Quando as pessoas rasgaram a última folhinha do calendário de 2021, na sexta-feira, certamente soltaram fogos para comemorar a virada do ano, já que festas populares, uma tradição secular, ainda estão restritas pelas autoridades, por causa da pandemia do covid-19, que ameaça recrudescer através de uma nova variante, a ômicron, em todo o mundo.
Há que se comemorar, pois é fato que as pessoas estão vivas, embora com certeza haja uma certa comiseração na alegria, em razão das mais de 620 mil famílias que estão enlutadas, dentre as quais 347 somente aqui em Caxias, que perderam parentes para a crise sanitária. No mais, 2021 foi um ano apenas para se deixar na lembrança, porque foi um período que protagonizou alto custo de vida para uma população que amarga a sina de carregar nas costas a mais elevada carga tributária do planeta.
Com a economia do país sendo conduzida à solta, porque parece que não há a menor vontade ou intenção de se pôr freios em nada, a volumosa base da pirâmide econômica do país é quem mais sofre, servindo de ponto de apoio para os poucos que estão no seu cume acumulando capitais, sob o disfarçável véu de que tais vitoriosos estão naquela condição para gerir e promover bem-estar para o grosso da população que vive à margem do poder, o que não deixa de ser um ledo engano.
Em sua última reunião do ano com empresários, o Presidente da República deixou a turma decepcionada, pois só falou trivialidades, elogiou ministros, mas nada revelou sobre reforma tributária e administrativa para o país nos próximos meses, especialmente às portas do ano eleitoral, quando propostas de projetos ficam bem mais difíceis de ser apreciadas e votadas pelo Congresso Nacional.
Por sua vez, chega a estarrecer o modo que o empresariado encontrou para driblar a crise financeira vigente, na qual classe trabalhadora vem sendo a mais prejudicada. Além das mexidas que foram oportunizadas para aliviar o caixa das empresas, retirando direitos assegurados aos trabalhadores, essas a torto e a direito vão engendrando métodos e mais métodos para elevarem seus lucros.
O mais recente é a recorrente redução de seus quadros de pessoal. Agora o cliente adentra em uma loja e se utiliza do modelo self-service, ou seja, pega a sua mercadoria e a leva diretamente para pagar nos caixas. A situação, à primeira vista, parece muito boa para a população, mas representa em verdade a demissão sumária de trabalhadores que antes faziam a função de atendimento. Algo do gênero do que passou a ser adotado pelo sistema bancário.
Então, se o país fechou o ano com quase 14 milhões de trabalhadores desempregados, e o quadro tende a crescer, como é que se pode dizer que há futuro para economia nacional? Pelo contrário, as angústia e os temores gerados pela pandemia agora estão mais alarmantes com a falta de emprego. Enquanto isso, jovens e mais jovens, estimulados por programas mantidos pelo governo, deixam em levas as faculdades espalhadas por todo país. Se credenciaram para entrar no mercado de trabalho. Mas, onde trabalhar, se para conseguir uma vaga será imprescindível contar com a ajuda de um agente político que, talvez, seja capaz até de incluí-lo em um grupo de rachadinha?!
Essa política nefasta empurrou o brasileiro pobre para a condição de miserável, ao ponto de muitos estarem revirando lixo em busca de comida para saciar a fome, pessoal e de seus familiares, simplesmente porque não dispõem de dinheiro para comprar nada. E o pior é que o espetáculo soa indiferente para quem é governante largamente beneficiado pela arrecadação pública, com a cabeçada voltada para projetos pessoais de poder, em detrimento de atender as demandas da população em geral.
Impressiona que certos setores do funcionalismo público, já beneficiados com salários para lá de vultosos, sejam contemplados com aumentos que lhes recuperam o alto padrão de compra, enquanto o salário mínimo do trabalhador esteja fixado para o próximo ano a pouco mais de 1.200 reais, o que é muito pouco para ele interagir na economia dolarizada em que vive o Brasil.
Por outro lado, a propalada política anticorrupção, base da campanha presidencial do atual primeiro mandatário do país, ainda não disse a que veio, e o que se vê é a continuidade de acertos com grupos políticos do esquema “toma lá, dá cá”, antes tão criticados, estarem se repetindo com ênfase renovada, ao ponto de ter sido negociado um fundo eleitoral de mais de 5 bilhões de reais para as eleições de 2022. Quer dizer: tudo continua do jeito que sempre foi. E assim, brechas e mais brechas para corrupção vão se multiplicando.
Contudo, 2022 será um ano de esperança a todos que torcem por uma redenção do Brasil em quase todos os níveis, haja vista que até outubro ninguém falará de outra coisa, que não seja eleição presidencial, escolha de candidatos para governador, senador e deputados federais e estaduais.
Nesse mister, Caxias, pelo menos o grupo que governa o município, já levantou bandeiras para o vice-governador Carlos Brandão (PSDB), que assumirá o governo no próximo final de março, sucedendo o governador Flávio Dino (PSB) que receberá seu apoio para o senado. Além disso, o prefeito Fábio Gentil apresentou a secretária municipal de governo Amanda Gentil para disputar vaga na Câmara Federal, e manifestou apoio à candidatura de Catulé Júnior e à reeleição da deputada Daniella Tema (DEM), para a assembleia estadual.
Experientes da política caxiense, no entanto, declaram que tal base de apoio ainda não pode ser considerada firme rumo às eleições, sob a justificativa de que há atores que não podem deixar de atuar agora e assim comprometer a sucessão municipal de 2024.
Nas últimas horas, uma pesquisa destacando o nome da ex-governadora Roseana Sarney à frente das intenções de voto à sucessão estadual (23%) provocou frenesi no meio político maranhense.
A ex-governadora, entretanto, não tem se mostrado disposta a disputar novamente o cargo e diz que prefere abraçar uma campanha para deputado federal. Segundo a pesquisa, o senador Weverton Rocha (PDT), no momento, figura em segundo lugar (14%), seguido do ex-prefeito de São Luís , Edivaldo Holanda Jr. (PDT) (13%), do vice-governador Carlos Brandão (9%) e do senador Roberto Rocha (PSDB), com 8%.
Como tem confabulado mais com o governador Flávio Dino do que, por exemplo, com o senador Weverton Rocha, Roseana, se não for mesmo candidata ao governo, terá em suas mãos a decisão da próxima sucessão estadual, pois para onde pender certamente levará uma montanha de preciosos votos.
Por enquanto, o cenário político maranhense apenas começa a balançar as cortinas. Nos meses seguintes, todo o palco será aberto ao conhecimento do eleitorado, com cada fato apreciado no seu devido tempo. Feliz 2022!!!
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