Caxias-MA 21/08/2025 23:33

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Tensões à vista


A escolha dos parlamentares corregedor e subcorregedor de cada sessão legislativa, que dura dois anos, na Câmara Municipal de Caxias, está deixando a vereança nervosa nas duas últimas semanas.

Assunto a ser resolvido logo após a posse da mesa diretora da casa, conforme estabelece o regimento interno da CMC, o fato dele estar em pauta agora, devido aos atrasos que a pandemia tem causado aos trabalhos do legislativo, acabou misturando, por conta da temperatura política, a formalidade da escolha em um bastião a ser conquistado a qualquer preço.

A impressão que se tem, ao pesar as movimentações nos bastidores do poder, é a de que a casa legislativa caxiense se prepara para criar uma espécie de tribunal de inquisição, pronto para defenestrar tudo que não esteja de acordo com o script exposto no cenário político do momento.

Em seus 14 artigos e dezenas de incisos, a Corregedoria, responsável pela manutenção do decoro, da ordem e da disciplina no âmbito da Câmara Municipal, assim como dar cumprimento às determinações da mesa diretora referentes à segurança interna e externa da casa, supervisionar a proibição de porte de arma e fazer sindicâncias sobre denúncia de atos ilícitos de parlamentares e servidores, dentre outras atribuições, tem mesmo um poder muito grande à sua disposição.

Sentindo o rumo dos acontecimentos e a disposição acalorada dos novos parlamentares que ora são maioria na bancada, o vereador Catulé (Republicanos), com a experiência de 30 anos de batente na política do município, abordou o tema com a delicadeza que  situação requer, mas deixando a entender no plenário que aparelhar o órgão para missão determinada é um grande risco, considerando-se que o quadro político se apóia invariavelmente sobre uma gangorra, na qual, em determinado período, é possível para os atores estar na parte de cima ou na de baixo, e vice-versa.

O que o vereador decano do parlamento caxiense quis dizer é que a virtude da prudência não pode ceder espaço para rompantes temperamentais desta ou daquela facção política, tanto mais que a atividade mais exigida no parlamento, como a própria designação define, é fazer uso da palavra, tecer considerações, e não calar a boca de quem quer que seja com ameaças veladas que, diga-se de passagem, constituiria um contrassenso no âmbito de um lugar projetado para valorizar quem fala melhor.

Se muita gente que entrou agora na política não sabe disso, não há porque falar-se que houve renovação na CMC, muito pelo contrário. É preciso entender que em um parlamento democrático nunca poderá haver unanimidade de pensamento. Ignorar tal contexto é fadá-lo à inutilidade e assumir o risco de ser varrido do quadro na próxima eleição, porque o eleitorado, embora não possa opinar nas sessões, sabe muito bem fazer juízo de valor para determinadas situações.

O vereador Teódulo Aragão (Republicanos), presidente da CMC, agiu com acerto ao suspender a eleição interna que deveria ter ocorrido na última sessão, abrindo espaço protocolar por toda a semana que passou para os interessados formularem suas inscrições aos dois cargos da corregedoria, cuja escolha deverá ser aprovada na próxima reunião do parlamento, no dia 14.

Vale a pena ficar ligado nas próximas sessões ordinárias híbridas do parlamento caxiense, pois outro tema bombástico começa a ganhar forma e tem o poder de abalar meio mundo, que é a investigação mais ampla possível das receitas e gastos da saúde pública municipalizada de Caxias.  No âmbito do poder, hoje a palavra que se mais ouve é CPI, ou seja,  o estabelecimento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para a saúde.


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