Ao longo da semana que passou, ficou evidente que o período foi de flagrante ressaca eleitoral. Ressaca eleitoral da parte de quem perdeu a eleição, inconformismo por perder a gestão da prefeitura de Caxias a partir de 2025 por apenas 565 votos de diferença; ressaca eleitoral da parte do grupo vencedor, a coligação Gentil/Coutinho, acossada ainda pelo estresse do temor de por muito pouco ter que deixar o governo para os partidários dos marinhianos.
Por todos os lados, ouviu-se e assistiu-se a lamentação e a incredulidade dos derrotados, assim como uma espécie de alívio nervoso no semblante de quem se situa em torno da esfera atual do poder, ou seja: o medo de perder uma ou mais boquinhas dentro da gestão municipal. Talvez em razão disso as comemorações tenham sido tão sem ânimo no contexto do município, coisa que nunca se observou por aqui.
Mas o resultado das urnas caxienses evidenciou outra realidade, porque não resta dúvida de que a liderança do prefeito Fábio Gentil (PP) foi contestada pelo eleitorado que deu ao candidato Paulo Marinho Júnior (PL), segundo colocado no pleito para a prefeitura, nada menos do que 42.787 votos, um pouco menos do que os 43. 352 votos alcançados pelo candidato Gentil Neto (PP), o vencedor da eleição.
Aos olhos de quem participou da contenda, está bem claro que o candidato do prefeito só venceu porque teve a máquina pública à sua disposição, enquanto o principal opositor recebeu os votos da grande insatisfação que domina hoje o cenário político da Princesa do Sertão Maranhense. Mas o quadro é muito pior, porque se adicionarmos aos votos de Paulinho os votos dados à candidata Lycia Waquim (PSDB) e ao candidato Edmilson Sanches (PSOL), cerca de 3.200 sufrágios, os inconformados, em verdade, venceram a eleição, o que não deixa de ser uma estrondosa rejeição contra a política adotada por Fábio Gentil. Consubstancia esse quadro a grande quantidade de comentários negativos que desacreditam as aparições do prefeito nas redes sociais.
Em meio a rumores questionáveis da eleição ser anulada por conta de certas ilicitudes no decorrer do pleito, fatos que têm que ser avaliados com provas mais do que circunstanciais, os vencedores já se preparam para desembarcar no próximo governo, daqui a pouco mais de dois meses. Quem batalhou ao lado do próprio Gentil Neto acredita que ele tem tudo para fazer um bom trabalho. Estão apoiados no esforço pessoal que o candidato fez nas últimas horas da campanha e na promessa de que a sua gestão não terá as mesmas lacunas oferecidas pela do tio.
Contudo, no que tange ao grupo Coutinho, força agora com muito poder de decisão no colegiado governista, a aliança seguirá impecável se mantidos os compromissos assumidos em favor do município e da cidade na próxima gestão. Caso contrário, outra direção poderá ser arranjada no decorrer dos próximos quatro anos. Enquanto isso, está em curso a reconfiguração do poder legislativo caxiense, situação que se definirá lá pelos fins do próximo mês de dezembro. Ninguém fala claro, mas as escaramuças intestinas dentro da Câmara Municipal já estão em andamento, com sua bancada de 19 parlamentares renovada em nove membros. E, com o conclave definido, é que se terá uma ideia da governabilidade da futura gestão.
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