Caxias-MA 24/11/2024 03:37

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

A hora da verdade


No último domingo, 02 de outubro, chegou o aguardado momento dos brasileiros irem às urnas para escolha dos nomes que irão dirigir a nação e preencher o Congresso Nacional e as Assembleias Estaduais. Enfim, chegou a hora da verdade, a hora de vaca desconhecer bezerro, da onça ir beber água no regato.

Se o país vivenciasse um clima de lucidez, coisa que reconhecemos como meio utópica, esta seria a época através da qual o eleitorado seria capaz de projetar uma espinha dorsal mais sólida para o desenvolvimento do país e, consequentemente, estabelecer os parâmetros mais corretos ao progresso individual de seus cidadãos.

Sim, enquanto outras nações do mundo, pequenas até, estão estabelecidas em zona de conforto, por aqui ainda prevalece o senso do salve-se quem puder, do eu quero é me dar bem e o resto que se exploda, inclusive trazendo para a ribalta vasta munição de caráter ideológico, religioso e até maniqueísta. 

O que se observa, em maior ou menor grau, é que tudo é gestado na tentativa de varrer os adversários, os rivais, da vida política do país, para imposição de pontos de vista que jamais conseguirão ser absorvidos pelo imaginário popular, dado que a natureza humana sempre será diversa e complexa e, portanto, jamais alcançará aquela unanimidade tão utopicamente perseguida por alguns.

O remédio para sobreviver-se nesse clima, até que uma nova matriz seja inventada, ainda é conviver em democracia, onde o respeito à vontade da maioria se constitui no parâmetro que balizará a vida nacional aos tempos seguintes, criando-se meios não para destruir a sustentabilidade do meio ambiente em que vivemos, mas para usufruto de uma vida progressista e confortável a todos.

É nisto que consiste falar-se em civilização, pregar a cultura em todos os níveis, da literatura à ciência, em vez de flertar com o passado da barbárie, ao que parece, tão ao gosto de quem abomina o conhecimento como instrumento de progressão individual e mesmo social.

Ao longo do mês de setembro que se findou, os meios de comunicação proporcionaram oportunidade rara de debates políticos que, avaliando-se o contexto como um todo, nada deixaram de consistente em relação a um projeto de nação que os brasileiros merecem por habitarem um país tão abençoado de riquezas.

A referência vale para a escolha do próximo dirigente da nação, porque uma avaliação mais isenta dos debates presidenciais trouxe à tona o fato de que o eleitor brasileiro, se as pesquisas se confirmarem, não valoriza os quadros que se esforçam para apresentar alguma coisa de concreta para o país, a nível de educação, de saúde, de habitabilidade, etc..., mas prefere ir pela afetividade das emoções, tão ao gosto das torcidas esportivas, como, por exemplo, as de futebol, onde o que importa é ganhar do adversário a qualquer custo.

Nesse clima de animosidade, é uma lástima constatar que o vale-tudo constituiu grupos políticos radicaias que não agem em esquema amador. Por entenderem que muitas pessoas parecem admirar a mentira, o fantástico, ao invés da realidade, peças de propaganda e publicidade passaram a ser produzidas em cima de notícias falsas bastante comentadas, com o fim especial de serem reproduzidas e compartilhadas na internet.

Ao gosto de saudosos admiradores do fascismo e do comunismo, prega-se a violência política também como uma artimanha para afastar eleitores das urnas, por sentirem que é iminente o fracasso de determinado discurso. As balizas da constituição frequentemente são também ignoradas, mas aqui com o propósito de levar a crer que a justiça, ao reagir aos crimes, está fazendo uma espécie de censura ao livre pensamento.

O cientista norte-americano Carl Sagan (1934-1996) foi brilhante ao concluir que a sociedade humana precisa, sim, impor regras aos que desejam distorcer a realidade a fim de controlá-la; lutar contra as teorias da conspiração que atingem o público através de pareceres sempre mais excitantes do que a realidade, espargidos a todo o momento nas redes sociais, num processo de alimentação da tendência perversa à irracionalidade humana que teima em resistir às robustas provas do conhecimento.

Exemplos dessas investidas, com o propósito de mobilizar os que pensam de modo conservador, foi a divulgação maciça do chamado “kit gay”, fake news principal da campanha de 2018, e agora o alarde da violabilidade das urnas eletrônicas, ante a possibilidade e talvez a ciência de que a campanha caminha em direção ao eventual maior adversário.

Não obstante, se as eleições presidenciais se comportam nesse sentido, aqui no cenário estadual e municipal as coisas forma mais no corpo a corpo tão ao gosto das disputas locais. Os comícios, as passeatas, as carreatas, as motociatas, deram o tom para quem demonstra mais capacidade de arregimentar correligionários; uma demonstração de força que induz o eleitor a pensar seriamente em não desperdiçar o voto e a escolher quem parece que vai ganhar.


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