Caxias-MA 16/09/2024 16:51

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

A campanha e o primeiro debate


A campanha eleitoral de 2024 está nas ruas, em Caxias, mas se considerarmos o pleito de 2017, quando o prefeito Fábio Gentil (PP) se elegeu pela primeira vez, foi transferida para seu sobrinho, o jovem arquiteto Gentil Neto, o candidato do governo à sucessão municipal, a mesma estrutura que dispunha o então prefeito Léo Coutinho, que foi derrotado exatamente por FG naquela época. Na ocasião, não se falava de outra coisa, senão ressaltar o poderio econômico da família Coutinho, que tinha tudo para ganhar, mas que acabou derrotada exatamente pela falta de confiança do eleitorado em um prefeito considerado uma marionete nas mãos das eminências políticas que dominavam a cidade.

Olhando-se para o ambiente de hoje, uma questão vem à baila e provoca questionamentos em quem gosta de explorar as eventualidades políticas do município: estaria o candidato do governo realmente preparado para administrar a cidade e, de roldão, também controlar a atual situação política de Caxias?!!! Isto porque, se as pessoas atentarem para a realidade, está óbvio que ele ainda não dispõe das condições ideais para o cargo, até porque nesse momento ele mesmo não está à frente de nada na campanha, é dirigido pelo tio em tudo que faz, e, assim, é um risco acreditar-se que tal projeto irá ter êxito nessa altura dos acontecimentos.

Ao acolher o empresário Eugênio Coutinho Filho no ninho gentilista, o que o prefeito Fábio Gentil estaria pensando ao consumar o fato, inclusive colocando o novo amigo na chapa de vice-prefeito da coligação? Será porque Eugênio Filho é hoje considerado um dos homens mais ricos do Maranhão, ou porque na cabeça de FG ficou uma espécie de sentimento de culpa, exatamente por haver derrotado o mesmo potentado no tempo de Léo Coutinho, filho dele? Sim, porque por trás da campanha de Léo Coutinho, em 2017, não estava mais a figura do deputado Humberto Coutinho, então bastante adoentado, mas o próprio empresário, que resolvera bancar a campanha da prefeitura na época.

Sabendo dessas coisas, o eleitorado certamente está incomodado, pois é difícil entender como agora é possível votar nos que foram derrotados e, ainda por cima, trair os antigos companheiros que ajudaram Fábio a se eleger. Então, na cabeça das pessoas, com certeza está bem claro... está bem nítido... que por trás de tal equação apenas estão os interesses de pessoas ricas, exatamente aquelas que a família Gentil venceu sem recursos em eleições passadas; e, a esse respeito, é óbvio, à essa altura da vida, que FG também já se considera um forte membro do seleto grupo, pois não é mais o remediado de tempos passados, após oito anos na prefeitura.

O marqueteiro contratado por FG vem orientando a atual campanha governista dentro da mesma concepção que era conduzida na época da família Coutinho, isto é, levando-a às ruas com o estardalhaço de paredões de som, sonorização de som potente, e de dezenas de “correlegionários” contratados para fazer número e agitar bandeirolas. A estratégia é estabelecer a ideia do “já ganhou”, devido ao aparato financeiro que está por trás dessas maquinações.

Não obstante, tal profissional ficaria surpreso em saber que as pessoas, fora as que estão trabalhando na campanha, não estão nada satisfeitas com o que assistem, até porque têm consciência de que faltou à cidade a grande maioria das promessas feitas nos últimos oito anos, e não serão reparos de ruas feitos às pressas ou inaugurações no calor desse momento que irão mudar os muitos ressentimentos que estão no imaginário dos caxienses.

Veio o primeiro debate ao vivo dos postulantes à sucessão municipal na noite da última sexta-feira (23), coordenado pela TV Difusora, e o resultado, por avaliação, é o de que o candidato “mais preparado”, Gentil Neto (PP), segundo a mídia governista, não apresentou nada de surpreendente, a não ser confirmar que não passa de um rapaz controlado pelas decisões de terceiros, ou melhor, do seu tio, atual prefeito da cidade. 

Com ar irônico diante das câmeras, GN atacou especialmente os candidatos Paulinho (PL) e Lycia Waquim (PSDB). Sobre o primeiro, lembrou o histórico da herança política familiar, a qual, na sua avaliação, só fez mal a Caxias; sobre a segunda, cobrou a ingratidão de ter participado da gestão em cargo de primeiro escalão por mais de sete anos e depois ambicionar o próprio lugar de Fábio Gentil. Ele anunciou que tem pensamento próprio e que dará continuidade às obras levadas à cabo por seu tio no município.

A argumentação de Gentil Neto, porém, foi o mote sobre o qual os demais concorrentes embasaram pronunciamento, demonstrando que as falhas da gestão de FG, esquecendo o município e a cidade em áreas como a saúde, a educação, a segurança e a própria infraestrutura comandada por Gentil Neto nos últimos meses, é o ponto franco que desabona sua pretensão de substituir o tio.

Em outro momento, questionado a respeito dos investimentos que não trouxe à cidade quando deputado federal, Paulinho frisou que ele mesmo havia destinado uma emenda de 1 milhão de reais para recuperação da estrada do povoado Baú, obra que FG preferiu não realizar, sem aproveitamento do recurso. Lycia, por sua vez, demonstrou empatia em relação à atual realidade do município, e disse que saiu da gestão porque sentiu que ela não correspondia aos interesses do povo caxiense. “Minha voz não era mais ouvida”, ressaltou.

Demonstrando maior envolvimento com a política da cidade, Paulinho e Lycia informaram que seus planos de governo estão à disposição de todos nas redes sociais. Paulinho enfatizou que Caxias precisa de amor e cuidado, para que seus filhos não deixem a cidade por falta de oportunidade de emprego, as pessoas não sofram nos hospitais e as crianças não fiquem sem merenda escolar, e prometeu estabelecer um curso de formação profissional para jovens e a construção de um grande hospital infantil no município.

De forma inusitada, porque é meio desconhecido fora do contexto da intelectualidade caxiense, Edmilson Sanches (PSOL/Rede) surpreendeu no debate. Com a postura de pessoa habituada a fazer palestras e a interagir com o público, demonstrando conhecer sobre economia e experiência acumulada em muitos lugares, inclusive no exterior e nas forças armadas, além de em Imperatriz, onde já foi o vereador mais votado, ele revelou que, se for eleito, pretende fazer uma gestão participativa com todos os segmentos da população, sobretudo com as categorias de classe, e que adotará uma política contrária ao nepotismo, ou seja, voltada para parentes, a exemplo da que hoje está estabelecida em Caxias.

O primeiro debate da TV Difusora foi bastante esclarecedor para a comunidade. Mas poderia ser melhor, se o espaço de tempo aos debatedores tivesse sido mais ampliado.


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