A semana poderia ter sido mais proveitosa ao cenário político caxiense, mas a atividade parlamentar na cidade segue bastante tímida neste início de 2025, e olha que já vamos altura de meados de março. A Câmara Municipal, por exemplo, só realizou uma atividade no decorrer da semana, sessão ordinária na noite da última segunda-feira, 10. O encontro, no entanto, serviu apenas a um desfile de pronunciamentos da bancada governista, elogiando, é claro, pífias ações da gestão municipal, o carnaval inclusive, como se tais iniciativas, que em verdade são um dever de ofício da gestão, bastassem para suprir os mais diversificados tipos de demandas do povo. Assim, mudam-se alguns atores, como ocorreu com nove novos nomes na última eleição, mas o script continua o mesmo dos últimos anos, enquanto Caxias vai perdendo espaço no panorama estadual.
A impressão que se tem é que poucos estão ali na CMC com o propósito de servir à população, conforme esperado, quando na verdade acomodam-se para participar das benesses do poder e, se possível, ir se preparando para uma longeva carreira política, que é o objetivo maior de quem entende assim a vereança. Na quarta-feira que passou, por exemplo, estava prevista a realização de uma audiência pública para discussão dos problemas de segurança, que estão em alerta máximo em Caxias. O trabalho não só não aconteceu na data devido ao falecimento de um parente de vereador, como não ocorreu também na quinta ou na sexta-feira, dias certamente mais apropriados a atividades do gênero, sem atropelar o rito normal das sessões legislativas, às segundas e quartas-feiras.
Choca a assistência do plenário avaliar o comportamento dos governistas e dos oposicionistas. Enquanto a situação tenta forjar pronunciamentos que refletem apenas o desejo de estar sintonizada com o governo, os oposicionistas, ao contrário, falam de situações que emanam das dificuldades do povo, especialmente as que provém dos segmentos mais marginalizados da sorte. O vereador Daniel Barros (PRD), por exemplo, apresentou um projeto de lei reivindicando a obrigatoriedade da instalação de câmeras nos ônibus escolares municipais, para que o serviço transcorra em regime de maior segurança e ofereça mais tranquilidade aos pais. Segundo o vereador, o que aconteceu recentemente com um estudante na zona rural não pode mais se repetir, uma vez que, neste tipo de serviço público, que envolve o transporte de crianças e de adolescentes, não pode haver espaço para decisões pautadas na palavra de um ou de outro, somente, por isso a gravação de imagens das viagens é por demais importante, não só para frear ímpetos, mas para disciplinar também o serviço de transporte.
Outro quadro ventilado pela oposição partiu do vereador Catulé (PL). O parlamentar decano da casa demonstrou incômodo diante do fato de muitos colegas estarem elogiando serviços de tapa-buracos nas ruas e o carnaval que passou como ações espetaculares da gestão recém-empossada. Para o vereador, a preocupação maior da casa deveria ser contra os problemas perenes do município, como no setor de saúde pública que, para ele, continua na UTI e o povo não tem a quem recorrer. Neste sentido, Catulé elogiou a ação do prefeito Sílvio Mendes em Teresina, vizinha capital do Piauí, onde a determinação foi a de não realizar um carnaval oficial na cidade, para que tais recursos, eventualmente a ser empregados, pudessem convergir para auxiliar o pleno funcionamento da rede pública de saúde teresinense, que a seu ver se encontra em situação caótica pelo descaso de como foi administrada pela gestão anterior do ex-prefeito Dr. Pessoa.
Na Assembleia Legislativa do Maranhão, acompanhando esse tipo de dinâmica em favor da população maranhense, o deputado caxiense Catulé Júnior (PP) fez um bombástico pronunciamento na tribuna, com o propósito de alertar o governador Carlos Brandão (PSB) para absurdos praticados por servidores estaduais no contexto da sua gestão. O parlamentar questionou na tribuna, na última quinta-feira,13, a origem do patrimônio de mais de 15 milhões de reais, adquirido em curto espaço de tempo pelo atual presidente da Agência de Desenvolvimento do Maranhão (Investe Maranhão), o advogado Cauê Maranhão, que tem raízes familiares em solo caxiense.
Conhecedor da situação da família do advogado, que pelo seu entendimento é honrada e não tem grandes posses, o deputado Catulezinho acha estranho o fato de um advogado, sócio de empresa de advocacia, que está impedido de advogar por estar ocupando cargo público há dois anos, encontrar espaço legal para arregimentar rendimentos pessoais de tão grande monta. Conforme afirmou na ALEMA, o gestor da Investe Maranhão é atualmente sócio proprietário das empresas Autoposto Alecrim, aquele situado à altura da rotatória da morte, na avenida Senador Alexandre Costa; dono de posto de combustíveis operando na Br-316; e do Sistema Nordeste de Comunicação, aparelhado com televisão, rádio e portal de internet. Ele cobrou uma posição do governante estadual a respeito do caso.
]Enquanto isso, nas redes sociais pululam informações nos cientificando que o quadro analisado é apenas o topo do grande iceberg que flutua em águas caxienses. Esse iceberg abrigaria também recursos de mais de 200 milhões reais surrupiados dos recursos públicos de Caxias, que já foram lavados em campanha política, aquisição de fazendas e imóveis de luxo, na cidade, São Luís e até fora do Estado.
Mas a semana também nos trouxe notícias alvissareiras. Na quarta-feira, 12, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) entregou a Caxias a obra de recuperação e revitalização do Complexo da Estação Ferroviária, localizado no centro da cidade, às portas do bairro Galeana. O espaço será destinado a atividades culturais e de educação, especialmente para a juventude caxiense, e, mais importante ainda, acomodará um grande teatro, logradouro há muitos anos inexistente na cidade.
No prédio-sede da antiga REFFSA de Caxias, funcionará o Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGC), coroando de êxito uma iniciativa forjada com muita luta pelo saudoso advogado, promotor, juiz, desembargador, professor e escritor caxiense Arthur Almada Lima Filho, que um dia teve a ousadia de conclamar filhos da terra a se irmanarem pela recuperação do logradouro histórico que estava abandonado.
Apoiado pelo Ministério da Justiça, vez que a obra foi realizada com dinheiro (cerca de 10 milhões de reais) do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), aplicável, dentre outras situações previstas em lei, a bens e direitos de valor artístico, histórico, turístico e paisagístico; IPHAN, Prefeitura de Caxias e Governo do Maranhão, o complexo entrará em funcionamento muito dentro em breve. O teatro, porém, ainda está à mercê de equipamentos de refrigeração e de iluminação, além de poltronas para acomodação da plateia, demandas que serão atendidas oportunamente pelo governo estadual.
Na solenidade de entrega oficial, um dos pontos altos foi a assinatura de documentos da qual participou a presidente do IHGC, professora Miramar Almada Lima, também como signatária, garantindo oficialmente a presença da instituição naquele que já é um dos novos cartões portais de Caxias. Confrades do IHGC ficaram satisfeitos e estão bem mais esperançosos com os novos rumos que a cultura caxiense trilhará, agora também graças ao novo complexo cultural da REFFSA. Que suas atividades não venham a ser corrompidas como aconteceu com o grande Centro de Cultura Acadêmico José Sarney, situado nas dependências do secular prédio da antiga fábrica Manufactora.
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