O grande movimento da tarde/noite da última sexta-feira 13 deu para manter as aparências eleitorais por parte do grupo governista. Trazendo à tiracolo o ministro das Comunicações André Fufuca (PP), o governador Carlos Brandão (PSB) e a deputada federal Amanda Gentil (PP), o prefeito Fábio Gentil (PRB) encheu as ruas de Caxias de apoiadores cooptados junto às bases eleitorais de vereadores na zona rural e nos bairros e enorme contingente de funcionários municipais, “convidados” a integrar alegremente a caravana, em apoio ao candidato Gentil Neto (PP).
Para dar uma ideia da estratégia de organização do evento, à exceção de alguns órgãos essenciais ao funcionamento da máquina administrativa pública caxiense, as secretarias municipais simplesmente tiveram as portas cerradas para que seus servidores tivessem condição de participar do mesmo, porque a ideia por trás do intento era fazer número, e com isso manter o moral do grupo elevado, diante do crescimento constante do principal antagonista, Paulo Marinho Júnior, o Paulinho (PL), no seio do eleitorado do município. Um crescimento sem ruído, mas cristalizado porque não dá margem para eventual mudança, que emerge desde as povoações da zona rural e se alastra pelos bairros da Princesa do Sertão Maranhense. Chateados, simpatizantes e amigos do prefeito chegam a admitir que, de cada 10 eleitores ouvidos, oito não vacilam em apoiar hoje o rebento da família Marinho.
O fenômeno é muito parecido com os acontecimentos da campanha de 2017, quando o então vereador Fábio Gentil ousou enfrentar o poderoso clã Coutinho, na pessoa do então prefeito Léo Coutinho. E, na época, caminhadas, carreatas, motociatas ganharam as ruas de Caxias, fazendo crer que a reeleição do prefeito era fato consumado. Abertas as urnas, porém, o resultado foi adverso, confirmando o que as pesquisas de intenção de votos indicavam. Fábio, contra toda a máquina da prefeitura e sem recursos, ganhou a eleição, mesmo por pequena margem de votos. Um feito que, repetindo a vitória de Paulo Marinho contra o grupo de Aluízio Lobo, em 1992, entrou para a história política de Caxias.
Neste espaço já comentamos que a performance do prefeito Fábio Gentil seria outra, tivesse ele não se afastado e rompido com os amigos de primeira hora. Agora, corre o risco de não somente perder a eleição do sobrinho, mas também de sentir a sua liderança contestada no município e região. E tudo porque optou por privilegiar a carreira política, deixando a administração da cidade a desejar em todos os quesitos, haja vista que o funcionamento do poder público não está correspondendo aos anseios da grande maioria da população. E, pior, o problema de Caxias não é falta de recursos no tesouro municipal. Ano passado, por exemplo, as transferências federais chegaram muito perto de 800 milhões de reais, o que é um verdadeiro descalabro quando se olha para as condições em que nossa Princesa se encontra, inclusive os serviços públicos que são oferecidos. Há lacunas em todo lugar, geradoras de inconformismo no eleitorado.
Atingiu-se a metade de setembro e restam 20 dias para as eleições. Quatro candidatos seguem na disputa pela prefeitura. Edmilson Sanches (PSOL/Rede) e Lycia Waquim (PSDB), surpreenderam nos debates e encontros dos quais participaram. Em desfavor de ambos, a ausência de grupos de apoiadores fortes e capazes de influir junto ao eleitorado, para impulsionar suas pretensões. Assim, restaram polarizados Paulinho e Gentil Neto, muito mais visíveis nas pesquisas, com o primeiro liderando desde as primeiras aferições. Abalados com os resultados, os gentilistas só agora divulgaram pesquisa em que estão bem à frente do adversário, fato que para especialistas não é coisa para ter crédito, em razão das reais intenções do eleitorado.
Batalha difícil, no entanto, será a eleição dos próximos vereadores à Câmara Municipal. Se ninguém ainda não desistiu, são nada mais nada menos do que 255 candidaturas este ano em Caxias. A previsão é a de que vereadores mais experientes e com serviço já prestado à população levarão boa vantagem sobre iniciantes, mesmo sobre aqueles já com algum lastro na condição de cabos eleitorais. Vereadores como Catulé (PRB), Ximenes (PP), Mário Assunção (PP), Luís Lacerda (PcdoB), Durval Júnior (PP), Neto do Sindicato, dentre outros, vão para a disputa alicerçados em suas bases eleitorais nos três distritos do município.
Daniel Barros (PDR) entra como o grande coringa, uma vez que conseguiu conquistar todos que têm reclamação a fazer contra a gestão municipal. A terra de ninguém, no entanto, será a cidade, onde os votos de cada postulante estarão fragmentados pelos bairros. E, nesse espaço, nicho certo para os novatos, mais novos, que certamente se aproveitarão das ferramentas da internet, por meio das redes sociais, para conquistarem eleitores de suas regiões de atuação. Quem tiver base forte também no grupo familiar, por exemplo, participará com mais vantagem sobre os demais.
Por outro lado, em gesto inusitado, os atores da política caxiense este ano não se utilizaram, pelo menos até esta data, da propaganda política através da televisão. Antenados aos novos tempos em que emergem figuras caricatas com algum sucesso na política por meio das redes sociais, a classe local também optou pelo modelo, que, por sinal, é bem mais em conta do que as caras produções televisivas. Mas não está sendo fácil para nossos profissionais de comunicação conviverem em tal contexto, vez que sacrificam a imparcialidade em detrimento do alinhamento político, reduzindo o crédito do trabalho de informação a partir do rótulo que passam forçosamente a ostentar. E, assim, o carimbado não conquista voto, mas tira do seu contratante. Seguimos, acompanhando a campanha de 2024 em Caxias.
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