Nas boas escolas de jornalismo do país, os profissionais de comunicação, a partir das primeiras aulas, são orientados para o valoroso trabalho de informar o público, pautando seus posicionamentos com respeito à veracidade dos fatos e ao Código de Ética da categoria, versado em 27 artigos. Quem entrou no ramo, portanto, se não conhece e segue tais princípios, pode ser qualquer coisa, menos jornalista.
O artigo 14 desse código deixa claro que o jornalista deve ouvir sempre, antes da divulgação dos fatos, todas as pessoas objeto de acusações não comprovadas, feitas por terceiros e não suficientemente demonstradas ou verificadas, além de tratar com respeito todas as pessoas mencionadas nas informações que divulgar.
Ocorre que com o dominante avanço das redes sociais, dada à facilidade dos recursos que a internet favorece por todo o planeta, muita gente tem se aproveitado da situação para dizer o que pensa na hora que lhe dá na telha, e o mais incrível é que tem também muita gente disposta a acreditar no que ouve ou vê. Às vezes tem diante de si uma matéria esclarecedora, veiculada por um veículo de comunicação idôneo, mas prefere acompanhar “a sugestão” de fatos inverídicos ou sem comprovação, talvez apenas porque não simpatiza com o personagem ou as personagens envolvidas.
Para piorar o quadro lamentável, pois é certo que o leitor ou ouvinte está sendo remetido, sem perceber, a um terreno de terra movediça, tais informações agora ganharam o efeito de ser multiplicadas exponencialmente, alcançando ao mesmo tempo todos os segmentos sociais, em tudo levando a crer da sua veracidade.
Um dos criadores das chamadas fake news, na distante Macedônia do Norte, no leste europeu, Christian, jovem de 20 anos, foi entrevistado pela equipe do programa “Que Mundo é Esse?”, da GloboNews, para o documentário “Fake News – Baseado em fatos reais”, e não teve cerimônia em afirmar que ganhava a vida escrevendo notícias falsas, ressaltando que o mais incrível era que as pessoas acreditavam no que era noticiado.
Fico a imaginar o que faria hoje o gênio da propaganda moderna, Joseph Goebbels, com a máquina da propaganda nazista, de posse de tais recursos, ele que tinha por premissa, e afirmava sempre sem pestanejar, que uma mentira dita mil vezes se transformava em verdade.
Essas considerações estão sendo feitas porque há internautas oferecendo nas redes sociais uma campanha insidiosa contra o presidente da Câmara Municipal de Caxias, vereador Teódulo Damasceno de Aragão, na qual há a tentativa de ligá-lo a máfias do crime organizado na região, desde que a Polícia Federal, por meio da Operação Hesíodo, prendeu alguns meliantes em Caxias, Timon e Teresina.
A procuradoria jurídica do legislativo caxiense está de posse de certidões negativas emitidas pelas autoridades policiais, que eximem o presidente da casa de qualquer participação no caso, e já há providências no sentido processar criminalmente os divulgadores. Os advogados partem do princípio de que a justiça é o fórum apropriado para se obter a resposta mais adequada nesse tipo de situação, porque, como ninguém, sabem, como diria o estadista britânico Sir Winston Churchill, “que uma mentira caminha meio mundo antes que a verdade tenha a chance de vestir as calças”.
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