A classe política no poder, em Caxias, tem nesta sexta-feira, 22, e talvez nos próximos dias, um novo rumo a seguir, se não quiser perder vergonhosamente a eleição justamente para a mesma arregimentação que derrotou, no último pleito eleitoral, há cerca de dois anos, com uma vitória respaldada em quase 80 por cento dos votos válidos do eleitorado gonçalvino. E o peso dessa decisão começa com uma visita do governador Carlos Brandão (PSB), que vem à cidade pela primeira vez na condição de chefe maior da gestão estadual e pré-candidato à reeleição, intentando continuar despachando do seu atual gabinete no Palácio dos Leões, em São Luís.
Até parece uma heresia pensar em tal constatação, mas o fato é que as pesquisas para consumo interno do governo estadual sugerem que as coisas não caminham muito bem por aqui, ao ponto merecerem uma reavaliação geral, para estancar a sangria que vem ganhando corpo e que coloca o principal adversário do governador, o senador Weverton Rocha (PDT), em quase pé de igualdade na preferência do eleitorado caxiense. Isso a despeito da atenção que vem sendo oferecida à cidade e à gestão municipal nos últimos meses e mesmo recentemente, inclusive através de reforço à rede de saúde municipal, entregando quatro novas estruturas, dentre as quais um hospital de traumatologia e ortopedia, unidade que, no gênero, atualmente, só existe em São Luís.
Avaliando-se informações que brotam do meio político governista, a sensação é a de que um marasmo, uma calmaria, como seria dito entre os marítimos, vem tomando conta da política local. Todos consideram que a decisão do timoneiro da nau, de seguir o curso planejado, não está levando a embarcação para o porto almejado na velocidade prevista, pelo menos ao ponto de chegar primeiro e com uma boa dianteira sobre os adversários. E, pior, que parte da tripulação que compunha a expedição inicial teria sido intencionalmente deixada para trás no momento em que o barco já se preparava para singrar águas que pareciam tranquilas e a força do vento era mais que favorável para inflar as velas rumo a mais uma vitória.
Entretanto, ocorre que os adversários, se apercebendo da soberba que tomou conta da ponte de comando da expedição, usando de artimanha fina, passaram a costurar acordos de agregação entre os abandonados, a replicá-los nas redes sociais, e isso vem fazendo a diferença nesse momento de pré-campanha eleitoral propriamente dita, ao ponto de fazer o governador vir a Caxias em tentativa para barrar a estratégia que passou a lhe roubar o sono depois retornou de tratamento de saúde em São Paulo.
Obviamente, não haverá medida para substituir o timoneiro da embarcação caxiense, mas não há dúvida de que imediatos, mestres e contramestres terão que ser substituídos ou passarem por reciclagem, se o intento é vencer a corrida.
Observadores atentos avaliam que a decisão de abandonar tripulantes, até da forma involuntária como ocorreu, não foi a melhor determinação a ser tomada pelo piloto, salvo se tudo ocorreu de caso pensado, por meio de pensamentos, do tipo: estou cansado...; não tenho mais interesse em continuar...; acho que devo devolver o que ganhei, porque o custo e a manutenção têm sido muito altos, inclusive para a saúde.
Há quem sugira que tenha se passado até algo parecido com o que os biógrafos falaram de César Augusto, o primeiro imperador romano, que já velho e chegando ao fim do mais longevo reinado da era antiga, pediu que os senadores passassem a pensar em retomar o modelo republicano, que era dirigido por dois cônsules, exatamente porque previa que coisas ruins viriam depois dele, que teve que governar com mão de ferro para manter as conquistas de Roma.
Talvez haja exagero nessas ilações, que vêm à mente porque à frente há nevoeiro denso e a vista tem muita dificuldade para divisar algo concretamente. Talvez o esmorecimento sugestivo, a falta de motivação, sejam apenas desconforto a uma eventual quebra de compromissos que esteja ocorrendo e que pode muito bem ser contornada para dar mais motivação ao grupo.
Entra nessa lista também o fato da desagregação estar tomando conta do ambiente em que os amigos são por demais prestigiados, quando deveriam oferecer sacrifício e abrir espaço até para adversários que gostariam de participar da cruzada. Esse tipo de manobra sempre favoreceu quem teve em mãos o poder de fato em Caxias. Até por precaução, numa hora como essa, é um fator a ser considerado, sobretudo quando já se tem a certeza que o adversário não perde tempo, está bem municiado e tem lugares tenente eficientes e com boa lábia para cooptar descontentes.
Como previsto, quadros de fora da política municipal já começaram a dar as caras na cidade. Destaque para a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), pré-candidata à Câmara Federal, que veio a convite do amigo e ex-vereador Jerônimo Cavalcante (PMN), também postulante a uma vaga na Assembleia com o apoio da APAE/MA; e para o deputado federal Gil Cutrim (Republicanos), ciceroneado pela deputada Cleide Coutinho (PDT), dentre outros, peças que pesam sobre as pretensões das candidaturas dos blocos políticos da terra às próximas eleições.
Que o momento atual é prenhe de incertezas, ninguém tem dúvida. Mas é acertado dizer, após as próximas eleições: seu resultado deverá apresentar um cenário mais em cores acinzentadas do que as coloridas e vibrantes de dois anos atrás em Caxias. Não obstante, política é isso, nem sempre os grupos caminham para sempre unidos e, assim, a vida vem seguindo o seu curso.
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