Quem gosta de carnaval jamais esquece a letra e a música de Máscara Negra (“Tanto riso. Oh! Quanta alegria!!! Mais de mil palhaços no salão. Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão. Foi bom te ver outra vez, tá fazendo um ano, foi no carnaval que passou...”), composição dos sambistas Zé Keti e Pereira Mattos, lá dos anos 1960, para muitos uma das mais emblemáticas da música popular brasileira, porque transporta às pessoas aquele estado de sentimento romântico e saudável que é tão salutar para os brincantes da folia momesca, em tempos de normalidade.
A época chegou (neste fim de semana teríamos pré-carnaval), mas o que se discute não é o enredo daquela escola de samba que irá desfilar no Rio de Janeiro, nas pequenas escolas de samba e blocos locais, adereços de rua e coisa e tal. A palavra sombria que rege o momento, verdadeiro terror para os comerciantes, advém da língua inglesa pela expressão “lockdown”, que significa paralisar por determinado período todas as estâncias de funcionamento de uma cidade, excetuando-se aquelas atividades consideradas essenciais à sobrevivência das pessoas.
A medida, que para o comércio significa um ato de violência e de morte para as transações diárias da vida econômica de determinado lugar, passou a ser insistentemente cogitada pelas autoridades estaduais nos últimos dias, em função da retomada do crescimento de casos de pessoas acometidas pela Covid-19, com elevação no quadro de óbitos (aqui, em Caxias, 129) e redução acentuada da capacidade de internação nos hospitais.
O temor das autoridades faz sentido porque parece que a enfermidade se espalha em uma segunda onda por todo o país, inclusive trazendo novas variações do coronavírus, de evolução mais rápida e altamente letal, dado que se espalha também à margem dos chamados grupos de risco (pessoas com mais de 60 anos e pacientes portadores de doenças crônicas).
Por causa da pandemia, até o momento, o lockdown só alcançou o carnaval. Os governos do Estado e dos municípios já anunciaram que este ano não irão financiar o carnaval, e decretaram também que a segunda e a terça-feira gorda serão dias normais de trabalho, nas repartições e no comércio, decisões acertadas para evitar a aglomeração de pessoas nas praças e nas ruas. Contudo, se continuar crescendo o número de infectados, não haverá outra solução, que não fechar por 14 dias todo o comércio no território estadual.
Provocado por membros da defensoria pública da capital, o juiz Douglas Martins, titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, fez a seguinte afirmação: “O que as pessoas precisam entender é que nenhuma autoridade, seja do poder executivo – estadual, municipal ou federal – ou do poder judiciário, também de qualquer instância, não tem vontade de determinar isolamento social, que seria um lockdown”.
E, continuando: “Então, essas pessoas que não querem uma nova medida restritiva, medida de força que restrinja a liberdade de locomoção e até a liberdade de exercício de suas atividades econômicas, lazer, elas precisam refletir sobre o que cada uma está fazendo para que não seja necessário que as autoridades tomem esse tipo de medida. A verdade é que essa doença está vindo em segunda onda. Ela se estabelecerá forte se nós não tomarmos as medidas de precaução. Depende demais de cada cidadão do que propriamente da administração pública. Depende da administração pública também, mas depende muito de cada um de nós”.
As palavras do magistrado refletem muito bem a situação que todos estamos vivenciando desde o ano passado, quando estivemos privados dos festejos juninos e de comemorar também as festas da passagem de ano. Elas não são algo surreal que tenha brotado da literatura, do cinema ou do teatro, atividades que têm o poder de despertar o imaginário das pessoas, de todas as idades e de todos os segmentos sociais.
Se há um ano você dissesse ao brasileiro que não vai ter carnaval, a resposta decerto seria uma estrondosa gargalhada, a confirmar que seu interlocutor estava a pregar-lhe uma peça, ou estava doente, mal da cabeça. Entretanto, por incrível que possa parecer, o fato é que neste ano de 2021 não teremos carnaval no Brasil. Pelo menos da forma que a população se habituou a curtir e reverenciar. Este ano estaremos fadados a não ouvir Máscara Negra nas ruas.
Sim, a sorrateira pandemia do novo coronavírus continua entre nós, contaminando 9 milhões, 397 mil e 769 pessoas de norte a sul do país, até o momento, com registros de mais de 228 mil óbitos, à razão de mais de mil por dia no período de 15 dias. Será ela que impedirá, pela primeira vez, no espaço de dois a três séculos, que a população brasileira deixe de usufruir os aguardados e consagrados três dias completos da folia de Momo.
Mesmo sendo uma festa iminentemente popular, à qual, portanto, não precisaria ser dispensado o apoio de nada para acontecer, o fato, porém, é que o carnaval é a mais forte e a mais pura expressão do povo brasileiro, tanto que em torno dele não giram somente a música, a dança, a moda, mas todo um conjunto de manifestações culturais também da mais alta significância para a economia de todos os rincões do país.
Claro que a correta atitude das autoridades não significará que pessoas de caráter irreverente simplesmente deixem de levar adiante as tradicionais brincadeiras da época. Talvez somente em estado de lei marcial tal comportamento pudesse vir a ser evitado. Mas esse, infelizmente, é o cenário que se descortina à frente dos brasileiros e caxienses, neste instante em que todos estaríamos animados para participar de mais um fim de semana, como outrora fizemos, lotando as ruas, as praças, confraternizando ao som de bandas animadas ou ao ritmo dos blocos de sujos.
Evocar essas lembranças dá o tom da gravidade do momento em que estamos vivendo, embora alguns insistam irresponsavelmente em ignorar a propagação de uma doença que só poderá ser controlada depois que praticamente toda a população da Terra haver tomado duas doses de imunizante. Mas nem a celeridade da pesquisa realizada em tempo recorde pelos cientistas nos últimos dez meses, que já favorece a produção de vacinas, será capaz de controlar a disseminação da enfermidade em pouco tempo.
Então, os comerciantes, os vendedores ambulantes, os foliões, não terão outro jeito, que não se enquadrarem a essa realidade que pede a todos usar de bom senso, porque, ao ignorar os protocolos sanitários, a pessoa não responde apenas por si, mas também por seus familiares, companheiros de trabalho, os amigos. Ninguém pode se deixar enganar. À espreita de um vacilo, das aglomerações, está por aí, com toda certeza, o Covid-19.
Reagrupamento
Enquanto isso, sobre a política caxiense, depois da última eleição da FAMEM, na qual não obteve o êxito almejado, mas saiu altamente fortalecido, o prefeito Fábio Gentil (Repúblicanos) já põe em prática um novo processo de reagrupamento de suas bases para futuros lances políticos fora da esfera municipal. Ninguém duvida mais que o prefeito resolveu usar de força para renovar o quadro da vereança da Câmara Municipal, contribuindo para acelerar o processo de renovação inevitável já em andamento.
A eleição do vereador Teódulo Aragão (PP), para a presidência da Câmara Municipal de Caxias (CMC), assegurou isso. Mas quem pensou que FG deixaria de lado velhos companheiros, se enganou redondamente. Agora, ao anunciar mudanças no seu secretariado, Cabeludo reservou um bom lote de vagas para aqueles que militaram ao seu lado na política da cidade, como o ex-vereador Leonardo Barata, alçado à pasta de Cultura, Patrimônio Histórico e Turismo, enquanto o ex-vereador e ex-prefeito Fause Simão é o nome lembrado para conduzir a Secretaria Municipal do Trabalho.
Mas, nesse troca-troca de assessores, o nome que despertou mais atenção e visibilidade foi o da ex-vereadora, ex-presidente da CMC e ex-secretária Municipal da Mulher, Ana Lúcia Ximenes. A absorção desses e de outros quadros que foram destaque nas gestões do ex-prefeito Humberto Coutinho, demonstra que Cabeludo quer praticamente toda classe política local em torno de si e que está aberto também a novas adesões para consolidar-se como o grande chefe político do leste maranhense.
Sessão na segunda-feira
Marcada para ocorrer às 15 horas, em sessão remota, na última quarta-feira, 03, a abertura da 1ª sessão da 19ª Legislatura da Câmara Municipal de Caxias (CMC) acabou não acontecendo, e o motivo foi um problema técnico que insistiu em inviabilizar a comunicação sonora dos 15 vereadores que atenderam à primeira convocação da presidência.
Solícito ao pedido dos colegas, o presidente Teódulo Aragão decidiu que a primeira sessão da legislatura agora será presencial, na próxima segunda-feira (08), às 18 horas, no plenário da CMC, só com a presença da imprensa, para que o poder legislativo siga respeitando o decreto de calamidade pública em vigor no município, evitando aglomerações de pessoas.
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