O Dia de Natal se aproxima. É uma época de alegria contagiante. As pessoas confraternizam emotivamente. Por onde se passa, o sorriso nas faces transmite a sensação de que mais um ano vai terminando, e este, em qualquer circunstância da vida de cada um, permitiu a hegemonia da existência. Se até agora tudo correu bem, valeu o esforço. Se não, a hora é de preparativos para enfrentar o novo ano que se iniciará brevemente.
As comemorações do nascimento de Jesus têm o condão de desarmar o belicismo que parece fazer parte da existência da humanidade. E a grandeza da presença dele entre nós, há mais de dois anos, foi justificada exatamente por trazer esperança em meio ao caos da brutalidade daqueles tempos, ampliar o conhecimento na terra e dizer às pessoas que elas precisam despertar suas consciências, valorizar o amor como boa fonte de tudo, para poderem progredir existencialmente.
Jesus nos legou o necessário para evoluirmos no sentido de termos direito a uma existência nos moldes do que foi projetado pela onipotência que evidenciou o nada, deu significado à treva e à luz, separou o visível do invisível, demonstrando que a humanidade, mesmo se encontrando agora em nível científico elevado, vivenciando sistemas complexos como inteligência artificial, ainda está longe de compreender por que tudo existe e acontece no universo em que vivemos.
O período, em Caxias, portanto, é festivo para a maioria da população. A cidade está enfeitada com luzes e motivos da época, como se vê nos logradouros públicos e vias de circulação. O setor comercial, os empreendimentos que organizam festas, as casas de gastronomia, estão aquecidos. Há clima de regozijo no ar. No entanto, há lugares onde a beneficência não se faz tão presente, como nos leitos de hospitais ou nas celas dos prédios de correção aos que infringiram a lei, mais pela displicência de irmãos que poderiam ser mais colaboradores, solícitos... Apesar de tudo, é desejo do colunista que todos os leitores desfrutem de um bom Natal e tenham a perspectiva de um próximo ano novo mais feliz.
Nem tudo, evidentemente, é festa para alguns, pois há famílias que não gostariam de passar pelo que estão passando, sobretudo nesse momento mágico do ano. E, aqui, não poderíamos deixar de registrar o que está acontecendo com a família mais poderosa do município, a família Gentil, após decisão de juiz eleitoral, na última sexta-feira, 19, que cassou mandato e tornou inelegíveis por oito anos o prefeito José Gentil Neto, o vice-prefeito Eugênio Coutinho Filho e o líder do grupo político, ex-prefeito Fábio Gentil. A decisão do juiz da 4ª da Zona Eleitoral de Caxias foi pautada em robustas provas de abuso de poder político e econômico durante a última campanha eleitoral no município. Quando saiu o resultado da última eleição, a vitória sobre o segundo colocado foi de parcos 560 votos, algo incrível se considerarmos o universo de cerca de 100 mil eleitores caxienses aptos a votar em 2024.
Assim, a suspeita foi imediata, e os derrotados logo correram atrás da justiça, levando em conta que todos os prognósticos davam como certa a vitória do candidato Paulo Marinho Júnior, inclusive por margem considerável de votos. Nas redes sociais, os protestos de avolumaram, com eleitores protestando e considerando que houvera fraude descarada no pleito. E a julgar pela agora divulgada decisão do juiz eleitoral, tinham razão, face uma identificada contratação de mais de 7 mil servidores em período proibido pela legislação eleitoral, movimentação de folhas de pagamentos em bancos, além de várias denúncias atestadas de compra de votos e pressão a funcionários públicos, mediante ameaças de perda de emprego ou suspensão de salários. Observe-se que o caso poderia até ter sido bem pior, caso o juiz tivesse aceitado a denúncia de uma deep fake propagada em comícios, que não pode ser comprovado pela polícia federal simplesmente porque o smartphone que continha o original fora “roubado” na cidade de São Paulo.
Ao processo, decerto, cabe recurso à 2º instancia, que é o TRE-MA, em São Luís. Por enquanto, o prefeito Gentil Neto seguirá no cargo, aguardando por futuras decisões. O desfecho, porém, tende a lhe ser desfavorável, uma vez que o TRE-MA já se posicionou por cassação em casos do mesmo tipo, identificados, neste ano, em pelo menos dois municípios maranhenses.
E, mais: se for levado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília (DF), lá o rigor também será inclemente, o que é lamentável, porque isso custará o encerramento de um ciclo político na cidade de Caxias, ciclo, infelizmente, que está saindo de cena em meio a escândalos de toda natureza, sobretudo com denúncias de apropriação indevida de recursos públicos, em meio a diligências da polícia federal.
Busto para o Desembargador Arthur Almada Lima Filho
Esse abalo político da sexta-feira foi sentido na bela homenagem que os membros da Academia Caxiense de Letras (ACL) e do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC) protagonizaram no panteon caxiense da Praça Dias Carneiro, diante do prédio do Centro de Cultura de Caxias, ao saudoso desembargador Arthur Almada Lima Filho. Nenhuma autoridade municipal compareceu à inauguração do busto do homenageado, agora imortalizado também naquele logradouro público.
A homenagem, porém, foi marcada por dezenas de pessoas que tiveram a satisfação de conviver com o ilustre jurista, escritor e pesquisador caxiense, cujas obras agora são lembradas, comentadas e mesmo tidas como livros de cabeceira sobre a vida de Caxias, como é o caso de “Efemérides Caxienses”, que é um verdadeiro legado para a geração atual e as gerações futuras.
O descerramento do busto do Dr. Arthur Almada Lima Filho ocorreu no final da manhã de sábado, após sua viúva, professora Miramar Almada Lima, falando pelo IHGC, o poeta Wybson Carvalho, pela ACL, e uma filha do homenageado, discursarem sobre a sua vida e legado como homem de justiça e de letras, no Maranhão e em Caxias.
O momento, emocionante, que contou inclusive com a presença de banda de música, filhos, filhas, netos e netas do entronizado, certamente será muito bem lembrado por todos que conheceram Dr. Arthur Almada Lima Filho, um homem que superou adversidades e não se incomodava nem se intimidava em dizer que não há história do Brasil sem a história de Caxias. E ele tinha razão, posto que até o lema da bandeira nacional e versos do hino brasileiro são de autoria de caxienses, Raimundo Teixeira Mendes e Antônio Gonçalves Dias, respectivamente.
Imortal da ACL, Dr. Arthur, no interesse de instigar pesquisas nos ramos da história e geografia do município, não descansou até fundar, com a ajuda de outros caxienses, o Instituto Histórico e Geográfico de Caxias. A instituição está localizada no antigo complexo da estação ferroviária de Caxias, cujas instalações conseguiu recuperar através de um projeto executado pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
Bem a seu jeito de procurar valorizar caxienses ilustres, ele escolheu o médico, matemático e historiador Dr. César Augusto Marques, que viveu no século 19 e é autor da grande obra Dicionário Histórico-Geográfico da Província do Maranhão, como patrono do IHGC.
PUBLICIDADE