A nove dias do primeiro turno das eleições de 2022, o clima da campanha segue otimista, pelo menos da parte das candidaturas que estão alinhadas com o prefeito Fábio Gentil (PRB).
Nos últimos dias, reuniões, caminhadas, carreatas e motociatas roubam a tranquilidade desses dias madorrentos, em função do forte calor da época do “br-o-bró”, como se diz por aqui nas plagas da região leste do Maranhão.
Mas como há muito interesse político em jogo, cabos eleitorais, correligionários e apoiadores arregaçam as mangas e estão por toda a parte cooptando o eleitorado que, aqui na terra de Gonçalves Dias, é de cerca de 108 mil eleitores aptos a votar no pleito de 02 de outubro.
Acompanhando de perto essa movimentação cívico/política, nota-se que o grupo do prefeito realmente detém a liderança das ações, haja vista que concentra a grande maioria dos vereadores com assento na câmara municipal, e os edis são os mais experientes cabos eleitorais no município, pois conhecem como ninguém as bases que concentram os valiosos votos.
Salvo quatro quadros do bloco governista (Catulé-PRB, Professor Chiquinho-PRB, Torneirinho-PV e Luís Lacerda-PCdoB), que não fecham de todo com a orientação de Gentil e assumiram compromisso com a eleição do ex-secretário de Estado de Turismo, o caxiense Catulé Júnior (PSB), a uma vaga na assembleia estadual, 17 parlamentares da base, à exceção de Luís Lacerda, que decidiu apoiar a reeleição do deputado federal Cléber Verde (PV), estão com a candidatura de Amanda Gentil (PP) para deputada federal.
Contudo, pelo menos 14 estão firmes também trabalhando pela reeleição da deputada estadual Daniella (PSB), a companheira que o prefeito escolheu, e obteve sentimento recíproco, para caminhar a seu lado nesse momento da vida.
Ao concordar até que assessores adesivem carros com candidatos que não são da sua predileção, o prefeito realmente demonstra que a sua preocupação maior, mais até que a sua própria condição após concluir o mandato em 2024, é o futuro político da família, pelo visto, através da jovem filha Amanda.
Mas um detalhe nesse cenário, porém, chama a atenção: uma certa passividade do alcaide diante de percalços que estão aparecendo pelo caminho.
Ora, quem acompanha a política caxiense sabe que as lideranças locais jamais permitiram certas defecções no seio de seus grupos como vem acontecendo agora. Dos aliados de primeira hora, Paulo Marinho Jr. (PL) e Catulé Jr., foi até compreensível.
Paulinho, por assumir posicionamento contrário à aliança do grupo com Flávio Dino e Carlos Brandão. Catulé Jr., por entender que havia chegado a sua hora de lutar por uma vaga no legislativo estadual, depois que cedeu seu lugar para o saudoso deputado Zé Gentil nas eleições de 2018.
Pelo entusiasmo de ambos, suas campanhas estão indo muito bem e as chances realmente são grandes, se confirmados os apoios prometidos de fora do município. Isso se Paulinho repetir os 30 mil votos da última eleição para federal no município; e Catulé Jr., se realmente colher os frutos do seu trabalho na secretaria estadual de turismo.
O maior problema do prefeito, no entanto, é estar sendo alvo de fogo amigo dentro do seu próprio grupo.
Embora não haja um brasão ou sinete que dê pistas da armação contra a eleição dos vereadores Teódulo Aragão (PP) e Cynthia Lucena (PP), dois correligionários do espectro familiar do prefeito, o fato de ambos figurarem no momento em processo de cassação do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MA), em função de uma insólita denúncia de presença de candidaturas laranja de gênero no partido Progressistas de Caxias, é uma demonstração clara de que traidores conspiram e agem para implodir o grupo sorrateiramente.
Afinal, onde já se viu os votos de um partido serem cassados por cláusula de gênero feminino, quando, dentre as duas candidaturas eleitas, uma é exatamente a de uma mulher?!!! Que justiça estaria agindo com sabedoria excluindo uma mulher eleita pelo povo com boa margem de votos, como é o caso da vereadora Cynthia, para entregar a sua vaga a um eventual suplente do sexo masculino?!!!
O recurso contra a situação, que não foi reconhecido nem pelo ministério público nem pelo juizado eleitoral local, misteriosamente foi aportar no TRE-MA, em São Luís, que modificou a decisão em votação unânime de uma sessão plenária, e encontra-se agora no TSE, em Brasília. Lá será submetido a julgamentos, mas inicialmente, ao acolher mandado de segurança impetrado pelo PP de Caxias, o ministro Ricardo Lewandowski achou prudente manter os dois vereadores em seus mandatos enquanto o processo seguir seu curso naquela corte suprema.
Quer dizer: quando há abandono de compromisso com esse grau de virulência, a demonstração é a de que a falta de respeito à figura do prefeito rompeu todas as barreiras e sugere que ele já está sendo visto como uma peça descartável a ser atirada ao limbo do esquecimento.
É o tipo de comportamento que ainda não tinha sido notícia na Princesa do Sertão Maranhense, sobretudo levando-se em conta que o caso tenha emergido exatamente no momento de uma disputa eleitoral que é decisiva para Fábio Gentil, e na qual antigos aliados, hoje adversários, como as famílias Coutinho e Soares, voltaram a marcar forte presença, através, respectivamente, da candidatura a estadual da ex-vereadora Cláudia Coutinho (PDT) e a reeleição do deputado Adelmo Soares (PSB).
Mesmo com ânimo mais ou menos arrefecido, porque ninguém é de ferro, mas não a ponto de prejudicar a campanha do prefeito, os dois vereadores indiciados seguem demonstrando, como os demais da base, engajamento aos objetivos, e suas flâmulas são das mais numerosas e alegres dentro do movimento correligionário do grupo gentil.
Agora, que é uma coisa desconcertante saber da presença de uma quinta coluna dentro do próprio ninho, pessoas que lhe dão tapinhas nas costas, jogam elogios, mas conspiram por trás, com certeza é aprendizado para engrossar o couro das costas.
Mas é como sugere o ditado popular que diz que, de tanto apanhar, a pessoa vai ficando de couro grosso e também mais resistente a todo o tipo de pressão. Enfim, mais adaptada para se sobrepor aos perigosos e pantanosos terrenos da política.
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