Em editorial da edição de domingo/segunda-feira há cerca de três semanas passadas, o Jornal Pequeno, afamado periódico de São Luís, destacou para seus leitores que a capital do Estado, São Luís, já estava sendo vítima de ações protagonizadas por assaltantes que, de uma hora para outra, passaram a infernizar a vida de motoristas, cobradores e usuários do serviço de transporte público.
Essas incursões, na avaliação do JP, prontamente sufocadas pelo aparato policial da Ilha do Amor, não seriam um fato normal da rotina de quem vive e pratica atos criminosos, mas coisa orquestrada e com extensão na política, que vem se repetindo sempre nos períodos cruciais para as eleições, um espécie de confronto sutil e subliminar bancado por adversários que se digladiam no espectro da campanha eleitoral, e criar factoides, visando minar as forças ou expor os concorrentes, faz parte disso.
Se prestarmos atenção, é o que está acontecendo também, aqui em Caxias, no presente momento. De uma hora para outra, sem o menor alarde, primeiro, apareceram as montanhas de lixo pelos quatro cantos da Princesa do Sertão. Nos últimos dias, o vandalismo das pichações sobre propriedades privadas e logradouros públicos. Os atos acontecem sempre na calada da noite e longe dos olhos do sistema de vigilância pública que não funciona, como a desdenhar das autoridades e a sinalizar que por aqui a administração pública vai mal em muitos quesitos, e muito pior em termos de fiscalização e guarda da cidade.
Nas redes sociais, diariamente a saúde pública vem sendo exposta por denúncias de todos os matizes propagando ineficiência, desumanização e a falta de medicamentos. Imagens como a que circulou de criança deitada tomando soro no piso do hospital infantil, homem protestando diante do hospital geral, merenda ridícula sendo servida na maternidade pública, populares fazendo churrascos diante de buracos de via pública, ganham as telas dos smartphones e computadores comprovando tais falhas do sistema.
Por último, numa demonstração de que a escalada não pára, sucedendo problemas já enfrentados rotineiramente pelo SAAE em seus postos de abastecimento de água, o estádio Duque de Caxias, da Liga Caxiense de Futebol, também entrou para o rol dos prejudicados pelo roubo de fios das suas instalações elétricas, ficando inoperante para jogos noturnos, algo inusitado na história do esporte bretão da cidade.
O furto da fiação do estádio da Liga, no entanto, despertou a curiosidade das pessoas pela exposição a que foi submetida a mais importante praça de esporte caxiense, inclusive localizada em bairro privilegiado, movimentado e cercado de moradias residenciais de classe abastada e média. Ocorresse o fato nos campos de futebol dos bairros mais à periferia, talvez a ação da ladroagem não viesse a ser tão notada, embora estivesse em mesmo grau de prejuízo para a população.
Contudo, no estádio da Liga prevaleceu a ousadia, com a conivência ou não da guarda do logradouro, no interesse da obtenção de fios de cobre orçados em mais de 11 mil reais, mas com o agravante de desmoralizar seus administradores e a própria gestão municipal. Afinal de contas, devido as demais praças esportivas estarem fechadas para reconfiguração, a Liga era o único lugar que estava sendo utilizado pelos atletas caxienses em regime de preparação para futuras competições.
Assim, se a moda pegar, logo sobrevirão notícias do mesmo jaez dos quatro cantos da cidade, pois campo público de futebol com iluminação, em funcionamento ou não, é o que não falta aqui na terra de Gonçalves Dias.
E o pior é que, se nada for feito, nenhuma providência for tomada, talvez toda a cidade de Caxias seja alvo de roubos em larga escala, já que os criminosos parecem não sentir a menor ameaça das autoridades para coibi-los, seguindo um curso de dilapidações sem precedentes ao seu patrimônio público e privado. E reverberando essas ações nefastas, o coro dos que gritam que a gestão municipal é desumana e inoperante, porque preocupada somente em eleger suas candidaturas na eleição que se avizinha no próximo mês de outubro.
Seria acertado, no momento, a gestão municipal constituir um gabinete de crise para identificar e ir debelando essas ações que estão comprometendo a credibilidade da administração, haja vista que o cenário está montado e sobre ele recai um roteiro preestabelecido para destruir reputações e até grupos políticos em ascensão na cidade.
A grande bancada governista na Câmara de Vereadores até tenta defender a gestão diante de algumas situações, projeta melhorias passíveis de acontecer brevemente, pregando a esperança de que os dias de prosperidade estão mais próximos do que se pensa. Contudo, o que se assiste no plenário do parlamento é um certo esmorecimento, sobretudo por parte dos membros mais novatos, perplexos diante de assuntos ligados a quebra de acordos e ausência de isonomia no que tange a participação de cada apoiador no governo. Muitos lembram da época do ex-prefeito Léo Coutinho quando essas questões entram em pauta nas conversas da edilidade.
Dando asas à imaginação, imagina-se as pessoas se deparando com o dia seguinte ao resultado das próximas eleições, quando nada mais puder ser feito para evitar o caos que sobrevirá da adversidade provocada diante da inércia que perdura no atual momento. Isto porque, se o caldo desandar, as coisas não acontecerem como programado, com toda a certeza haverá um rebuliço de proporções imprevisíveis no panorama político de Caxias, resultado inequívoco da escalada de disparates que o caxiense passou a vivenciar nesses tempos.
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