Primeiro foram os boatos, que logo evoluíram para especulação. Nesta semana, porém, o que era incerteza virou realidade. Doutora Cleide Coutinho, que vestira um robe de chambre para curtir merecida aposentadoria da vida política maranhense e caxiense, resolveu guardar a vestimenta que adotara desde que decidiu não mais concorrer à reeleição de deputada estadual, abrindo espaço para Cláudia Coutinho entrar na Assembleia Legislativa, aceitando fazer parte como vice da chapa que irá concorrer à sucessão municipal, tendo à frente o ex-secretário de municipal de Infraestrutura, Gentil Neto (PP), indicado pelo prefeito Fábio Gentil (PP).

A decisão foi uma surpresa porque a cidade acreditava que a ex-deputada se recolhera para tratar mais da sua saúde abalada após o falecimento do seu esposo, o saudoso ex-prefeito e grande deputado estadual por Caxias, Dr. Humberto Coutinho, último homem a colocar a terra de Gonçalves Dias em destaque à frente da Assembleia do Maranhão. O luto e os problemas físicos decorrentes da idade avançada serviam para alimentar o desejo de familiares de não vê-la mais exposta aos holofotes da política. Mas um estímulo empresarial à sua conceituada casa de saúde, a título de oferecer amplos serviços de exames médicos por imagens para o sistema público de saúde local, coisa orçada em nada mais nada menos do que 7 milhões de reais, selou o seu retorno à política caxiense.

O lado bom da notícia é saber que Dra. Cleide está gozando de boa saúde, e pronta, como sacramentou o prefeito Fábio Gentil, a ajudar com a sua experiência o jovem Gentil Neto, quando este estiver à frente da Prefeitura de Caxias, depois de eventualmente vencer as eleições deste ano, em 6 de outubro. O mandatário municipal acredita que ela irá dar mais credibilidade à candidatura GN, que todos sabem que não vai muito bem, ao ponto de ele ter trazido para sua ribalta adversários derrotados nos dois últimos pleitos passados, como foi o caso da família Coutinho, berço de onde saiu dissidente.

Para a cabeça do eleitor de Fábio Gentil, o atual cenário é uma verdadeira bagunça, pois como é que ele foi levado por duas vezes a votar contra os Coutinho e agora está sendo orientado a entrar alegre na nova composição. E, pior, votando contra Paulo Marinho Júnior (PL), que ao lado de Catulezinho foi o avalista das duas eleições e fiel escudeiro do grupo gentil, mesmo durante a pandemia da covid-19 que gestou situações dramáticas e trágicas no seu seio e em toda a comunidade caxiense. Para alguns apoiadores de primeira hora, talvez sejam os efeitos colaterais da doença que estão se manifestando nesse momento, já que é injustificável agora fazer aliança com adversários contra aliados que nunca manifestaram qualquer oposição, além do fato de cobrarem acordos que jamais foram cumpridos.
    Outros, no entanto, avaliam que os Coutinho, de fato, estão entrando em uma sinuca de bico, ao pensar que poderão novamente estabelecer alicerces sólidos na política local. Entendem que a forma utilizada tem jogado na lona muitos empresários caxienses atraídos a partilhar das benesses do poder, um sentimento que logo cai por terra quando sobrevierem as primeiras quebras de compromisso em suas finanças. Não foi à toa que Dr. Humberto Coutinho um dia se mostrou reticente às aspirações de FG comandar a Câmara Municipal, razão que selou o seu rompimento com a família antes do seu primeiro mandato na prefeitura.

Em caso de vitória, vai ser interessante assistir-se toda uma cidade, como Caxias, subserviente a uma eminência parda que se molda no mesmo figurino dos velhos coronéis que dominaram a região até meados do século passado. O mote é sair do poder, mas permanecer à sombra influindo e decidindo sobre tudo. E, isto posto, seria uma pá de cal em qualquer estratégia para melhorar a vida do município e de sua cidadania, preservando-se e dando-se mais alento à péssima política que vem contribuindo para estagnar a cidade, relegando-a em importância econômica no cenário estadual. E sem importância econômica, de nada lhe valem os louros da literatura e do passado histórico, porque somente isso não é capaz de sustentar seu desenvolvimento e oferecer empregos à sua população.

É por isso que o bom senso haverá de levar o eleitorado local a escolher entre um novo projeto de desenvolvimento, a partir de nomes realmente comprometidos, ou aceitar o projeto político pessoal que está em curso, estagnando o município, no qual poucos apenas têm vez. Por sua vez, o mês de junho chegou ao fim, e foram bons dias de festejos por toda a região, apoiados pelo poder público, é claro, que apostou em melhorar seu conceito em período de eleição.