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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Uma dose de sentimento, contra a agressividade e a indiferença


Agiu acertadamente a Câmara Municipal de Caxias, passado o período de luto oficial, em homenagear solenemente, na noite da última quarta-feira, 14, um de seus membros que perdeu a luta da vida para o covid-19, na semana retrasada, o vereador Uaryni Bastos Cavalcante (PMN), aos 33 anos de idade.

No alto patamar em que a pandemia do novo coronavírus se encontra no município, onde as internações hospitalares se mantém entre 80 a 90 casos ao dia, e os óbitos já alcançaram 270 pessoas até a presente data, número que é mais do que o dobro do registrado em fevereiro passado, foi salomônica a decisão do vereador Teódulo Aragão (PP), presidente do legislativo, em optar pela realização de uma sessão solene póstuma para Uaryní Cavalcante, do que simplesmente abortar a sessão ordinária remota por falta de quórum no horário previsto para o início (18h) dos trabalhos legislativos na casa.

O gesto do vereador-presidente, que em verdade tencionava inicialmente apenas abrir um espaço na sessão ordinária remota para o ex-vereador Jerônimo Ferreira Cavalcante Filho, pai do homenageado, se pronunciar e agradecer a solidariedade dos caxienses, face ao inesperado passamento do filho recém-introduzido na política do parlamento municipal, recebeu imediata aprovação da maioria dos seus pares.

Em alto e bom som, proferindo elogios, o vereador Catulé (Republicanos), parlamentar com mais idade na casa, que esteve nos últimos quatro anos à frente da CMC, e conhece como ninguém os meandros da política local, do alto de uma experiência adquirida em mais de 30 anos de atuação parlamentar, foi quem se manifestou com mais veemência. E, se agiu assim, foi por entender que aquele era o momento, a oportunidade de renovar a luz, o sentimento das pessoas, nessa época aterrorizada por uma pandemia que já começa a levar nossa comunidade a olhar a morte de mais de 3.700 pessoas no Brasil, como acontecido nas últimas 24 horas, por causa somente de uma doença, como fato banal e comum.

Como entidade que representa o Poder Legislativo na cidade, a Câmara manteve de pé as mais caras tradições caxienses de homenagear também seus mortos, respeitar a dor das famílias, preservando nosso indispensável sentimentalismo mesmo numa época em que os familiares, os amigos, não estão podendo acompanhar de perto os féretros de seus entes queridos para os cemitérios, ante a iminência das pessoas se contagiarem também.

É bem verdade que a decisão de Teódulo Aragão talvez não tenha merecido a acolhida unânime da cidade e mesmo entre alguns de seus pares, dado que muitas pessoas ainda estão vivendo em estado de animosidade por causa do último pleito eleitoral, de certa forma pressionadas pelo clima da doença, e preferem se manifestar dentro de padrões normais da vida social, como a demonstrar que esta é a fórmula para se sobreviver ao momento trágico em que todos estamos vivendo.

Lá mesmo, no parlamento municipal, servidores e vereadores já estiveram, ou estão contaminados, se tratando da doença.  Então, mais calma aí, pessoal, que a legislatura é de quatro anos e, se tudo der certo com a vacinação do país, no máximo, em 2022, a normalidade retomará seu lugar na cena brasileira. É imperativo levar em conta, agora, que qualquer demanda que não envolva ação na área da saúde, fatalmente levará comunitários e servidores públicos para o redemoinho da Covid-19, abrindo espaço para mais internações nos hospitais e situações fatalidade.

Em defesa de pontos de vista, alcance de plataformas empresariais, a sobrevivência no mercado de trabalho, a própria sobrevivência diária, maior espaço no meio político, muitos estão agindo de forma obstinada e até agressiva, como se não houvesse mais o dia de amanhã. E isso é compreensível, na medida que já perdemos e ainda iremos perder os encontros festivos do carnaval, as festas juninas, passagem de ano, dentre outras comemorações que fazem a vida do brasileiro mais feliz.

Não, para confrontar essa onda de medo, manter a sanidade em alta, talvez baste que nos esforcemos em oferecer mais sentimentos aos nossos gestos e atitudes, civilidade, como demonstrado pelo legislativo municipal, contra a catatonia e a indiferença que avançam contra nossa sociedade.    Extraia-se o exemplo que parte das autoridades sanitárias, as quais, em meio a essa guerra contra um inimigo imperceptível e agora cheio de sutilezas, tentando reduzir o estado de tensão da comunidade, insistem em nos recomendar  a adoção de hábitos de prevenção e distanciamento social, como meios mais eficazes de contermos a propagação da pandemia, enquanto a vacinação em larga escala não vem.

Claro que é hora também de intensificar ajuda aos mais necessitados, distribuir cestas básicas e orientar que as pessoas não tenham medo das vacinas que irão preservar suas vidas. Afinal, aqui, em Caxias, por força da gestão municipal, crianças já estão sendo assistidas com o imunizante contra a gripe, enquanto quem tem mais de 63 anos já recebe a vacina contra o covid-19.

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E, por falar em gestão municipal, o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) enviou ofício à presidência da Câmara de Vereadores indicando o vereador Ricardo Rodrigues (PT) como novo líder do governo no parlamento caxiense. Eleito pela primeira vez na última eleição municipal, durante a administração passada, o vereador integrou o staff da Prefeitura de Caxias, ocupando cargo na Secretaria de Governo e Articulação Política.

Na quinta-feira que passou, 15, tomou posse no cargo de vereador, no lugar do saudoso vereador Uaryni Cavalcante, no Gabinete da Presidência da Câmara, o suplente de vereador José Hilton dos Santos Barros Júnior, mais conhecido como Júnior Barros, de 31 anos. O novo vereador nasceu em Caxias e concorreu pela primeira vez somente no pleito passado, quando obteve os 608 votos que lhe garantiram a primeira suplência do partido PMN.

“Estou feliz, mas, ao mesmo tempo, não era dessa forma que eu imaginava o ingresso na Câmara Municipal. Lutarei, junto com meus colegas vereadores, para que a saúde da população seja cuidada e pretendo dar continuidade ao excelente trabalho que Uaryní Cavalcante vinha desempenhando. Colocarei minhas idéias, ações e projetos em prática, para que Caxias continue sendo uma cidade cada vez melhor”, disse Júnior Barros, após ser empossado pelo presidente Teódulo Aragão (PP), em cerimônia restrita a seus familiares e assessores da CMC.


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