Com a visita do vice-governador Carlos Brandão a Caxias na segunda-feira, 21, oportunidade em que ele visitou obras que estão sendo executadas pelo governo estadual no município, algumas em parceria com a prefeitura, e recebeu o seu título de cidadania honorária caxiense conferido pelo legislativo municipal, o episódio da prisão de contraventores suspeitos de associação com o narcotráfico internacional, no dia 10, e uma suposta ligação deles com políticos da cidade, perdeu consistência no ideário imaginativo dos caxienses.
Como Brandão, antes, no calor da Operação Hesíodo, realizada pela Polícia Federal, suspendera subitamente a visita programada a Caxias para 11 de junho, fazendo supor que havia algo de muito errado na cidade, sobretudo porque os noticiários de televisão em rede nacional enfatizaram o envolvimento de suspeitos que se movimentavam com desenvoltura pelo meio político, fazendo amizades e oferecendo favores, o fato deixou toda a sociedade caxiense na maior apreensão de estar figurando em mais um escândalo de proporções catastróficas, pelo menos em seu meio político.
Hoje já se sabe que os suspeitos continuam sob custódia e a investigação policial avança. Não obstante, a presença do vice-governador no início da semana sacramentou uma espécie de atestado de idoneidade à classe política local, como que eximindo-a de qualquer participação naqueles acontecimentos policiais, como muita gente chegou a supor.
Para dar uma ideia do que ocorreu nos bastidores da política caxiense, o caso chegou a ser tratado como fato de enorme gravidade, ao ponto do vereador Catulé (Republicanos), parlamentar com mais idade e experiência em Caxias, sugerir que a mesa diretora da Câmara Municipal solicitasse imediatamente à PF, ao Ministério Público Federal, a confirmação de informações sobre o envolvimento de políticos da terra no inquérito da operação policial em curso. “Nossa Câmara de Vereadores tem mais de 200 anos de idade e ela, assim como nossa sociedade, não podem ser aviltadas com uma notícia dessas. É preciso averiguar, para que possamos responder, dar satisfação aos caxienses”, reclamou o vereador no plenário da CMC.
Entretanto, se por um lado a classe política foi isentada de participação, por outro a comunidade tomou ciência das garras que grupo criminoso com envolvimento em roubos contra instituições financeiras e a transportadoras de cargas vem estendendo por todo o leste do Maranhão e o vizinho Piauí. Os investigados, segundo a operação, teriam tarefas bem definidas, nas quais alguns eram o braço armado do grupo, realizando cobranças de dívidas, enquanto outros realizavam a venda de drogas e armas, e alguns eram operadores financeiros para lavagem de dinheiro.
Não é possível mais ignorar também que a grossa bandidagem parece cada vez mais consolidado por aqui, e que já existe até guerra entre facções rivais, como ocorreu em episódio recente registrado em maio no bairro Teso Duro, onde testemunhas contaram que um carro foi incendiado por homens armados, após uma confusão entre grupos rivais dos bairros Antenor Viana e Teso Duro, onde houve até troca de tiros.
Por outro lado, a distribuição de drogas nunca esteve tão em alta em Caxias como agora, e pode ser vista por qualquer expectador atento a partir das praças públicas da cidade, onde os viciados não tem mais o menor pudor de esconderem suas preferências abertamente, muitos usando dessa ou daquela substância por prazer ou para criarem coragem e irem depois assaltar os transeuntes das proximidades, buscando recursos para sustentar o hábito adquirido.
Como está à vista de todos que são muito parcos os recursos de fiscalização na cidade, chega a ser vergonhoso constatar que os próprios usuários desses logradouros estejam buscando, sem confrontação, alternativas para se livrarem de viciados e distribuidores de drogas. Em algumas praças de bairros, por exemplo, nota-se que os bancos estão ficando sem assentos, a fim de que os mesmos não sirvam mais para locais de encontros e pontos de distribuição de drogas.
Por isso, à espera de ações mais concretas para o município a partir de abril de 2022, quando o agora cidadão caxiense Carlos Brandão assumir o governo estadual, a grande maioria dos parlamentares caxienses liderada pelo presidente da Câmara, Teódulo Aragão (PP), juntamente com o prefeito Fábio Gentil (Republicanos), assumiu de viva voz no plenário do legislativo, durante a sessão solene que lhe outorgou o título de cidadania, apoio total ao novo confrade na próxima sucessão estadual que irá acontecer nas eleições do próximo ano.
Pesando a dificuldade que sempre enfrentou para se alinhar ao Governo do Estado na gestão do governador Flávio Dino, dadas às ligações mais estreitas que o governante mantém com o grupo que lhe faz oposição no município, o prefeito Fábio Gentil havia muito tempo que vinha costurando uma aproximação concreta com o vice-governador Carlos Brandão, talvez por acreditar que ele seria mesmo o nome do grupo dinista à sucessão estadual. E parece que acertou em cheio.
Afinal de contas, se há dois nomes fortes consolidados no grupo dinista à próxima sucessão estadual, como é o caso do senador Weverton Rocha (PDT) e o do vice-governador Carlos Brandão, além da amizade agora fraterna com Brandão, Fábio Gentil enxergou também que o próprio senador em questão foi aliado de primeira hora do grupo político contrário à sua eleição.
E, assim, nada poderia ficar melhor para ele e seus correligionários no script da futura conjuntura política estadual que alinhar-se à forte corrente do rio que está correndo célere para o mar, dentro da nau capitaneada pelo próprio governador Flávio Dino, e que tem como oficial imediato o vice-governador Carlos Brandão.
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