Só o resultado das próximas eleições acabará de vez com o clima de desinformação que o caxiense enfrenta nesse fim de campanha eleitoral que vai acontecer no próximo domingo, 15, com o advento do próprio pleito, a ser deflagrado das 07 às 17 horas. No momento, as mídias tradicionais alinhadas ao governo municipal, ao deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB), e às redes sociais, que culminam por envolver todos os agentes que participam da corrida eleitoral, tanto para a eleição majoritária (prefeito) quanto para a proporcional (vereadores), vivem o drama do confronto intenso, com acusações, denúncias para todos os lados e, mentiras, muita mentiras.
Em razão dos institutos de pesquisa diagnosticarem que o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) está muitos pontos à frente dos outros sete candidatos que disputam com ele a eleição majoritária, algo em torno de 60 por cento das intenções de votos do eleitorado, o alcaide, óbvio, é o alvo preferido de todo o tipo de admoestação. Mas sente-se no ar um clima de inconformismo pela postura do eleitorado, e a coisa pode descambar para o perigoso cenário já vivenciado em nosso país, no qual o resultado contrário a uma pretensão política passou a ser visto, não como uma manifestação da democracia, mas pela ótica da segregação, onde tramas e armações superam o bom senso de quem vislumbra os acontecimentos apenas como situações que serão superadas com mais preparo na próxima investida.
A análise é chocante, mas traduz exatamente o sentimento vivenciado atualmente no país, após a eleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O mandatário da nação, eleito regularmente, seguindo o protocolo constitucional, é o primeiro a insuflar o inconformismo no país, sempre que suas decisões não são absorvidas pela classe política e grande parte da população. Em vez de efetivamente governar, oferecer oportunidades mais dignas para a vida do brasileiro, ele prefere acalentar seguidores que só encontram simulacro em regimes autoritários de triste memória na história mundial. O último posicionamento, relacionado à suspensão dos testes da vacina contra a pandemia do novo coronavírus, que estão sendo realizados pelo centenário e renomado Instituto Butantan, de São Paulo, foi acachapante. Dizer que a questão ambiental amazônica pode ser resolvida com pólvora, idem.
Vivemos num época em que, por incrível que pareça, alguns dignatários se comportam como reis, imperadores, ou ditadores, à falta de um termo mais apropriado. Em vez de ampliarmos espaço aos que prezam os valores do bem-comum, os progressistas na racionalidade da sustentabilidade, amalucadamente e ferrenhamente há os que idolatram, por exemplo, Hitler, Stalin, Vladimir Putin, Kim Jong-un, ou Donald Trump.
O chanceler alemão deixou o mundo como uma página mais funesta da história. Stalin hoje é lembrado como tirano sanguinário. O ditador norte-coreano está no poder em seu paupérrimo país e só sairá dele com a morte. Putin modificou a legislação da Rússia para sair do comando apenas quando quiser, enquanto o presidente norte-americano Donald Trump, que perdeu recentemente a eleição no voto para o senador Joe Biden, alegando, sem provas, mutreta no processo eleitoral, diz que não deixará o cargo, se for intimado em 20 de janeiro de 2021.
O caso do Trump até tem sentido, porque ao longo da vida ele se acostumou a resolver qualquer tipo de problema na justiça, impondo, é claro, a força dos bilhões de dólares que possui. Muitos magistrados que o confrontaram covardemente preferiram dar-lhe razão em situações ridicularmente anti-éticas, só para não o terem novamente pela frente nos tribunais.
Entretanto, analistas do Tio Sam observam que nada menos do que 160 processos judiciais pairam sobre a cabeça do bilionário, suspensos no momento por conta da sua posição de primeiro mandatário dos EUA. Dessa vez, porém, o caso parece ser diferente, porque não está em jogo somente os interesses do próprio Trump, mas os alicerces da decantada democracia estadunidense, que em 244 anos jamais vivenciou algo parecido.
Aqui, nas plagas dos guanarés, o inconformismo é com a vontade do eleitorado caxiense, aferido após seguidas pesquisas demonstrando que o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) conseguirá se reeleger na eleição de domingo. O resultado de cinco pesquisas anteriores, do início do ano até o presente momento, indicando seu favoritismo, não foi capaz de dobrar a força de vontade de quem torce ferrenhamente para vê-lo deposto do poder. São os saudosos dos privilégios das gestões anteriores. Desalojados, não aceitam de maneira nenhuma a nova forma de governo em curso no município.
Nesses últimos dias, houve como que uma apegação doentia sobre o fator pesquisa eleitoral, através da exposição de um trabalho que apresentou uma milagrosa ascensão da candidatura do deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB), a ponto de o colocar a 10 pontos do primeiro colocado, o prefeito Fábio Gentil, reduzindo dramaticamente os 44 pontos de frente que o alcaide possuía na semana passada. A intenção foi pregar que há indefinição no pleito. Mas agora já é do conhecimento que o tal trabalho de pesquisa careceu de idoneidade. Talvez não em razão de quem o realizou, mas em função de quem maquiou os resultados.
A insatisfação prosseguiu na noite desta quinta-feira, 12, com um ataque em larga de escala de panfletos apócrifos por toda a cidade informando que Adelmo já encostara em Fábio Cabeludo, um empate técnico, em que o segundo estaria com 43 por cento das intenções de voto, contra 42% do primeiro. Criminosa do ponto de vista da justiça eleitoral, porque sem identificação e registro, a ação que visou confundir o eleitorado apenas expôs o estado de desespero de quem já tem uma ideia do resultado das urnas.
Como se precavendo da trama dos adversários, a coligação de Cabeludo postou na quarta-feira, 11, uma nova pesquisa realizada pela empresa Escutec, de São Luís, especialista no ramo. E o resultado foi desconcertante para a oposição, porque a diferença de Cabeludo para Gordin, não só cresceu na pesquisa estimulada (60%), como evidenciou ainda mais a rejeição do segundo colocado, cerca de 51 por cento. Prevalecendo a expectativa, a eleição de 2020 consolidará o início de um novo ciclo político no município, e revelará também quem apostou na mentira para tentar atingir seus objetivos.
Há que se reconhecer que a campanha de 2020 foi a mais representativa das últimas décadas em Caxias. Oito candidatos a prefeito e 382 candidatos a vereador. Do último bloco, 112 são mulheres que entraram na disputa. Alguns pelo fervor da descoberta da política, outros por interesses menos confessos. Mas olhando o cenário geral, todos digladiando por um lugar ao sol, embora no Palácio da Cidade só haja uma vaga, e apenas 19 estarão à disposição na bancada da Câmara de Vereadores. Mais elaborado do que na eleição de 2016, neste ano o debate entre os candidatos majoritários deixou ainda a desejar e dá a impressão que vai demorar a se firmar como uma das ferramentas decisivas do pleito caxiense.
A despeito de muita informação e desinformação ao longo do processo em meio à pandemia do novo coronavírus ainda presente no município, como no restante do país e resto do mundo, o sistema democrático parece estar funcionado. Os últimos dias foram de apreensão e muita expectativa. Muita gente já nem dorme direito, pensando no dia da eleição. Quem apostou na moda do momento, uma campanha cooptando seguidores pelas redes sociais da internet, logo saberá a verdade do alcance dessa ferramenta para suas pretensões políticas.
Por outro lado, quem conseguiu trabalhar na campanha, aqueles colaboradores que estão nas praças, nas ruas e avenidas, portando bandeirolas, distribuindo santinhos, ganhou um suado dinheirinho, nesses tempos bicudos agravados pelo risco de ser alcançados mais facilmente pela pandemia.
Enquanto isso, os políticos mais calejados apostaram, sim, nas novas ferramentas digitais, mas não deixaram de lado a prática de buscar o contato direto com o eleitor, através de reuniões. Os veteranos vereadores Republicanos Ximenes, Mário Assunção, Durval Júnior, o ex-vereador Manoel da Caçamba, por exemplo, foram à luta cooptando cada voto nos povoados, nos bairros da cidade.
Mas o exemplo mais marcante de tal iniciativa foi oferecido pelo vereador Catulé (Republicanos), que conseguiu arregimentar em torno de si mais de três mil amigos e correligionários em reunião que aconteceu na noite da última terça-feira, 10, no bairro Volta Redonda. Sem apelar para atrativos, alimentação ou coisa que o valha, foi uma demonstração de que é possível ainda usar-se o carisma pessoal, a amizade, a palavra honrada, para conquistar as pessoas. E gestos desse tipo ainda irão proporcionar vitórias garantidas nessas eleições.
PUBLICIDADE