cena, defendendo posições esdrúxulas, a exemplo da que defende que o ex-presidente não seria beneficiário do golpe, e sim um complô de militares que passaria a governar o país por meio de um gabinete de crise cuja intenção era fazer nova eleição para legitimar o retorno do pretenso líder messiânico ao poder legalmente. A coisa é tão doida que, agora, até o Partido Liberal e seus dirigentes estão enredados por suprirem os salários que Bolsonaro e familiares detém às expensas de recursos públicos do fundo partidário. E, assim, o conjunto de problemas contra a trupe só se avoluma cada vez mais, e não adianta seguir na tese de que Bolsonaro não acompanhava o pensamento de seus subordinados, como agora ele tenta passar ao noticiário nacional.
Por outro lado, nosso município viveu ao longo da semana momentos dedicados à reflexão sobre a vida das pessoas de cor no país, a cujos organizadores parabenizamos efusivamente pelo arrojo de tirar de baixo do tapete as muitas mazelas que foram perpetradas contra escravizados antigamente e que ainda hoje traduzem efeitos negativos à consciência da sociedade de um modo em geral, fazendo de preconceitos pontos de partida para veladas segregações contra a grande maioria do povo brasileiro que se identifica como preto ou pardo. Contudo, o movimento foi tão efusivo nos últimos dias, que muitas pessoas, inclusive parlamentares, talvez com a consciência de familiares na condição, reescreveram suas identificações nos prontuários oficiais.
Nesse ínterim, sequenciando o anúncio do secretariado técnico que o prefeito eleito Gentil Neto vem apresentando, fato que demonstra a boa orientação da qual vem sendo alvo, emergem informações de que contratos de serviços estão deixando de ser honrados pela gestão na prefeitura de Caxias, levando ao desespero os que acreditaram que iriam receber pelo esforço dedicado às últimas eleições. A recomendação é a de que esse pessoal passe a consumir mais chá de camomila e aguentar, porque o governo de Fábio Gentil ainda não acabou e ninguém acredita que ele fará o mesmo do que já aconteceu antes em gestões anteriores, quando muitos receberam cheques que nunca foram honrados.
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