Para desespero dos seus adversários políticos, o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) navega na crise da pandemia do novo coronavírus capitalizando ainda mais a sua imagem política, no papel do dirigente que leva em conta em primeiro lugar o bem-estar dos seus munícipes.
Preocupado com o eventual crescimento de casos da Covid-19 em Caxias, o alcaide caxiense não só tem estimulado a população a ficar em casa como decidiu investir numa campanha para fortalecer o espírito de adesão da comunidade à política de isolamento social, pelo menos até o fim deste mês.
Durante a semana, foi emitido um decreto que classificou Caxias como zona de calamidade pública, está estabelecido um comitê para tratar especificamente da crise, enquanto está mantida a estrutura municipal para receber a internação dos casos de pacientes mais graves, através da Unidade de Pronto Atendimento do Pirajá (UPA Pirajá), no bairro do mesmo nome, reforçada por 50 leitos alugados no Centro Médico de Caxias, de propriedade do médico Helton Mesquita, instalado à praça Vespasiano Ramos.
Antenado com as dificuldades que muitas comunidades estão enfrentando com a pandemia, Cabeludo tirou da cartola a idéia de estimular as pessoas que trabalham com costura e áreas afins, contratando-as para confeccionar máscaras que serão distribuídas nos postos médicos e também à própria população. Por conta disso, o espaço interno do Ginásio de Esportes João Castelo, no largo de São Sebastião, de uma hora para outra foi transformado numa grande oficina onde dezenas de profissionais se empenham para produzir o mais utilizado artefato de proteção individual contra a Covid-19.
Engajado também na luta contra a pandemia, o deputado Zé Gentil (Republicanos), pai do prefeito, anunciou que repassará à Câmara Municipal e à Prefeitura, um lote de 2.250 cestas básicas para serem distribuídas nos segmentos populacionais mais afetados pela política de isolamento. Mas ações desse tipo devem logo chegar a Caxias também da parte da deputada Cleide Coutinho (PDT), que ora participa de um mutirão de distribuição de cestas básicas organizado pela Assembléia Legislativa Estadual.
Até o momento, 13 casos da doença foram testados positivo em Caxias. Os pacientes infectados, à exceção da secretária municipal de saúde, Maria do Socorro Coutinho Melo, e do seu esposo, Plínio Melo, que passam por tratamento via internação, são acompanhados reclusos em casa. Até esta data não houve ainda nenhuma morte na cidade decorrente da ação nefasta do novo coronavírus. Mas, no país, neste sábado (25), o novo coronavírus tem 58.509 casos confirmados e 4.016 mortes, das quais cerca de 100 no Maranhão.
Toda a população de um modo geral sente os efeitos da pandemia, mas a preocupação é maior no seio da classe dos trabalhadores autônomos e do empresariado classificado fora do contexto da prestação de serviços considerados essenciais, como bancos, supermercados, mercearias, postos de combustíveis, farmácias, padarias e restaurantes autorizados a funcionar em regime de vendas por entrega a domicílio. Vive-se numa espécie de clima de guerra, obrigados a estar vigilantes tanto com a saúde quanto com a economia do município.
A dificuldade em sobreviver diariamente dos trabalhadores informais, assim como dos negociantes dos ramos de comércio fora da lista de exceções, está levando muitos caxienses a uma postura praticamente suicida, pressionando as autoridades a arrefecerem a política de quarentena e a por em prática o que o presidente da República Jair Bolsonaro, contrário às orientações da OMS, pede a adoção do que chama de política de isolamento vertical, ação que contempla apenas as pessoas idosas com 60 anos ou mais, liberando com algumas precauções, como uso obrigatório de máscaras, distanciamento e outras normas de prevenção, os demais segmentos etários da população.
Fosse apenas isso, os problemas dos brasileiros e dos caxienses estariam acabados somente com a aplicação de bom senso. Não obstante, o primeiro gargalo surge quando se observa que o número de mortos no país está sendo maior entre a faixa etária de 30 a 39 anos, seguida dos que estão entre 40 e 50 anos, enquanto o pessoal da faixa de isolamento vertical aparece apenas em terceiro e quarto lugares.
A lógica nos permite acreditar que quebrar o isolamento só aumentará ainda mais a quantidade de mortos no seio da população mais ativa do país. É que a doença não só é letal, mas é também especialmente democrática e não escolhe preferencialmente quem vai atingir.
Tratada inicialmente como uma gripizinha que logo iria passar pelo nosso presidente da República, segundo os médicos e enfermeiros que estão trabalhando em rotinas desumanas para salvar vidas, eles mesmos sujeitos e, o que é pior, muitos já atingidos também pela doença, baixando os efetivos na luta, além de atacar os pulmões dos pacientes, provocando microtrombos que interrompem a troca de gás carbônico por oxigênio, a Covid-19 ocasionalmente causa reflexos nefastos nos rins, fígado, coração, cérebro e intestinos.
Matéria assinada pela jornalista de O Globo, Ana Lúcia Azevedo, com base ao que disse o cardiologista Harlan Krumholz (Universidade de Yale, que lidera estudos nos EUA sobre os casos graves da Covid-19)) na revista Science, uma das bíblias da pesquisa mundial, ressalta que o novo coronavírus pode atacar quase qualquer parte do corpo humano com consequências devastadoras. “Sua ferocidade é assustadora e tem nos deixado de joelhos”, destaca o pesquisador.
Nesse contexto de pandemia, praticamente sem movimentação política, a despeito de viver-se uma campanha eleitoral, vereadores aliados do prefeito Cabeludo estão preocupados cada vez mais com a desenvoltura dos pré-candidatos que constituíram a base de sustentação de FG nas últimas eleições; alegam que o próprio prefeito estaria bancando os amigos, numa tentativa de formar uma bancada mais fiel na Câmara Municipal.
Não obstante a tudo que se vivencia, outra preocupação deverá concentrar as atenções de Cabeludo. Parece que, finalmente, após tantas reclamações ao Governo do Estado, o município voltará a dispor do seu próprio IML (Instituto Médico Legal). Ciente da iniciativa, o pré-candidato a prefeito do MDB, César Sabá, assumiu a palavra dos moradores do Conjunto Galiana, onde o IML funcionava anteriormente até ser trasladado para Timon, para dizer que os seus moradores não querem mais ver tal investimento na área.
Por outro lado, mesmo com a CMC em quarentena até segunda ordem, o presidente do órgão, vereador Catulé Republicanos), foi surpreendido com um fato inesperado na zona rural do município, onde possuiu base eleitoral. Acompanhado do secretário-adjunto de Infraestrutura, Zé Cláudio Castro, o vereador, que atua contra a presença da pandemia do novo coronavírus na região do 2º Distrito, esteve na manhã da última quarta-feira (22), no povoado Nazaré do Bruno, conferindo os estragos causados pelo rompimento do açude, por conta das fortes chuvas, que deixou a comunidade e outras localidades isoladas.
"Fui com a equipe da prefeitura. Lá o estrago foi grande, interditou a estrada, partiu no meio, ninguém entra e nem sai do povoado. Por enquanto vai ser feito um desvio, estamos com problema com piçarra, mas nós vamos encontrar piçarra para fazer esse desvio e depois vamos cuidar do açude. As estradas no 1º, 2º e 3º distrito estão intransitáveis. Neste ano o inverno está rigoroso em todo o Nordeste, não respeita a cara e nem a localidade, foram chuvas torrenciais, mas com o apoio da prefeitura haveremos de solucionar este grave problema rapidamente”, declarou.
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