Caxias-MA 18/10/2024 03:06

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Primeiras escaramuças da campanha eleitoral


Corria o ano de 2004, mais um ano eleitoral em Caxias, período de sucessão municipal. Como membro do primeiro escalão do governo, eu acompanhava o desenrolar da campanha eleitoral. A gestão era a da prefeita Márcia Marinho, primeira mulher a ocupar a chefia da prefeitura do município. Sua administração, àquela altura dos acontecimentos, era, no mínimo, razoável, mesmo satisfatória, se levarmos em conta que Caxias havia perdido o seu fundo de participação especial por conta do desmembramento do povoado São João do Sóter, que se tornara município na época, suprimindo da cidade-mãe, por conseguinte, a população da localidade que era a mais expressiva do 3º Distrito de Caxias.

O fato, evidentemente, trouxe grande prejuízo para as finanças públicas de Caxias. Imagine a situação de ter-se que administrar uma cidade com uma infraestrutura focada em desenvolvimento em todas as frentes e saber, de uma hora para outra, que os recursos já não eram suficientes para mantê-la, obrigando a gestora a tomar decisões que certamente não agradaram à população caxiense!

Acompanhando o rol de dificuldades, sobreveio a nova postura assumida pelo governador do estado da época, que rompeu com a família Sarney e com isso jogou no limbo todos os componentes do grupo político, no qual a família Marinho estava incluída. E o governador, desamparando o grupo local que o ajudara decisivamente na eleição que o fizera chegar ao Palácio dos Leões, optou imediatamente por ajudar quem fazia oposição aos Marinho no município, pavimentando o caminho que retiraria Márcia Marinho do poder, dificultando a sua reeleição.

A despeito do trabalho que vinha realizando no município, Dra. Márcia enfrentou enormes dificuldades financeiras durante aquela campanha eleitoral.  E então, saindo-se às ruas de Caxias, por onde se andava, ouvia-se o clamor por mudanças na gestão municipal. Seus partidários penavam, e sentiram que não adiantava fazer qualquer contra argumentação, porque a maioria das pessoas já havia cristalizado a ideia de que Caxias tinha que ser governada por outra pessoa.

Se levarmos em conta o momento presente, o mesmo já está ocorrendo agora, nesse espaço de 90 dias antes do dia 06 de outubro, a data da próxima eleição municipal. A primeira pesquisa oficial que foi divulgada, realizada pelo Instituto Data M, de São Luís, contratada pelo Grupo de Comunicação Mirante, da capital, revelou que o pré-candidato Paulo Marinho Júnior (PL) simplesmente vence o pré-candidato da situação, Gentil Neto (PP), nome até então mais forte na contenda, em três cenários distintos da referida pesquisa. 

O primeiro cenário apresentado é o espontâneo (quando não é apresentado nome de candidatos ao eleitor). Assim, o DataM mostra que a disputa lá está assim: Paulo Marinho Júnior aparece com 24,2% seguido por Gentil Neto (PP) com 17,5%, depois Lycia Waquim com  2,7%, Fábio Gentil (atual prefeito) com 1,6% e Edmilson Sanches, 0,9%. Nenhum, branco e nulo somam 6,7% e indecisos e não responderam 46,6%.

Com relação aos cenários estimulados,no primeiro, Paulinho tem 39%, Gentil Neto aparece com 28,8%, Lycia Waquim com 4,4%, Edmilson Sanches com 1,1%.Já no segundo cenário estimulado, os números são esses: Paulo Marinho Júnior foi a opção de 42,4% dos eleitores e Gentil Neto, 29,7%. Nenhum dos candidatos, branco e nulo somaram 14,%, mesmo resultado dos eleitores indecisos e que não responderam.

E assim, enquanto Gentil Neto parece que não decola, a pré-candidatura de PMjr. vai crescendo exponencialmente, e tudo leva a crer que ele haverá de vencer mesmo a sucessão municipal, já que está, como se diz popularmente, na boca do povo.

Na noite da última sexta-feira (12), aconteceu o lançamento oficial da candidatura de Gentil Neto, no Espaço Marília Eventos. Na sua chapa, compondo o lugar de vice, o empresário Eugenio Coutinho Filho, pai do ex-prefeito Léo Coutinho que foi derrotado pela família Gentil há cerca de oito anos. A preferência inicial era para a ex-deputada Dra. Cleide Coutinho, mas o seu quadro de saúde falou mais alto, fato que levou os gentilistas a procurarem outro figurante para estar ao lado de GN. 

Para as más línguas, porém, o que prevaleceu foi o mais puro interesse financeiro: de um lado, o prefeito Fábio Gentil (PP) querendo economizar dinheiro na campanha; de outro, o olho lançado sobre a realização de futuras obras que serão feitas na cidade, após uma eventual vitória. 

Quem conhece a história recente de Caxias lembra,com certeza, quem venceu no passado a grande maioria das licitações para construção de casas populares do programa Minha Casa, Minha Vida no município. Pelo visto, para algumas pessoas, os contratos de construção civil não estão indo muito bem fora de Caxias.

Ao contrário de Paulo Marinho Júnior e sua trupe, que estão indo aos povoados e aos bairros caxienses convencer o eleitorado, os gentilistas seguem apostando no poder da maciça, aglutinando em um só local, como aconteceu no Marília Eventos, o máximo de cabos eleitorais trazidos dos quatro cantos do município, para dar uma ideia de grandeza e a sinalizar que têm muita grana para jogar na campanha eleitoral e no dia da eleição. 

A estratégia é a mesma usada pelos Coutinho contra Fábio Gentil oito aos atrás. Só que Fábio venceu, ao lado dos atraiçoados de hoje, contra todos os prognósticos, até porque o saudoso deputado Humberto Coutinho, em face à debilidade de sua saúde, já não podia dar as cartas naquela campanha que foi assumida exatamente pelo irmão que agora está no lugar de vice dos gentilistas.

FG, com poucos recursos na campanha, venceu porque todos acreditavam que ele era o novo, o messias que libertaria Caxias da oligarquia forte que a dominava. Agora, no entanto, ele é o mandachuva que assumiu o mesmo papel dos Coutinho. Mas, com uma grande diferença, de tanto se embriagar com o poder e deixar de investir na cidade, colhe hoje, de acordo com a pesquisa Data M, uma rejeição que se aproxima de 60% junto ao eleitorado. E sem respaldo popular, com o candidato que tem, será muito difícil se manter no poder.

Mas essas são, no entanto, somente as primeiras escaramuças de uma campanha eleitoral que se arrastará por cerca de 90 dias. 


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