Nesses primeiros dez dias de campanha o eleitorado brasileiro já está tendo a oportunidade de vislumbrar o caminho que deverá tomar para, enfim, levar o país a um projeto de desenvolvimento. Por meio de sabatinas no Jornal Nacional, maior vitrine da imprensa televisiva no Brasil, já puderam ser conhecidas as linhas programáticas do presidente Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição, e dos candidatos Ciro Gomes (PDT) e Luís Inácio Lula da Silva (PT), que na liderança das pesquisas, até agora, intenta voltar a governar o país. Logo mais às 20h30, mesmo horário aberto aos concorrentes, se apresentará a senadora Simone Tebet (MDB).
Se ficou ou está antenado no que está tendo a oportunidade de aferir, o eleitor pode perfeitamente enxergar quem será capaz de fazer o país avançar; refletir sobre quem se apoia no modelo de administração defasado há décadas e em quem tem propostas que de fato possam alavancar o desenvolvimento da nação e, consequentemente, de seus habitantes.
Nesse momento crucial da vida brasileira, nossa indústria, que emprega, cedeu lugar a comodities que só geram lucros para quem investe nelas, e assim o Brasil hoje é uma terra que, apesar de muito rica em recursos naturais, exibe para o mundo a vergonha de 12 milhões de desempregados e, mais vexatório ainda, que 30 milhões de pessoas estão fazendo, quando muito, apenas uma refeição por dia, simplesmente porque não têm poder de compra para adquirir a cada dia mais cara alimentação diária.
Aqui no Maranhão, pelo menos, porque houve sensibilidade da gestão estadual, cerca de 140 dos 237 municípios já estão podendo oferecer aos infortunados, ao custo subsidiado de 1 real, um prato de comida no almoço e no jantar. É de certa forma um alento? Podemos dizer que sim! Mas isso somente reflete o cenário da vida de um país que há muito tempo tem abdicado de ser soberano e grande, um modelo para o mundo, para preferir a servilidade, a compassividade dos bajuladores, tão ao sabor do que gostam as potências econômicas internacionais.
Para dar uma ideia do que temos a capacidade de alcançar, basta citar o que aconteceu com dois pequenos países asiáticos, a Coreia do Sul e Taiwan, após o desfecho da segunda guerra mundial e o que se chamou de guerra da Coreia. Estes dois países saíram da imobilidade, escolheram que a democracia era o rumo a seguir, e apostaram tudo, tudo mesmo, na escolaridade em nível alto para a juventude.
No momento, ainda que ameaçados, lógico, por quem não quer saber de nações vencedoras e de amplas oportunidades de trabalho para seus filhos, tornaram-se modelos exemplares em difusão de tecnologias. A Coreia do Sul, exportando tecnologias a nível cibernético, automobilístico e fortíssima indústria naval. Taiwan, pequena ilha, a maior produtora e exportadora de semicondutores de silício do mundo, um tipo de acessório eletrônico sem o qual nada do que usamos diariamente e em todas as atividades funciona, a começar pelo inseparável aparelhinho que passamos a carregar em todas as horas, que é o smartphone.
Assim como o Brasil precisa de um bom terreno para caminhar a passos largos, nossa Caxias vivencia, à essa altura da campanha eleitoral, o dilema de escolher os eleitos que poderão ajudá-la a sair do círculo vicioso onde tudo gira em torno das oportunidades de trabalho na prefeitura. Por causa disso, a cidade vive hoje tão asfixiada quanto as comunidades situadas na área de entorno do bairro Teso Duro, de triste fama por abrigar o grande lixão do município e sua fumaça tóxica.
A comissão de saneamento da Câmara Municipal marcou para quarta-feira que vem, numa escola do bairro Antenor Viana, a realização de uma audiência pública para debater o caso, com ampla participação de autoridades, ministério público, especialistas, classe política. Trata-se de uma decisão oportuna, sem dúvida, mas a experiência tem mostrado que muitos eventos do gênero já foram realizados em um passado de décadas, e o resultado é que, até hoje, a situação continua ainda a figurar na pauta de demandas urgentes da população caxiense, que precisa ver instalado um aterro sanitário no município, de sorte a mitigar momentaneamente o problema, já que esses tais aterros não são de funcionamento perpétuo; muito pelo contrário, têm vida curta.
Então, não será somente com mais uma audiência pública que o caso será resolvido. A construção de um aterro sanitário, segundo dados de 2013, levando-se em conta uma cidade de 200 mil habitantes, número do qual se aproxima a população de Caxias, importa investimentos da ordem de 52,4 milhões de reais, para uma capacidade de 100 toneladas de lixo por dia. É muito dinheiro e nossa prefeitura, com certeza, não dispõe de ativos desse porte no tesouro municipal. Por isso, já se falou até em consórcio de municípios da região, para ver se o aterro sanitário sai do papel.
Portanto, a realidade que deve ser dita ao povo que está na expectativa de ver solucionadas essa e outras demandas, é que chegou a hora de votar em candidaturas que possam efetivamente melhorar a vida da cidade. De preferência, filhos da terra, se possível os que têm o toco do umbigo enterrado aqui, como costuma dizer o experiente vereador Catulé (PRB), o parlamentar decano do nosso legislativo municipal, embora os que tenham aderido à cidadania local também mereçam a oportunidade de poder trabalhar pelo município.
Outra verdade inquestionável nos dias de hoje é que Caxias não tem uma representação política à altura da sua tradição histórica, quando pudemos oferecer governadores, senadores da República, desembargadores e também quadros de peso na Assembleia do Maranhão. É com a presença desse tipo de representação que a cidade, enfim, vai retomar o tempo perdido. Mas, para tanto, é imperativo e necessário que o eleitor saiba escolher o que nos convém, e não se deixar levar pela conversa fiada de quem chega de fora e depois vai embora sem deixar nada para trás.
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