A maioria das pessoas leva a vida sem perceber que tudo o que acontece no universo tem causa e efeito. A física moderna ressalta que toda ação em um certo sentido sempre importa em uma imediata reação em sentido contrário. É um postulado universal, até prova em contrário, dentro da dimensão de existência em que nos situamos.
Vendo as coisas sob esse prisma é possível compreender o que vem acontecendo no meio político de Caxias nos últimos dias, pois observa-se que o ambiente vivencia um momento sufocado por denúncias, muitas das quais, se fundadas ou não, estão oferecendo um retrato fiel do que acontece nos bastidores, longe dos olhos e ouvidos da população. Desconforto com a situação, medo de ser deixado para trás, resposta a pressões recebidas, preocupação com eventual mudança de poder, transformaram-se em ilações a perturbar o sono dos agentes que fazem parte das correntes de decisão da vida da cidade.
Percebe-se que a impressão sobre as coisas não se concentra no dia-a-dia do caxiense ainda pressionado, como de resto todo o povo maranhense e brasileiro, pela pandemia do covid-19, apesar da vacinação que já se faz acelerada no município e alcança quem tem mais de 25 anos, mas com o futuro, saber como a política ficará no próximo ano, que será época de eleição para presidente, senado e câmara federal, além das assembleias dos estados, inclusive alinhavando-se também projeções à futura sucessão municipal, em 2024.
Assim, com essa avalanche de possibilidades crescendo, de uma hora para outra começaram a circular todo tipo de informação nas redes sociais, sobretudo por parte de quem não conta com os tradicionais meios de comunicação à sua disposição. O assunto rendeu uma semana inteira de indignações entre os edis na Câmara Municipal, e não foram poucos da bancada governista que usaram a tribuna para defender a classe política dos ataques recebidos.
Claro que a moral reza que ninguém deve se aproveitar desse ou daquele episódio sem provas, para destratar essa ou aquela pessoa que não goze momentaneamente da sua simpatia. Entretanto, estamos falando da postura que se pede a um cidadão normal e que convive bem em sociedade, e não para quem sobrevive na seara política, onde o vale-tudo não respeita regras estabelecidas.
Em posição privilegiada, depois que amealhou cerca de 80 por cento dos votos válidos na sua reeleição, o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) obviamente se tornou o grande alvo de toda sorte de reclamações, pois montou rapidamente no cavalo selado que passou à sua frente, despertando temor generalizado aos que acham que ele cresceu tanto politicamente, ao ponto de não mais precisar de aliados para seguir em sua trajetória de poder.
Não há dúvida que a possibilidade mereça certa atenção. Contudo, exemplos passados, soberbamente alimentados em interesses que não se coadunaram à classe política local, terminaram por produzir fracassos e decepções que marcaram tristemente a vida dos que, se julgando no apogeu e com toda a razão, amargam no presente o efeito devastador causado por suas pretensões.
Por outro lado, é cabível que as discussões que se formaram em torno do tema, trazidas pelos agentes que ora acusam, talvez sejam um chamamento à razão do timoneiro para manter a embarcação no curso estabelecido e não quebrar a rota prevista, já que não há tempestade ou outro tipo de tormenta no radar que possa lhe prejudicar a viagem.
O recado talvez seja no sentido de mostrar que, em se desagregando internamente, todo grupo político tende a se enfraquecer, e que é nessa hora que aquele que se faz passar desapercebido procura trazer para si os inconformados, os ressentidos, preparando o golpe futuro para alijar quem está no poder.
Basta levar em conta que em Caxias a vida política segue este curso há décadas e que o eleitorado não gosta muito de preservar por muito tempo os que são ávidos a se manterem no poder, fazendo inesperadas mudanças, muitas vezes só para mostrar que ele é que tem força, de fato, para substituir.
Outro fato que mereceu destaque na semana foi a renúncia do engenheiro Carlos Alberto Martins de Sousa, que devolveu ao prefeito a chefia da Secretaria Municipal de Saúde, treze meses após ter assumido o cargo. Convidado para o posto para por ordem na casa em plena pandemia, alegando motivos pessoais ele devolveu a pasta no meio da semana ainda com a crise sanitária evidente no município.
A renúncia formalizada em nota oficial intitulada “Carta ao Povo de Caxias - Em plena pandemia” só aumentou as especulações sobre a sua demissão voluntária, alimentando a imaginação dos que creem que os queixumes estão se tornando voz corrente na parte intestina da gestão municipal.
PUBLICIDADE