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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Quadro político começa a se definir para as futuras eleições


O Natal Iluminado novamente está presente em Caxias, mas vivenciando uma atmosfera mais esperançosa do que no ano passado, quando a pandemia entre nós deixou todo mundo amedrontado. Malgrado haver perdido amigos, o pai e o irmão para a crise sanitária, o prefeito Fábio Gentil fecha 2021 dando provas que as feridas ainda não cicatrizaram de todo, mas são mais suportáveis, e está à frente da administração trabalhando diligentemente para aumentar ainda mais o seu cacife político, diante do apoio que recebeu de quase 80% do eleitorado caxiense no pleito em que se reelegeu. 

Num gesto inesperado, que surpreendeu muita gente, ele reforçou a sua equipe de governo com um quadro de peso e experiência, o engenheiro José Miguel Viana, caxiense, ex-secretário de obras e ex-prefeito da cidade, para a laboriosa Secretaria Municipal de Infraestrutura. E, desde então, obras e serviços estão por todos os cantos da sede do município ou na zona rural. Há calçamento e pavimentação de ruas e travessas, e mutirões de limpeza que ocorrem sistematicamente pelos bairros, embora seja determinante também fazer a população entender que o manuseio de lixo vai além das pessoas se livrarem de dejetos, atirando-os livremente às ruas como acontece atualmente, mas é também um problema que deve ser observado com muito cuidado, uma vez que a sua incômoda e malcheirosa presença prejudica a saúde de todos.

No afã de ficar melhor com a população, o mandatário municipal levou seu grupo a aliar-se com o governador Flávio Dino (PSB), político que sempre foi partidário da família Coutinho que hoje faz oposição a Gentil, viabilizando vários investimentos de destaque em Caxias. O mais recente, sem dúvida, foi a inauguração do Restaurante Popular Zé Gentil, instalado nas dependências do reformado prédio centenário que serviu de sede à União Artística e Operária Caxiense, diante da praça Dias Carneiro, popularmente conhecida como Praça do Panteon Caxiense. 

Lá, todos os dias, de segunda à sexta-feira, estão sendo servidas 1.500 refeições de qualidade, preparadas por nutricionistas, mil no almoço, e 500 no jantar, ao custo de um real, teoricamente para garantir a subsistência de pessoas em situação de vulnerabilidade social que circulam pela área central de Caxias, mas que não impede também que comerciários, servidores públicos e moradores da zona rural, de passagem pela cidade, dele também façam uso. O efeito de tal benefício não pode ser avaliado de forma negativa pela população.

O ritmo dos investimentos, que se intensificaram a partir da bela Praça da Família, no bairro Cohab, do Parque Ambiental temático do bairro Pirajá, chegará ao clímax com a inauguração da nova Avenida Beira-Rio, cujas obras estão sendo levadas a toque pela Secretaria de Estado de Turismo, capitaneada pelo caxiense Catulé Júnior. Não obstante, através de uma aliança com a deputada estadual de Tuntum, Daniella Tema (DEM), que já direcionou emendas para Caxias, não só os bairros, mas muitos povoados, terão suas ruas asfaltadas nos próximos meses.

Óbvio que a aproximação do governador com o prefeito de Caxias não ocorreu por gesto de amizade ou coisa que o valha. Flávio Dino certamente percebeu a vantagem de trazer para o seu lado um gestor com popularidade e muita força de voto na região leste do Maranhão. Mas, para sua  estratégia vingar com brilhantismo, permitindo que a sua linha de trabalho venha a ser preservada quando tiver que deixar o governo estadual para se lançar, a partir de abril de 2022, em disputa a uma vaga ao Senado Federal, Dino não poderia ter encontrado uma ajuda melhor do que o nome de Carlos Orleans Brandão (PSDB), o seu vice-governador ao longo de sete anos, para animar a amizade com os gentilistas de Caxias.

Natural de Colinas, cidade próxima a Caxias, Brandão, cuja família também se estabeleceu e produziu frutos em solo gonçalvino, ao beber da água local, encheu-se de amores pelo município e muito vem contribuindo para o atendimento das demandas caxienses na esfera estadual. Tal compromisso já lhe concedeu o título de cidadania caxiense, entregue com pompa e circunstância ano passado na Câmara Municipal. Os conterrâneos, agora, aguardam ansiosamente pela sua ascensão ao Palácio dos Leões, no próximo ano, para desfrutar das muitas benesses a que farão jus os amigos mais próximos e os aliados de primeira hora do futuro governador, que certamente estará pensando também na sua reeleição em 2024. 

Com as máquinas e homens a serviço nas ruas e nos povoados, o prefeito de Caxias só precisará de mais um empurrão para se manter no topo da política local, que é entregar aos caxienses, principalmente aos vendedores do comércio informal, no intuito de desafogar as ruas do perímetro central da cidade, o  Shopping do Cidadão. A refrega que sustentava com o sindicato do funcionalismo municipal, sobre recursos do FUNDEB, acaba de ser equacionada com a decisão de conceder até o final do ano, além do 13º salário normal, o 14º, o 15º e o 16º salários para os professores efetivos da rede municipal de ensino. E fecharia o ano com chave de ouro se concedesse ao menos um abono aos demais segmentos do funcionalismo da prefeitura.

À essa altura dos acontecimentos políticos, Cabeludo só tem na cabeça, concretamente, o esquema para conseguir colocar a filha, Amanda Gentil, em uma das vagas da Câmara Federal. Demonstra interesse em eleger o primo, Teódulo Aragão (PP), para a Assembleia Legislativa do Maranhão, e torce para que o amigo Catulé Júnior também tome para si uma das vagas de deputado estadual que estão em disputa na região, levando o atual deputado estadual Adelmo Soares a uma disputa ferrenha com a sua concorrente dentro do seu próprio grupo, a postulante de Matões, Cláudia Coutinho, candidata também à sucessão da deputada estadual Cleide Coutinho (PDT), que já anunciou a sua retirada da política.

É óbvio que outros nomes da terra serão lançados na disputa eleitoral do próximo ano. A imaginação pairou somente sobre os nomes mais fortemente apoiados por seus grupos de correligionários e influência no município e no estado. Lamentável, por exemplo, que o vereador Daniel Barros (PDT), que faz oposição solo na Câmara Municipal, tenha sido ferido de morte por seu grupo político, que fechou apoio com a reeleição do deputado Gil Cutrim para a Câmara dos Deputados. O autodenominado fiscal do povo, que tem o objetivo de concorrer à Prefeitura de Caxias, em 2024, deve ter sentido um golpe e tanto ao sentir sua retaguarda abandoná-lo no embate com os adversários.

Por outro lado, não se sabe até onde a relação de Flávio Dino perdurará com a família Coutinho, após seu apoio declarado na semana a Carlos Brandão. O clã certamente terá de decidir se seguirá apoiando Flávio, agora em pretensão para o Senado Federal, ou se hipotecará apoio ao senador Weverton Rocha (PDT), que ajudou a eleger e quer agora disputar a vaga de governador do Maranhão, com a saída de Dino. 

Resta a saber também o que ocorrerá, de fato, nas eleições municipais de 2024. Certeza mesmo é que o prefeito Fábio Gentil não poderá mais ser candidato à reeleição, por força de dispositivo constitucional. Estaria ele apostando no nome da própria filha, se eleita deputada federal...??! E o seu vice, Paulo Marinho Júnior (PV), ganharia o último ano do atual mandato para Amanda Gentil poder concorrer...??! Ele próprio teria força para buscar sua reeleição sozinho...??! Cabeludo teria outro nome no bolso para a sucessão…??! Como se pode intuir, o quadro político de Caxias começa a se definir para as futuras eleições.


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