Por toda a semana a Câmara Municipal de Caxias esteve literalmente fechada, e deverá permanecer assim pelos próximos sete dias ou mais, em razão de cerca de 19 servidores da casa terem testado positivo para o covid-19. Sem perder tempo, o vereador Teódulo Aragão (PP), presidente do parlamento, baixou portaria suspendendo as atividades presenciais na sede da CMC, ao mesmo tempo em que providenciava um exame de testagem a todo o seu funcionalismo, bem como de toda a bancada parlamentar do legislativo caxiense.
Não há dúvida de que tal decisão apanhou de surpresa quem tem o hábito de frequentar assiduamente a casa do povo da cidade, sobretudo nesse período de início de legislatura em que o poder, renovado em dois terços de seus membros e a julgar pela desenvoltura inicial dos novos quadros, concentra toda uma expectativa para os muitos debates que se evidenciarão em seu plenário, ainda ao longo deste ano.
A decisão intempestiva do vereador Teódulo pode até não ter sido bem absorvida por quem acompanha as coisas que dizem respeito ao Município de Caxias, mas não há dúvida de que ele agiu com competência e determinação, agindo da forma mais correta, como se espera de uma autoridade ciente de suas obrigações e responsabilidades. Se tinha meios de conter a pandemia na Câmara, fez o que estava a seu alcançe, suspendendo momentaneamente as atividades presenciais no parlamento.
Afinal, estamos vivendo em período de pandemia que ameaça se sobrepor à situação já vivenciada por todos ano passado, uma vez que já há notícias de que novas variantes do vírus começam a aparecer no país.
Em decorrência da insistência de grupos de pessoas comemorarem as festas de fim de ano e depois um carnaval desfigurado do seu modelo tradicional nas ruas, promovendo aglomerações temerárias, contrariando as orientações das autoridades sanitárias pedindo cautela e prevenção, o que foi presenciado nos últimos dias foi um crescimento acentuado de infectados, à razão de cerca de 30 a 70 infecções diárias, pressionando a estrutura hospitalar do município, tanto em nível de enfermaria como em unidades de tratamento intensivo.
Mesmo com a chegada da primeira dose da vacina contra covid-19 para as pessoas com mais de 85 anos, a população em geral precisa entender que estamos diante de uma doença de tratamento muito difícil, se assim é cabido dizer, e que depende tanto da eficiência dos serviços médicos, quanto do estado de saúde dos próprios pacientes infectados.
Para dar uma ideia da situação, principalmente a quem não considera os fatos com a propriedade que o momento exige, em São Luís, a capacidade de internação hospitalar está em 90%, e em Teresina (PI), capital mais próxima de nossa região, já não há disponibilidade de vagas para tratamento nas unidades públicas de saúde. O Ministério da Saúde tenta transportar casos de urgência de um estado para o outro, mas até essa medida já enfrenta barreiras de contenção, simplesmente pela iminência de um colapso geral em toda rede hospitalar brasileira. Para onde se vai, não há vaga.
É evidente que todos temem um colapso da economia, e que em razão disso a pressão de empresários e comerciantes sobre as autoridades é muito grande, quando aventada a possibilidade de lockdowns nas cidades. Entretanto, é a própria população que tem que restringir mais a sua movimentação pelas cidades, como forma de evitar a propagação da doença.
Tudo é uma questão de ponto de vista e de determinação. Prova disso assistiu-se na última quinta-feira, 25, em Teresina. Por volta das 13 horas, todo o comércio da área central estava aberto, as lojas com seus funcionários de plantão, mas pouquíssimos clientes se arriscavam pelas ruas da capital mafrense. Talvez em função disso o governador do Piauí não se viu forçado a fazer valer os efeitos de um decreto já pronto no Palácio do Karnac, exatamente para suspender as atividades econômicas em todo aquele estado.
Voltando à Câmara Municipal, se todos os dirigentes do nosso país adotassem a postura do nosso parlamento, decerto que a pandemia estaria mais sob controle. Às vezes, as dificuldades podem ser equacionadas com medidas simples. Aqui, nossa Câmara de Vereadores vai ficar uns 15 dias sem funcionar, para depois poder retornar aos seus trabalhos com toda a plenitude reclamada pelos cidadãos e cidadãs caxienses.
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