Caxias-MA 24/11/2024 08:27

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Um balneário espetacular, que sofre...


A Piscina do Ponte, um dos cartões postais e privilegiado ponto de lazer de Caxias voltou ao centro das atenções, pelo menos nas duas últimas sessões ordinárias da Câmara Municipal. A discussão se concentrou na implantação de uma praça na área, que o Governo do Estado, em parceria com a Prefeitura de Caxias, pretendem viabilizar talvez ainda no decorrer de 2022, para que não se perca o ímpeto de decisão do recém empossado governador Carlos Brandão (PSB) que, mesmo sendo filho de Colinas, também é cidadão honorário caxiense.

A piscina do Ponte, repleta de banhistas, após sua inauguração na década de 1970.

Até onde se sabe, o governador está decido a realizar o empreendimento, conforme afirmam muitos vereadores que compartilharam da informação com o prefeito Fábio Gentil (Republicanos), aliado de primeira hora do novo mandatário estadual, e já declarado um dos mais proeminentes cabos eleitorais de sua campanha de reeleição ao Palácio dos Leões, para continuar comandando os destinos de toda terra timbira por mais quatro anos.

Que a praça para o complexo do Balneário do Ponte é muito bem vinda, ninguém por aqui, com toda a certeza, não deve ter nada contra. O problema é conferir balneabilidade ao local, em razão do altíssimo índice de poluição que o logradouro apresenta atualmente. 

Você passa hoje pelo local e nem tem coragem de fotografá-lo, face à quantidade de plantas e dejetos expostos em seu leito. Mesmo quando ele está plenamente abastecido de água, não  há ninguém tomando banho. Nem mesmo crianças, faixa etária que não costuma levar a sério certas restrições ambientalistas, levam adiante suas traquinagens no logradouro. 

O caso envergonha quem é da cidade e conheceu a piscina em sua plenitude, sobretudo se buscar na memória a época em que o saudoso prefeito José Castro decidiu que a população tinha o direito de usufruir também das delícias do afamado riacho, até aquele momento restritas apenas às famílias mais abastadas que possuíam residências de lazer, situadas à montante de onde hoje está o grande balneário.

Para dar uma ideia daqueles tempos, muitos ficaram saudosos de não poderem mais, como se diz agora, “curtir” um mergulho na “bacia”, local em que o terreno de lajes sobre o qual corria o riacho formava uma pequena piscina circular natural muito disputada por todos que frequentavam o lugar. 

Os momentos mais apreciados eram os perigosos mergulhos dos banhistas que se arriscavam a pular de cabeça no caldeirão da piscina. Metros acima estava o roncador, uma pequena cachoeira muito apreciada, que cai entre as paredes de laje cortadas pela força da natureza. Mais acima, ficava o local das lavandeiras, trabalhadoras domésticas que usavam as águas para lavar as roupas de casa ou por encomenda de terceiros. Esses locais costumavam abrigar namorados, absortos em suas paixões.

Instalada a grande piscina, no início ninguém falava em poluição. Quando muito, algum despeitado pregava suspeitas de que as casas, tanto ao lado do balneário, como ao longo do riacho, partindo da casa do tenente Aluízio Lobo, estariam poluindo o curso de água com dejetos provenientes de seus esgotos. 

Depois, ante o crescimento dos bairros Salobro e Campo de Belém, notou-se que parte do escoamento dos esgotos dos dois bairros estavam sendo lançados in natura dentro do riacho à altura do porto público de banho e lavagem de roupas conhecido como “Buraco do Ó”. O local fica próximo do complexo de prédios da Delegacia da Polícia Federal, em Caxias, e pouco acima de uma invasão que se formou em uma área particular, após uma negociação de seu proprietário com o Banco do Nordeste.

Primeiro, os banhistas começaram a apresentar pele irritada e muita coceira, após o banho na piscina. Em seguida, vieram os dejetos que podiam ser vistos diariamente. E, assim, aos poucos, a piscina foi sendo relegada a um quadro de abandono, até ser abandonada e se encontrar hoje em péssimo aspecto, onde árvores crescem desordenadamente no seu interior, misturadas a todo tipo de detritos, não só afastando quem dela possa se interessar, mas favorecendo uma péssima impressão para a administração da cidade.

Materializando a praça do balneário, as autoridades irão melhorar a auto estima do bairro, obviamente deixando os pontenses mais contentes. Contudo, se ficar somente nisso, parafraseando o que disse sobre o caso o vereador Torneirinho, seria o mesmo que olhar para uma mulher, achá-la bela, e depois constatar que ela tem os dentes estragados, a boca mal cheirosa, quebrando todo o encanto inicial.

Então, que venha logo a praça do Balneário Ponte e as autoridades, os legisladores, corram atrás de viabilizar um projeto rapidamente, não só para reestruturar a piscina, mas para afastar também toda a poluição que está estragando o riacho, roubando das famílias o lazer saudável, oportunidades de trabalho e geração de empregos, nas muitas oportunidades que certamente advirão para caxienses e visitantes ao receberem o cartão postal revitalizado.

Rompimento

Outro assunto, este bombástico, que repercutiu gravemente na política municipal, foi o rompimento do vice-prefeito Paulo Marinho Júnior (PL) com o prefeito Fábio Gentil, após mais de cinco anos caminharem juntos dentro do grupo político que tomou o poder da família Coutinho em Caxias.

Embora desgostoso com os rumos que a seu ver a administração municipal vem tomando, Paulinho disse nas redes sociais que o trabalho de Fábio Gentil é elogiável, embora tenha sido célere em desmentir nota oficial da prefeitura que negava a sua participação, quando deputado federal, contribuindo com emenda parlamentar de um milhão de reais para Caxias, mais precisamente para a recuperação da estrada para o povoado Buenos Aires, atualmente bastante deteriorada.

No meio da semana, na Câmara de Vereadores, não foram poucos os edis que entenderam o anúncio da saída do vice-prefeito do grupo Gentil, acharam que era seu direito, mas pediram imediatamente que ele entregue os cargos que a gestão lhe permitiu dentro da prefeitura, óbvio que muitos seguindo a cartilha que prega que a vida segue e quem a deixa tem logo que ser substituído. E, aí, dá para imaginar a briga de foice no escuro que está acontecendo nos bastidores pelos cargos e funções.

Que a família Marinho irá trilhar caminho solo, isso é uma certeza. Aliás, já vem de há muito tempo, desde que o saudoso deputado Zé Gentil, um velho amigo e parceiro, saiu de cena repentinamente, vitimado pela covid-19, juntamente com o filho Talmir Neto, duas cabeças consideradas vitais para o equilíbrio da aliança que desbancou os Coutinho.

Lógico que o bate-cabeça de Paulinho com Fábio Gentil tem muito a ver com a próxima sucessão municipal. Não houvesse essa possibilidade, dificilmente não teria faltado apoio incondicional ao vice-prefeito, quando este tentou se eleger deputado federal na região. Mas agora, com a jovem Amanda Gentil sendo alvo de todas as atenções visando uma vaga na Câmara Federal, não poderia ser outro o posicionamento tomado por PMJ.

Logo na primeira gestão do grupo, esse peso de decisão caiu sobre a cabeça de Catulé Júnior (PSB), que logo procurou um caminho que lhe permitisse vislumbrar lances mais altos na política caxiense. Se não tivesse agradado o governador Flávio Dino com o seu trabalho na pasta estadual de Turismo, Catulé Júnior não estaria na posição que se encontra de realmente chegar ao Palácio Manoel Beckman, através das próximas eleições.

Curiosa, no entanto, a posição que algumas pessoas tomam em se aferrar a ideologias num país como o Brasil, onde as legendas partidárias, com raríssimas exceções, servem apenas para mero acesso aos canais do poder. E a posição de Paulinho, declaradamente digladiando com o grupo de Flávio Dino, levou Fábio Gentil a afastá-lo das decisões, mesmo reconhecendo-lhe valor para a política local e federal. 

No cargo de prefeito, FG não tem condições de trabalhar para o município sem o apoio das esferas estadual e federal. E quando conseguiu imiscuir-se na política de Flávio Dino e Carlos Brandão, imaginado com acerto ajudas para Caxias, teve a certeza de que não poderia sofrer percalços por conta de posições antagônicas à sua volta.

Se o caso vai ter desfecho feliz, ou não, ninguém ainda sabe o certo. Mas seria de bom alvitre procurar-se aferir o que a população e o eleitorado pensa de tudo o que está acontecendo. Afinal de contas, foi apostando na aliança Gentil/Marinho que o povo mudou o destino político da cidade.


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