Caxias-MA 29/01/2025 17:19

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

A violência que atemoriza os caxienses


Desde o ano passado, os caxienses têm conhecimento de que sua cidade, proporcionalmente em relação a metrópoles do país, se encontra entre as mais violentas no território nacional, haja vista o registro inédito de crimes e delitos que acontecem praticamente todos os dias em solo gonçalvino. Não obstante, se alguém ainda tinha alguma dúvida em relação à essa criminalidade flagrante por aqui, o crime bárbaro de pistolagem, em plena luz do dia e sob olhares de populares na avenida Santos Dumont, bem próximo à residência do ex-prefeito Fábio Gentil, a cerca de 700 metros do Hospital Geral do Município, na última segunda-feira 13, sacramentou a lamentável situação em que Caxias se encontra no presente momento.

Era o começo da tarde de segunda-feira, quando uma ambulância do SAMU, que se aproximava do cruzamento ferroviário da avenida, transportando dois homens feridos por disparos de armas de fogo no bairro Campo de Belém, foi repentinamente parada por motociclistas armados, que ordenaram a seus ocupantes que saíssem do veículo, para logo em seguida dispararem contra os pacientes feridos, resultando na morte imediata de um deles. 

A violência do crime provocou estarrecimento e medo entre os que presenciaram a cena, ao ponto do médico que assistia as vítimas, transtornado com o fato, chegar a adentrar na primeira residência que estava com as portas abertas na ocasião, fortemente abalado por presenciar o crime. Horas depois, consta que no bairro Trizidela houve comemoração, certamente celebrada por integrantes da facção criminosa que tirou a vida de um concorrente de feitos ilícitos. 

Infelizmente, esta é a situação em que se encontra a mais tradicional e histórica cidade maranhense do interior, ao vivenciar costumes transferidos de locais como as favelas do Rio de Janeiro, onde esse tipo de crime ocorre regularmente, mesmo com aparato policial mais preparado e destemido para se contrapor à bandidagem que cresce em todo o Brasil. Mas a ousadia dos meliantes locais, acredita-se, tem base de sustentação na política de leniência do poder público que já a algum tempo se estabeleceu na Princesa do Sertão, através da qual a ordem maior é não incomodar quem quer que seja, porque há  interesse na preservação de valiosos votos eleitorais, a despeito de os criminosos serem minoria no contexto da população caxiense. 

Atualmente, basta o cidadão, a cidadã, passear pelas vias da cidade, para assistir ao péssimo funcionamento do trânsito nas ruas e avenidas, ao desrespeito de condutores nos locais preferenciais de estacionamento de veículos, além de presenciar, nos sinais de trânsito, motoristas e motociclistas sempre dispostos a invadirem os direitos de outrem, para ganhar vantagem. E tudo isso acontecendo porque não há um mínimo de fiscalização ou presença mais efetiva do aparato policial do município. Quer dizer: alguém deve estar orientando para a situação ser levada em banho-maria, o que só fortalece e alimenta a ousadia de quem está na vida a promover ilícitos. 

Quando se olha, agora, para as casas residenciais, os comércios, seja no centro de Caxias ou em seus bairros, contempla-se muros encimados por cercas eletrificadas que lembram os presídios ou casas de detenção. Em suma: os contribuintes vivem como se estivessem em campos de concentração, aprisionados nos próprios lares e com medo de familiares se tornarem vítimas de qualquer intrusão de malfeitores. 

Em resposta ao bárbaro crime, óbvio, as autoridades municipais, assim como políticos do grupo no poder, se apressaram a ter audiência com o governador do estado, para pedir-lhe que incremente mais a segurança pública no município, já que esta é uma função específica da governadoria maranhense. Ou seja: todos querem uma participação maior da polícia na região, pois acredita-se que só assim a bandidagem irá por freios às suas atividades criminosas, sobretudo na área do tráfico de entorpecentes, bem como sua distribuição nos mais variados segmentos da comunidade. E assim, nesse compasso de espera e sem demonstrar reação alguma, não sabemos quando as mudanças irão acontecer, até porque o descompromisso com pequenas demandas já está sendo cobrado até pelos aliados de primeira hora da gestão estadual.

Contudo, a população não deve perder as esperanças, porque, com o retorno das atividades parlamentares na Assembleia do Maranhão no início de fevereiro, o deputado estadual Catulé Júnior (PP), recém-empossado, deverá ser uma voz mais contundente na defesa dos caxienses. Afinal de contas, em que pese ser uma pessoa bastante dada ao diálogo e a respeitar opiniões, o parlamentar estará mais à vontade para defender os interesses maiores dos maranhenses e caxienses, sem medo de se indispor com os atores políticos que hoje orbitam o cenário político local, os quais já conhece muito bem, exatamente porque as ações dos mesmos foram paulatinamente sendo deturpadas com o passar do tempo, como o próprio parlamentar argumentou recentemente.

O deputado, que também fez parte desse grupo e o deixou face à quebra de compromissos, acredita que a política caxiense precisa ser reoxigenada em relação à gestão e à própria política local. Então, os seus posicionamentos certamente serão bem mais contundentes e eficazes ao atendimento das demandas locais, e feitos com mais responsabilidade e sem as amarras normais que costumam imobilizar agentes dentro do mesmo campo de interesse partidário. E, nesses casos, convém observar que a estratégia desses últimos será sempre no sentido de não forçar muito a barra contra governantes para não desagregar a sustentação política, mesmo que isso ofereça prejuízo para a população, o que não será o caso de Catulezinho.

Nesses primeiros dias de janeiro, o município já recebeu a visita de autoridades importantes que vieram alimentar o imaginário popular em relação a investimentos públicos que precisam ser implementados em Caxias. No dia 9, por exemplo, foi a vez do Ministro do Esporte, André Fufuca, protagonizando visita técnica a praças esportivas da região, visando valorizar o esporte no município. Talvez, agora, dentre outras ações, ocorra a exumação da cabeça de burro que foi enterrada no Parque da Cidade, que tem dificultado a conclusão do Centro de Iniciação Esportiva, cujo prédio se transformou em um elefante branco na área de domínio público mais aprazível da cidade, ora desvirtuada de suas funções para práticas desportivas.

Registre-se, também, nesse fim de semana, a visita do vice-governador Felipe Camarão (PT). Pelo que se pode deduzir, cumprindo uma agenda de encontros políticos visando à próxima sucessão estadual em 2026, ele que já se lançou à vaga do governador Carlos Brandão (PSB), mesmo sofrendo admoestações de políticos mais próximos ao governante estadual que querem impedir a ascensão de uma liderança jovem mais ligada ao Ministro do STF Flávio Dino, que o preparou e lançou na política maranhense ainda nos tempos que governou o Maranhão.

Camarão, que chegou em tempo do festejo tradicional de São Sebastião, esteve com o prefeito Gentil Neto (PP), ao lado de quem saboreou a comida típica do Mercado Central de Caxias; com o deputado Paulo Marinho Jr. (PL), e com o bispo católico Dom Sebastião Duarte, em festa de ordenação de dois novos padres da Diocese de Caxias, visando consolidar alianças e apoio ao seu sonho de administrar futuramente o Estado. 

Nas últimas horas, ainda que tardiamente, chuvas estão revitalizando a natureza caxiense. A época calorenta, por enquanto, ficou para trás, mas as precipitações agora serão, com certeza, novo tormento aos que habitam em lugares menos favorecidos ou usam as estradas dos povoados para virem à Caxias resolver problemas, além de trazerem produção. Por outro lado, a buraqueira presente em muitas vias públicas da cidade logo ganhará nova dimensão, reflexo do quanto deixou de ser feito na gestão passada.


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