Caxias-MA 02/04/2025 08:07

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

O dilema do transporte coletivo em Caxias


Nesta segunda-feira, 31, ônibus coletivos voltam a circular pelas ruas da vizinha Timon. A atual gestão do município decidiu intervir prontamente para solucionar a grave demanda que afetava a população timonense, desde que administrações anteriores decidiram romper com o transporte público coletivo no município e, principalmente, para Teresina, capital do Piauí, criando um transtorno de grandes proporções para os trabalhadores que mantém empregos na cidade mafrense. Aos que não dispunham de uma moto, carro ou bicicleta para realizar a travessia do rio Parnaíba, restava somente uma barca, no rio Parnaíba, o uso de bicicleta, táxis, autos por aplicativo ou a garupa dos mototáxis. Mas, a partir deste 31 de março, a esses meios acrescentam-se ônibus entre as duas cidades, resgatando um serviço que em anos passados era regular naquela região.
 
Quando falamos de Timon, ficamos a pensar sobre a situação relativa a transporte coletivo público vivenciada pelos caxienses. Aqui, nos distantes anos 1970, pensar na ousadia e na coragem de empresários que batalharam para estabelecer transporte coletivo em nosso município, um serviço que já funcionava regularmente por meio de ônibus, caminhões, caminhonetes para a zona rural, mas que, sem dúvidas, era também necessário que funcionasse plenamente no perímetro urbano, dado o crescente número de novos bairros que foram se implantando aqui na nossa Princesa do Sertão Maranhense. Caxias não era mais uma urbe restrita ao centro histórico e a alguns bairros tradicionais, o seu perímetro crescera muito, ao ponto de atualmente abranger centenas de comunidades.
 
No início da primeira gestão do ex-prefeito Fábio Gentil (PP), foi impactante a presença de muitos ônibus coletivos de cor amarela circulando dentro de Caxias. O governo municipal parecia imbuído em garantir um serviço de transporte coletivo eficiente e até paradas de ônibus chegaram a ser construídas naquele momento. A ideia era educar a cidadania para o uso regular do serviço, como acontece na maioria das cidades. Duas dessas estruturas ainda podem ser notadas no início da avenida Santos Dumont, nas proximidades do cemitério de São Benedito. Mas, ficou somente nisso, e meses depois a empresa contratada abandonou a cidade, deixando uma lacuna a ser preenchida para a população.
 
Em verdade, ninguém sabe o que aconteceu para o insucesso de tal empresa. Talvez os ônibus escolhidos, em formato grande, tivessem muita dificuldade para circular nas ruas apertadas de nossa cidade histórica, e assim o serviço foi paulatinamente reduzido até sumir de vez das vias caxienses. E a população que não tem transporte próprio, óbvio, ficou a ver navios e se virando com o que era possível, usando mais a motocicleta, que hoje são tantas em circulação ao ponto do trânsito caxiense, caótico, se parecer com imagens colhidas na distante Índia, onde a maior população do planeta concorre para tal situação. E, nesse diapasão, a normalidade das transgressões, como inobservância às leis de trânsito, descuido com proteção individual, além de corridas conduzindo de duas a três pessoas no mesmo veículo, inclusive crianças menores que nunca deveriam estar ali, graças ao consentimento de uma recorrente falta de fiscalização. Em pleno século 21, ao invés de melhorar suas estruturas, Caxias não consegue acompanhar o desenvolvimento de outras cidades congêneres, dentro e fora do Maranhão.
 
Como uma coisa inevitavelmente se liga a outra, em matéria de serviço de transporte aéreo já estamos muito para lá de deficientes, pois não dispomos de aeroporto ou aeródromo em condições de receber aeronaves cruciais numa região que começa a se firmar na produção de soja e de milho, duas vertentes importantes do agronegócio que também já chegou aqui nesse quadrante do leste maranhense. 
 
Nesse contexto, foi decepcionante a constatação de que Caxias não entrou no programa de construção e/ou renovação de aeródromos do governo estadual, no interior do Estado, porque a prefeitura não disponibilizou terreno apropriado ao investimento. E olha que a ligação do governante estadual com as lideranças do poder caxiense é muito estreita e de primeira hora. 
 
Então, foi um vacilo inexplicável, que agora pode ser remediado graças a iniciativas de particulares determinados a colocarem áreas à disposição do governo para tal fim. Afinal de contas, quem agora pertence ao agronegócio não quer ficar à margem das muitas oportunidades de negócios que florescem por todo o país, para as quais o avião, como meio de transporte mais rápido, é fundamental e imprescindível.
 
Preocupado com a situação, não foi à toa que o deputado estadual caxiense Catulé Júnior (PP) usou a tribuna da Assembleia do Maranhão (ALEMA), na terça-feira, 25, para comentar sobre o Programa de Aviação Regional lançado recentemente pelo governador Carlos Brandão (PSB). O programa, segundo o parlamentar, tem por objetivo revitalizar, reformar, ampliar e modernizar aeródromos no interior do estado. Ele protocolou indicação em favor de Caxias ao projeto, por entender que o mesmo facilitará o transporte médico de urgência e emergência, além de fortalecer a economia caxiense, incentivando setores como o turismo, o agronegócio e também abrindo caminhos para a instalação de outras atividades empresariais no município.
 
“Caxias, que é a quinta maior cidade do estado, é um polo educacional, que tem se tornado um polo do agronegócio. É uma cidade estratégica para a região e para o estado, e eu acredito que a nossa cidade mereça estar incluída nesse Programa de Aviação Regional. Por isso fizemos essa indicação para o governador”, disse o deputado Catulé Júnior. Pois é... E lembrar que Caxias, nas décadas de 1950 a 1980, chegou a possuir linha aérea de transporte regular, três vezes por semana, no sentido de Teresina e de São Luís, de onde era possível fazer conexões para outras cidades do país e do mundo!
 
Infelizmente, o que se constata é que muita gente poderosa parece que torce para o insucesso da cidade. Desse jeito, logo iremos perder a quinta colocação no ranking das cidades maranhenses, fazendo jus à triste alcunha de “cidade do já teve” que muitos gostam de alardear.


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