Ao contrário do que muita gente pensa, sobretudo agora que a vacinação contra a pandemia começou no país, a Covid-19 não está para brincadeira em Caxias. Certo que o número de óbitos por causa da doença no município (136), mesmo proporcionalmente, se levar-se em conta números de outras cidades, como Manaus (AM), por exemplo, não é tão elevado assim. Mas não se pode desprezar o fato de que muitos familiares estão sofrendo por causa disso e que o cenário sanitário caxiense inspira cuidados, muitos cuidados com a disseminação da enfermidade, simplesmente porque a doença continua em franca expansão em nossa região e por todo o território nacional.
As autoridades municipais se esforçam em pedir que as pessoas respeitem a doença, se precavendo com uso de máscaras, lavagem periódica das mãos com água e sabão ou utilização de álcool, em gel ou não, a 70%, e que evitem aglomerações. Tal diligência faz sentido, porque o temor maior é com o estrangulamento da capacidade de internação e de tratamento nos hospitais da cidade e mesmo em centros mais avançados. Isso sem dizer-se da sobrecarga sobre o pessoal da área médica que lida com pacientes infectados, que também sofre baixas por contaminação e até óbitos.
Nos últimos dias, o número de infectados por aqui oscilou dentro da escala de 10 a 30 casos diários identificados por testagens. Mas esse número certamente é bem maior, já que muita gente, pressionada pelas dificuldades da vida, destemidamente lança-se às ruas, aos logradouros públicos, feiras livres e agências bancárias, em busca da solução de seus problemas.
Para não sucumbirem às necessidades imperiosas da economia, comerciantes abrem as portas de seus estabelecimentos. O modo de agir de todos é compreensível e justificado, mas só quem se aproveita, ganha alguma coisa, lucra com isso, é a própria Covid-19, que sobrevive em meio às aglomerações de pessoas.
Com a informação nos noticiários da midia tradicional, pelas redes sociais, de que a vacinação contra a pandemia começou, mesmo de modo muito lento, por todos os estados da federação brasileira, em razão da pouca disponibilização de imunizantes nesse momento, o povo, de um modo em geral, passou a se arriscar mais nos últimos dias. Prova disso é que patrulhas de fiscalização tiveram que ser montadas pelas autoridades no intuito de impedir aglomerações festivas durante o período do carnaval, evento tradicional que, em verdade, não ocorreu oficialmente, porque o poder público se furtou a financiá-lo e manteve a máquina da administração funcionando normalmente nos dias reservados à folia do rei Momo.
Para dar uma dimensão do que está ocorrendo em Caxias, nesta quinta-feira, 18, o presidente da Câmara Municipal de Caxias (CMC), vereador Teódulo Damasceno de Aragão (PP), trouxe pela primeira vez à sede do legislativo uma equipe da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para testar os servidores da casa. O trabalho se realizou por todo o dia, e o resultado do levantamento, ao final da tarde, deixou todos apreensivos: nada menos do que 14 servidores estavam ou tinham sido infectados.
De imediato, a primeira providência do vereador Teódulo foi suspender o expediente nesta sexta-feira, 19, até que todas as dependências da CMC sejam desinfectadas. Até segunda ordem, não se sabe ainda se os trabalhos parlamentares retornam normalmente na próxima segunda-feira, 22, dia normal de sessão ordinária no legislativo.
A semana, entretanto, não foi apenas de dissabores por ausência de festas carnavalescas e preocupações sanitárias na cidade. Na última quarta-feira, um encontro do prefeito Fábio Gentil (Republicanos) com o secretário de Estado da Saúde, Carlos Lula, em São Luís, selou a participação do governo estadual para um melhor funcionamento da Maternidade Pública Carmosina Coutinho e da Unidade de Saúde 24 Horas de Pronto Atendimento (UPA). Nos últimos quatro anos, talvez por injunções políticas, o estado havia suspendido os repasses financeiros que ajudavam no funcionamento das duas unidades.
Espera-se que essa situação canhestra, do ponto de vista da legislação tripartite de saúde, não mais se repita em nossa Princesa do Sertão. Aliás, é até oportuno lembrar que o grande problema que afeta o sistema municipal de saúde decorre da falta de sintonia política entre os hospitais públicos municipais e o Hospital Macrorregional “Dr. Everaldo Aragão”.
E vá entender tal situação: o Estado instalou um hospital de alta complexidade no nosso município, mas de difícil acesso para nossa comunidade. O rico e aparelhado hospital parece priorizar o atendimento para os amigos e correligionários de quem, por trás dos panos, comanda sua gestão. E sem entender o que, na verdade, o quadro esconde, a população se volta contra a administração municipal, quando sente que não recebeu a assistência devida.
Por fim, de última hora, o juiz da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, Douglas Martins, quer saber da prestação de contas dos gastos com a pandemia pelos 217 municípios maranhenses, dinheiro que saiu dos cofres estadual e federal. Caxias, que teria recebido cerca de 40 milhões de reais ano passado, não figura na lista dos que já prestaram contas de gastos com a pandemia.
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