Definido o quadro político local nas eleições de 02 de outubro passado, com muita gente ainda curtindo a ressaca das festas dos vencedores e dos que não ganharam, mas se saíram bem, agora foi dada a largada rumo à sucessão municipal em 2024, sem o protagonismo do prefeito Fábio Gentil (PRB), é claro, considerado o grande vencedor da eleição, porque seu grupo elegeu uma deputada federal, Amanda Gentil (PP), reelegeu uma deputada estadual, Daniella (PSB), o senador Flávio Dino (PSB), e reelegeu o governador Carlos Brandão (PSB).
E as movimentações nesse sentido já principiaram durante a última semana, com o vereador Teódulo Aragão (PP), presidente da Câmara Municipal, se lançando candidato e inclusive já trabalhando em clima de campanha com o seu grupo de apoiadores. Também o ex-secretário de Estado de Turismo, Catulé Júnior (PP), que não se elegeu, mas teve expressiva votação para deputado estadual, nada mais nada menos do que 34.487 votos, dos quais 11.778 votos só em Caxias, deixou bem clara a sua intenção no meio da semana quando participou de um podcast local (repórter Jonas Filho) nas redes sociais.
Nesses últimos dias foram os dois eventuais primeiros concorrentes que se manifestaram, mas é cabível imaginar-se que logo irão também se declarar ao palácio da cidade o ainda deputado estadual Adelmo Soares (PSB), que não se reelegeu, mas conseguiu 34.365 votos no último pleito, sendo 8.978 votos somente no município; e o deputado federal Paulo Marinho Jr. (PL), que também não ganhou, mas obteve 22.033 no geral, sendo 15.392 votos, só no município de Caxias. Paulinho, com certeza, será um candidato natural, haja vista que mesmo durante a última campanha não escondeu de ninguém que a sua pretensão maior, em relação a Caxias, é ser prefeito da cidade.
Duas incógnitas também podem comparecer para ampliar o cenário: o nome do vereador Daniel Barros (PDT), com seus 8.481 votos; e o da deputada estadual eleita Cláudia Coutinho (PDT), que teve 37.435 votos, no geral, dentre os quais 9.543 somente em Caxias. Cláudia, com o apoio da família Coutinho, poderá inclusive disputar a prefeitura sem perder o seu mandato na assembleia estadual. O nome da família Coutinho, porém, poderá muito bem ser outro fora do espectro local, como o do atual prefeito de Matões, Ferdinando Coutinho (PDT), por exemplo, que tem a prerrogativa de se afastar da prefeitura de Matões, bastando mudar em tempo hábil o seu domicílio eleitoral.
Na coluna passada, entretanto, ficou demonstrado que o grande vencedor da eleição no município foi, de fato, o prefeito Fábio Gentil. Sua filha, Amanda, com o empenho do pai, teve 108.699 votos, 25.703 votos dos quais apenas em Caxias. Portanto, a lógica permite concluir-se que, se administração municipal caminhar bem até meados de 2024, a cabeça sobre a qual o alcaide sobrepor as mãos terá chances bem maiores do que os demais postulantes à chefia do palácio da cidade.
Por outro lado, a Câmara Municipal retomou com vontade seus trabalhos legislativos durante a semana que passou. Na sessão de segunda-feira (10), a pauta dominante foi a revisão do Plano Diretor de Caxias, que já está em muitos pontos defasado com a realidade atual do município. Basta citar que tem lugar catalogado como zona rural que hoje já é zona urbana, em face do crescimento do perímetro urbano da cidade com a explosão de novos bairros que vão sendo criados pela população.
Seguindo exemplo do vereador Daniel Barros (PDT), que se autointitulou “fiscal do povo” e tem explorado os problemas decorrentes da presença do lixão do Teso Duro, os quais estão gerando prejuízos à saúde da população, parlamentares como Torneirinho (PV) e Professor Chiquinho (PRB) também entraram na onda e estão ávidos para o legislativo fazer, o quanto antes, uma audiência pública sobre a revisão do plano diretor da cidade.
Percebendo a matreirice dos colegas, o presidente Teódulo interveio no tema, declarou que ele mesmo é o autor do primeiro requerimento pedindo a revisão do plano diretor, demonstrou em que nível está o andamento das etapas até que o trabalho venha para decisão do plenário da CMC, assim como fez ver também que é inoportuno agora a convocação de uma audiência popular para subsidiar o plano, uma vez que a casa ainda não tem o esboço técnico do projeto de lei que só pode ser preparado por pessoal especializado. Em outras palavras, a revisão do plano diretor só acontecerá mesmo no próximo ano, haja vista que a sua elaboração, além do aspecto técnico, envolve licitação e custa caro, coisa na casa de milhão de reais.
Não obstante, os problemas do lixão do Teso Duro, a feitura do novo aterro sanitário, a revisão do plano diretor, estão na ordem do dia dos trabalhos legislativos caxienses. E isso é muito bom, já que são matérias importantíssimas ao desenvolvimento do município. Sem um novo plano diretor, qualquer gestão que suceda a atual pode ficar de mãos amarradas em muitos casos e até perder arrecadação de receitas tributárias. Por conta da pressão da vereança, depois que a eleição ficou para trás, a prefeitura agora terá que arregaçar as mangas para solucionar tais demandas.
O lixão, por exemplo, já está recebendo ações paliativas que devem mitigar os efeitos tóxicos decorrentes da fumaça que brota diariamente do local e que não infesta somente a sua área de entorno (bairros Antenor Viana, Eugênio Coutinho, São Francisco, Seriema), mas se propaga por toda a cidade.
Quanto à instalação do aterro sanitário, muito embora seja dado conhecimento de que já está em entendimento um consórcio entre a prefeitura municipal e uma empresa privada, a grande interrogação recai sobre qual região do município é mais propícia para acomodá-lo.
Na última sessão legislativa, os vereadores tocaram em um ponto nevrálgico: a escolha do local do aterro, impreterivelmente, terá que ser em lugar sem a presença de pessoas e de mananciais, estes que ainda são abundantes, felizmente, em Caxias. Mas outra questão igualmente mereceu relevo, também muito séria: a situação das invasões das áreas de proteção ambiental do município por famílias sem moradia, que estão ocorrendo porque a fiscalização é muito negligente no município.
Portanto, não há dúvida que os parlamentares caxienses estão com a razão. Afinal de contas, o termo fiscalização mais se parece com o substantivo leniência, do ponto de vista da administração municipal.
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