Na terça-feira que passou, 05 de julho, Caxias festejou os 186 anos da sua transformação de vila, estabelecida em 31 de outubro de 1811, para, enfim, cidade, inclusive com a denominação tal como conhecemos hoje. Em muitos lugares, esse tipo de processo é conhecido como emancipação política. Mas aqui, na Princesa do Sertão, é justo que se diga que não se passou isso, dado que tudo se constituiu, segundo Arthur Almada Lima Filho (Efemérides Caxienses, pág.   ) mera formalidade, haja vista que no Alvará de 31 de outubro de 1811 o Príncipe Dom João já houvera entregado aos caxienses um município completo, que foi instalado solenemente e em praça pública (praça da Matriz), em 07 de fevereiro de 1813, com uma Câmara de Vereadores que fazia o papel de administrar e legislar, modelo português da época, e também uma comarca jurídica, com atuação ..., conforme nos legou Milson Coutinho em seu Caxias das Aldeias Altas (pág.   )

Se analisarmos esses fatos, fica fácil entender porque a data nunca recebeu tanta referência na cidade, sendo inclusive superada pelo dia 1º de agosto de 1823, feriado municipal oficial estabelecido em lei e gravado na bandeira do município, porque relacionado ao momento histórico da adesão à independência nacional ao reino de Portugal, em meio a muita luta, guerra mesmo, na região, reflexo de contenda contra o exército luso no vizinho Piauí, quase um ano depois que o imperador Pedro I retirou da sua túnica, em 7 de setembro de 1822, os laços de fita que o apresentavam como membro representante do então Reino de Portugal, Brasil e Algarves. 

Então, não é que o 5 de julho não tenha assim tanta importância por aqui, o fato é que ele nunca foi gravado como um verdadeiro instante de vitória avassaladora na vida dos caxienses, como o foi o momento da adesão à independência. Este, sim, estabelecido como o marco da história da Vila de Caxias com o Brasil, quando foi chegada a hora de decidir se seus habitantes mais proeminentes iriam continuar fieis a Lisboa ou ao Rio de Janeiro, em que pese terem recebido de D. Pedro I a advertência para concordar, caso não quisessem imediatamente juntar as tralhar e voltar sob coerção para a antiga terrinha berço, vez que a origem predominante de todos era a cidadania portuguesa.

Não obstante, deixando um pouco a história de lado, desde ano passado a gestão municipal colocou o 5 de julho no calendário oficial da cidade. Por uma questão de reverência, é claro, até porque não era mais possível ignorá-lo, após ter sido relevada a segundo plano, um certo esquecimento mesmo ao longo de décadas, da parte dos nativos. A última terça-feira, porém, foi escolhida para marcar o início da nova era política na qual o município está entrando, com o advento da ascenção do governador Carlos Brandão ao poder, no Estado, e ao projeto de sua reeleição no pleito de outubro que se avizinha.

Em solenidade pomposa e com banda de música, da qual participaram vereadores, o alto escalão do governo, Guarda Municipal, populares etc, o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) deu a largada subliminar da campanha de Carlos Brandão e de todo o grupo que o apoia, colocando em evidência também os nomes de Amanda Gentil e da deputada Daniella na empreita. O termômetro da ação pode ser aferido pelo volume de correligionários dos vereadores que também prestigiaram o evento.

Desde esta semana pré-candidatos à eleição de 2022 não podem mais estar associados a nenhuma solenidade de inauguração pública. Entretanto, ao promover a entrega na terça-feira do Hospital de Traumatologia e Ortopédia do Leste Maranhense, na rua Quininha Pires, da Policlínica de Especialidades Médicas, na antiga sede do PAM, no bairro Seriema, da Clínica Odontológica Sorrir, no bairro Cangalheiro, o prefeito deu a saber à população caxiense que tais obras integram o grande lote de promessas feitas à cidade ainda quando Carlos Brandão ocupava a vice-governadoria do Estado e que seu grupo segue firme apoiando a pretensão do governante, dando a entender que toda a máquina do governo municipal participará ativamente do pleito para eleger seus escolhidos e eventualmente preservar força também na futura gestão estadual.

Quando se assiste o que representa o fenômeno da presença física de um governante que até bem pouco tempo estava entregue a tratamento médico, talvez passando até por risco de vida, é que se percebe quanto é volúvel a conjuntura política. E foi só Brandão botar os pés novamente em palácio, participar de inaugurações e contatar seus apoiadores de São Luís, que todo o clima de esmorecimento que havia em torno de sua candidatura rapidamente se desvaneceu.

Então, se seus adversários ainda não haviam conseguido superá-lo na opinião pública, agora mesmo é que a coisa vai ficar pior, porque estando por trás dos investimentos que o governo estadual levará aos municípios maranhenses, mesmo que não esteja presente a inaugurações, oferece farta munição para seus correligionários usarem contra quem o hostiliza, ao mesmo tempo que serve de apoio à ação dos amigos junto ao eleitorado, na cabala de votos para si próprio, Flávio Dino, para o senado, assim como aos partidários que mostrarem mais desenvoltura nas regiões onde atuem.

Na terça-feira, por exemplo, os secretários Rubens Pereira (Articulação Política) e Sebastião Madeira (Casa Civil), a seu comando, vieram a Caxias para assinatura de ordem de serviço de 30 km de recapeamento asfáltico a ser executado pela Secretaria de Estado da Infraestrutura, anúncio da implantação de uma delegacia de polícia civil na região do povoado Brejinho, as inaugurações da Clínica Odontológica Sorrir, no bairro Cangalheiro, Policlínica de Especialidades Médicas, no bairro Seriema, Farmácia de Medicamentos, no Centro, Unidade Básica de Saúde no bairro Vila Paraíso, e do Hospital de Traumatologia e Ortopedia, com 40 leitos, no centro. E, além disso, coordenarem a entrega de benefícios nos povoados Mulata e Baú, e distribuição de cinco toneladas de peixes para a população.

Assim, se havia dúvidas em relação às promessas do governador, assumidas inclusive quando ele recebeu o título de cidadania caxiense na Câmara Municipal, os temores foram deixados de lado. Agora, é esperar para ver como toda essa nova estrutura, especialmente de saúde, talvez a demanda mais reclamada pelos caxienses no momento, irá funcionar a contento e dar conta de todos os reclames que batam à sua porta.

Como anfitrião das festividades do dia, o prefeito Fábio Gentil, óbvio, é quem melhor aproveitará os benefícios trazidos pelo governo estadual no município, e certamente cuidará para que as coisas fluam e funcionem como espera a população, pois, do contrário, corre o risco de fragilizar os nomes das suas duas pupilas na campanha que está prestes a ser levada adiante em agosto, no caso, a filha Amanda Gentil, que apresentará com postulante a uma vaga na Câmara Federal, e a reeleição da deputada estadual Daniella Jadão Meneses (PSB).

As comemorações alusivas aos 186 anos da cidade terminaram na sede do legislativo municipal, onde, na quarta-feira, o presidente Teódulo Aragão dirigiu a última sessão ordinária do semestre, antes do recesso parlamentar do meio do ano. Reforçando os investimentos que já promoveu este ano na sede própria da CMC, reinaugurando o auditório, agora com o benefício de um elevador para favorecer o acesso de cadeirantes e pessoas com deficiência física, Teódulo marcou o pátio interno do poder com uma expressiva galeria de fotos realizadas pelos fotógrafos Sinésio Santos e David Sousa, que emolduram a cidade em momentos do seu passado e do presente, enfim, uma verdadeira viagem no tempo para o observador atento pode conferir ou acessar via QrCode no sítio da Câmara Municipal.

E por falar em Teódulo Aragão, são cada vez mais altos os rumores de que ele, na condição de presidente da CMC, com a renúncia de Paulo Marinho Júnior (PL) na vice-prefeitura, venha a ocupar o lugar de Fábio Gentil, quando este se licenciar, conforme ele próprio anunciou quando das últimas inaugurações na cidade e já amplamente noticiado na imprensa de São Luís, para dirigir a campanha de Carlos Brandão no leste maranhense.

Não houve ainda formalidade ao legislativo quanto ao pedido de afastamento, que seria por 60 dias, por parte do alcaide municipal. Contudo, na manhã desta sexta-feira, TA mobilizou o secretariado municipal na sua residência, o que não deixa de ser um indício concreto de que o vereador-presidente estaria a um passo de sentar na cadeira do Paço Municipal nos próximos dias e, com isso, abrir vaga para o colega veterano Antônio José Ximenes (Republicanos) assumir a presidência do legislativo municipal, já que é o atual primeiro vice-presidente da casa.