A base governista na Câmara Municipal de Caxias (CMC) passou praticamente toda a semana estremecida com o prefeito Fábio Gentil (Republicanos). De repente, foi como se a bancada da oposição, que tem quatro membros, tivesse recebido o acréscimo de muitos edis descontentes com a gestão municipal.
O sinal de descontentamento partiu através de uma convocação intempestiva aos secretários de Saúde e de Educação do município, ao plenário do legislativo, sob a argumentação de que chegara a hora de fiscalizar o trabalho das duas mais importantes pastas da prefeitura, sobretudo neste momento em que a pandemia do coronavírus Covid-19 proporcionou, para enfrentamento da doença, o aporte de mais de 40 milhões de reais ao tesouro municipal.
Contudo, a manifestação da vereança, certíssima do ponto de vista do regimento interno da CMC, não se apoiou somente no ideal de dar maior luz à aplicação dos recursos enviados ao município pelo governo federal. Ela embutiu também o descontentamento da base de apoio do prefeito. Em primeiro lugar, porque a base está cansada de esperar pelo cumprimento de promessas assumidas para esse período da campanha eleitoral, rumo às eleições de 15 de novembro. Em segundo lugar, pela insistência da assessoria do prefeito em se apossar do trabalho dos vereadores, mediante a invasão de seus redutos eleitorais.
Sentindo que o desentendimento começava a ficar sério, o alcaide rapidamente entrou no circuito, de sorte que na segunda-feira, 10, sete dos 15 vereadores que homologaram a convocação retiraram suas assinaturas protocolarmente na secretaria geral da Câmara. Por conta do gesto, nem houve quórum para a retomada das sessões presenciais do legislativo na data.
Chegamos a essa sexta-feira, 14, no entanto, com a sensação de que todos os vereadores governistas já provaram do cachimbo da paz oferecido pelo prefeito. Na manhã de quinta-feira (13), um encontro do alcaide, só com vereadores e suplentes do bloco Republicanos, na Associação Comercial de Caxias, talvez tenha produzido o desenlace de acordos fechados no interesse de todos os envolvidos. Prova disso é que a antessala do gabinete da prefeitura estava abarrotada de edis na manhã de sexta.
À essa altura do campeonato, quando a competição exige o máximo dos participantes, Fábio Cabeludo faz o dever de casa ao se aproximar mais dos seus apoiadores dentro do legislativo caxiense. O núcleo de assessores que o circunda e protege tem que ser posto em seu devido lugar, para que ele possa se preparar para enfrentar a oposição dura que já está lhe fazendo o grupo Coutinho, que tem à frente o deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB) como seu concorrente de peso na eleição de prefeito.
O prefeito sabe que não pode correr o risco de ser, a exemplo do que aconteceu com o ex-prefeito Léo Coutinho, a quem venceu na última eleição municipal, uma vítima do infame voto “camarão sem cabeça”, manobra utilizada por correligionários insatisfeitos, que apenas fingem apoiar a liderança, deixando seus eleitores livres para a escolha do cargo maior do município.
Neste ano, Caxias terá de sete a nove postulantes ao cargo de prefeito. Não obstante, a julgar pelas últimas pesquisas feitas junto à opinião pública e registradas no TRE-MA, Cabeludo, com aceitação na casa de sessenta pontos percentuais, aparece em ampla vantagem para reeleger-se. Atrás dele, com 40 a 50 pontos de diferença, aparece Adelmo Soares, enquanto os demais (Júnior Martins - PSC, César Sabá - MDB, Tino Castro - PTB, Luís Carlos Moura - PMB, Arnaldo Rodrigues – PSOL, o PT etc) não atingem, juntos, a casa de 10 pontos.
Visando diminuir a distância, Adelmo subiu o tom do seu discurso, e agora faz cobranças ácidas sobre a gestão de Cabeludo. Ainda não dá para medir o alcance dessa nova argumentação junto ao eleitorado. Afinal de contas, desde que assumiu o mandato de deputado na Assembleia do Maranhão, ele vinha mantendo uma política de boa vizinhança com a família Gentil, inclusive elogiando o trabalho de Cabeludo, a quem direcionou emendas parlamentares para aquisição de veículos e recursos para obras de infraestrutura. Quem não lembra que até ano passado a vereadora Aureamélia Soares (PCdoB), esposa dele, integrava o secretariado de Fábio Gentil?!
A roda da política, entretanto, mudou de posição. E, agora, astuto e afinado com a deputada estadual Cleide Coutinho (PDT), que substituiu o deputado Humberto Coutinho no comando da família, Adelmo age também com a força do governador Flávio Dino (PCdoB). Não é por acaso que passou a estar à frente de obras executadas pelo governo estadual em bairros de Caxias. Sem cerimônia e sem pedir licença para a prefeitura, atua com a intenção clara de provocar e fazer pouco caso da soberania do município.
Desprezando esse detalhe, o objetivo é colocar o adversário numa calça justa, pois se o prefeito aplica a lei e embarga os serviços, certamente ficará mal com a população assistida, enquanto ele sai numa boa. AS trouxe à luz o “modus operandi” que irá executar até o dia das próximas eleições. Resta a saber se possui munição em quantidade suficiente para lograr êxito e ganhar a disputa; saber se o seu paiol possui armas capazes de superar o bombardeio a telhados de vidro e fogo em rabos de palha que os adversários possam explorar. E assim, o alimento no caldeirão da política caxiense começa a ferver.
Anfitrião do encontro dos vereadores Republicanos com o prefeito na Associação Comercial, nessa quinta-feira, o vereador Catulé (Republicanos), presidente da Câmara e vice-prefeito, comandou a recepção às autoridades que inauguraram na tarde de sexta a moderna iluminação a led e a praça Zuca Leite, no povoado Nazaré do Bruno, maior povoação da zona rural de Caxias. Em razão do apoio dispensado pelo parlamentar, a região de Nazaré do Bruno, eleva cada vez mais sua importância no contexto político e administrativo do município.
PUBLICIDADE