O vereador Catulé (Republicanos), presidente do legislativo municipal, está reticente em retomar neste mês de agosto as sessões ordinárias da Câmara de Vereadores de Caxias em modo presencial, isto é, com a presença da edilidade no plenário, contrariando a manifestação da maioria dos parlamentares que se reuniu na casa, no meio da semana.
Por entender que a CMC não pode de maneira alguma dar aval a uma quebra na política de distanciamento social que vigora no município, o vereador, que nessa sexta-feira completou mais um ano de vida, 32 dos quais como parlamentar caxiense, acha que não é cabível à vereança oferecer um mau exemplo à nossa população, inclusive induzindo-a a acreditar que tudo já está bem, que a pandemia foi embora e que podemos, todos, voltar agora à vida normal que tínhamos no início do ano.
Na sua visão, a CMC, no momento, não deve abrir suas portas sem o aval das autoridades de saúde atestando que a pandemia está sob controle em Caxias. Tem a convicção de que a edilidade não pode por em risco o interesse maior do povo, que é a saúde, principalmente se levado em conta que esta tem sido a pauta dominante dos trabalhos parlamentares, não só em Caxias, mas em todo nosso país e no restante do mundo, nos últimos quatro meses.
O decano dos vereadores, do alto da sua experiência e com o conhecimento que tem do comportamento da Covid-19 nas mais diversas regiões do país, acredita que é imperativo aguardar um pouco mais para se dar uma flexibilização geral às atividades laborais em Caxias. E tem razão, pois ao permitir nesta semana a abertura controlada do comércio na cidade, favorecendo ampla circulação de pessoas, o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) continua a assistir diariamente a evolução de casos da doença e de mortes por causa dela nas unidades do sistema de saúde caxiense.
O dado animador é o fato do Maranhão já conseguir se colocar entre as unidades da federação onde a pandemia está em declínio. Mas, se nas cercanias da capital, São Luís, os índices são mais animadores, nas regiões interioranas, como a de Caxias, infelizmente ainda não foi alcançado sequer aquele patamar de estabilidade no qual a doença já esteja dando claros sinais de perda de força e que seu controle, portanto, ocorra apenas em uma questão de tempo.
A próxima semana, quando o poder legislativo voltar a se reunir, será decisiva para definir o posicionamento dos vereadores. Alguns querem a volta das sessões presenciais, em detrimento das reuniões remotas que as têm substituído, simplesmente alegando dificuldade com comunicação via internet. Entretanto, o mais provável é que o imbróglio esteja mais atrelado à já fervilhante disputa da campanha eleitoral rumo ao pleito de 15 de novembro; uma tentativa de trazer o eleitorado para um contato mais direto.
Demonstrações de prestígio
Por outro lado, com a divulgação de pesquisas que colocam o atual prefeito de Caxias em ampla vantagem para reeleger-se ao cargo, seu concorrente direto e mais provável, em razão de força política, o deputado estadual Adelmo Soares (PCdoB) deixou a postura letárgica que vinha adotando de lado e entrou de vez na briga, passando a fustigar o adversário sempre que possível, ora nos meios de comunicação, ora nas redes sociais.
Deixando de lado a situação da pandemia que praticamente congelou as ações de infraestrutura no município, AS tem orientado seus repórteres e escribas a baterem nos pontos em que a gestão municipal mostra alguma fragilidade em vista das promessas feitas na campanha passada e que levaram Fábio Gentil à vitória.
Nessa sexta-feira, por exemplo, com o apoio da deputada estadual Cleide Coutinho (PDT), e indiretamente do governador Flávio Dino (PCdoB), Adelmo mobilizou o sistema estadual de segurança, com o uso de viaturas, homens e aeronaves, em um midiático trabalho de limpeza da marginalidade por toda a cidade de Caxias. Deu uma demonstração de força e prestígio com a alta esfera do poder maranhense.
Por sua vez, ainda pela manhã de sexta o prefeito recebia também na prefeitura o secretário de Estado de Turismo, Catulé Júnior, que veio oferecer a Caxias uma das bases de apoio para o próximo Rally dos Sertões, evento esportivo e automobilístico de renome nacional, marcado para ocorrer no próximo mês de novembro, se a pandemia deixar.
Aliás, a pandemia é o ponto de convergência para tudo que possa vir a acontecer em Caxias nos próximos meses, antes das eleições. O prefeito torce para que ela acabe, a fim de que possa retomar o seu programa de obras públicas, enquanto a oposição, que pensa e não fala, torce para a Covid-19 minar a popularidade destacada que o alcaide municipal desfruta neste momento.
PUBLICIDADE