Caxias-MA 08/07/2025 11:36

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Os primeiros seis meses


O trabalho realizado pela vereança caxiense, neste primeiro semestre do ano em curso, poderia ter sido bem melhor. No entanto, em face das circunstâncias que cercam a atual gestão municipal, é possível afirmar que alguma coisa foi tentada, foi feita, simplesmente porque não cabe ao legislativo executar, mas fiscalizar e propor soluções às demandas reclamadas pela população do município. 

A mais importante nesse interregno do ano, sem dúvida, traduziu-se em segurança pública, assunto sobre o qual o parlamento muito se debateu, provocou audiência pública, no interesse de equacionar e melhorar a atuação dos efetivos policiais da cidade. Alguma esperança adveio do movimento, haja vista que novas viaturas foram enviadas pelo governo do Estado, mas não há conhecimento de que o efetivo policial foi ampliado. Enquanto isso, câmeras de vigilância insistem em denunciar ladrões portando escadas nas costas para assaltar residências, o comércio, nas horas reservadas ao descanso, sobretudo em fins de semana.

Para tranquilidade do povo, a Câmara não aceitou a argumentação de veto do executivo e chancelou lei que proíbe a venda de escapamentos de moto fora das especificações estabelecidas na legislação brasileira de trânsito. Não sabemos até que ponto tal legislação será cumprida, porque boa parte dos condutores caxienses prefere circular em regime de irregularidade, afrontando a população e as autoridades. O comportamento até pode sugerir certa peculiaridade de viver do caxiense, mas a observação atenta evidencia que, por conta do regime de cooptação de votos que se estabeleceu em Caxias desde duas décadas passadas,tudo passou a ser permitido, ao ponto de infratores saírem beneficiados, enquanto o grosso da comunidade padece em meio às transgressões de todos os tipos que se constata pelos quatro cantos da cidade, e também na zona rural.

A sessão ordinária da Câmara Municipal de Caxias (CMC), na noite da última segunda-feira, 30, a última do semestre, porque a casa entrou em recesso, mais do que decepção com a maioria dos parlamentares, trouxe alguma esperança para os próximos meses do ano. Foi alentador assistir-se a exposições preocupadas com os problemas de saúde da população, especialmente os casos de diabetes, sobre os quais vereadores ligados à área da saúde aproveitaram o momento para informar dos locais disponíveis e gratuitos ao acesso de todos, a exemplo da Policlínica localizada na rua Saturnino Belo, no bairro Seriema.

Não foram esquecidos também os problemas verificados nas ruas e avenidas, onde em muitas é flagrante a necessidade de recomposição e reasfaltamento, assim como a recuperação de estradas vicinais, problemas reclamados desde a gestão passada e que até hoje estão sem solução. Os elogios para os sete dias de festejos juninos, como parte da programação oficial no Parque da Cidade, foram superados pelos pronunciamentos que deixaram claro a desassistência às festas comunitárias nos muitos bairros de Caxias, onde a população costuma festejar com mais apreço e alegria.

Assim, como a grande a maioria dos parlamentares está atrelada à base do governo municipal, não deixou de ser uma surpresa a constatação de que nem todos ali estão satisfeitos com a gestão, até porque o fracasso de suas proposições, requerimentos ..., acaba recaindo sobre suas bases de sustentação política, o que é péssimo para a sobrevivência de qualquer um no meio político. Outra surpresa, no entanto, tem sido a participação do vereador oposicionista Daniel Barros – Fiscal do Povo (PRD), que agora vai se consolidando como grande corretor de investimentos para Caxias, fazendo viagens frequentes a Brasília e até para fora do país, a exemplo da visita que fez à Rússia, em busca de investidores para a indústria de fertilizantes, insumo imprescindível para o agronegócio se desenvolver mais em Caxias e região. 

Por sua vez, agradecendo a oportunidade de acesso na Assembleia Legislativa do Maranhão (ALEMA), o deputado Catulé Júnior (PL) destacou a representação do município como há muito tempo não se assistia. Nesses primeiros meses, foi notável a sua participação na presidência da Comissão de Assuntos Econômicos, através da qual conseguiu realizar uma audiência pública sobre as demandas da segurança pública maranhense. O deputado, em comportamento surpreendente na casa de Manoel Beckman, em São Luís, graças à sua desenvoltura, eleito com 31 votos, de 42 possíveis, já ocupa a terceira vice-presidência do parlamento estadual, o que é uma vitória para Caxias, que só se orgulha de uma participação tão positiva para o município. 

Nesse período de seis meses, o deputado procurou uma solução para o fechamento de agências bancárias do Bradesco no interior, decisão que pode afetar quase 400 mil maranhenses; apoiou movimentos de profissionais da saúde e aliou-se aos que defendem a introdução de melhorias no curso de medicina da UEMA, em Caxias. Nesse quesito, o parlamentar indicou que uma conversão do Hospital Macrorregional de Caxias para Hospital Universitário, incluindo a implantação de restaurantes universitários nos dois prédios do campus local, projeto que pode ser um grande passo para solucionar a demanda. A intervenção de Catulé Júnior provocou o deputado Arnaldo Melo, da Comisão de Saúde da ALEMA, a fazer a seguinte exposição: “Hoje assisti uma verdadeira aula de civilidade. Vamos fazer os encaminhamentos da melhor forma possível, considerando tudo que ouvimos e as demandas que nos foram apresentadas”, disse.

Contudo, nessa metade do ano o deputado já conseguiu a doação de uma viatura policial para Caxias e uma ambulância para o vizinho município de São João do Sóter, além de anunciar a destinação de mais de 1 milhão de reais em emendas parlamentares voltadas para o sistema estadual de saúde, e o mesmo montante para a área de segurança.E isso em muito pouco tempo, porque, pelo visto, o céu parece ser o limite para o jovem parlamentar caxiense.E pensar nos muitos tropeços que o moço teve que superar, engolir sapos, como se diz popularmente, muitas vezes traído em alianças que a muito custo soube arregimentar.

A despeito do trabalho de Catulé Júnior e de outros parlamentares que ajudam Caxias, como a deputada federal Amanda Gentil (PP), as deputadas estaduais Daniella (PSB) e Cláudia Coutinho (PDT), o deputado Adelmo Soares (PSB), resta a saber o que acontece dentro da gestão municipal,pois já se passaram seis meses neste ano de 2025. A crença geral é a de que o alcaide até tem vontade de trabalhar, mas esbarra na herança que lhe foi legada pelas gestões anteriores, cujas amarras continuam bem sólidas e influindo dentro do poder executivo municipal. O prefeito Gentil Neto (PP) teria recebido uma prefeitura de cofres vazios, situação que inviabiliza qualquer tipo de investimento nesses momentos iniciais da sua gestão.

Como é perverso para os caxienses esse modelo de capitania hereditária imposto à população! E assim, não é à toa que as redes sociais locais seguem reverberando denúncias sobre o que aconteceu na última eleição municipal, municiadas por informações oriundas de processos que tramitam na esfera federal. Desta feita, a sugestão das informações trazidas à luz revela que uma quadrilha organizou a compra de votos na zona rural do município, fazendo pesar mais, por causa de pessoas afetas ao poder do dinheiro, o lado da balança para os vencedores da eleição, em detrimento da vontade popular. À essa altura dos acontecimentos, é por isso que os vencedores enriquecem e se vingam, dentre outras medidas, impondo aos caxienses um cartel de preço de combustíveis que é o maior do interior maranhense. 


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