Caxias-MA 29/06/2025 15:25

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

A promoção da desigualdade


O brasileiro, o maranhense, o caxiense comum, sobrevivem em um mundo absurdamente desigual, sobretudo do ponto de vista econômico. Dias atrás, governadores de estados elevaram seus salários em mais de cem por cento. Nosso governador Carlos Brandão (PSB), por exemplo, acaba de ser beneficiado com o acréscimo de 107% em seus vencimentos. Deixará de receber, mensalmente, em sua conta bancária, R$ 15 mil 915 reais, para ganhar mais de 33 mil reais, já partir deste mês de junho que se inicia.

Brandão, claro, sabe que a iniciativa da Assembleia Legislativa do Maranhão em beneficiá-lo não será das mais receptivas pelo grosso da população estadual que está ganhando hoje o salário-mínimo, um rendimento com o qual é quase impossível uma família sobreviver dignamente. Contudo, ele nada pode fazer, porque a prerrogativa nesse sentido passa pelos deputados estaduais, responsáveis por periodicamente ajustar os vencimentos salariais do primeiro mandatário estadual. 

O governador, se se mostrar indignado, pode até vetar a lei, mas não o fará por receio de ter que engolir o seu veto pelos ocupantes do Palácio Manoel Beckman. Afinal de contas, é com base no salário do governador e de seus secretários (29 mil reais) que os deputados estaduais balizam os seus próprios vencimentos, e, partir daí, as correções são feitas ao longo de toda uma cadeia parlamentar que atingirá também os prefeitos e os vereadores dos municípios.

A título de esclarecimento, a vereança em Caxias irá ganhar 70% do que receberão os deputados estaduais, e isso para trabalhar em uma sessão legislativa por semana, como vem acontecendo atualmente, até porque ninguém é de ferro e é época de eleição, quando é necessário que a edilidade se faça mais presente em suas bases eleitorais do que legislando ou fiscalizando a gestão municipal dentro da Câmara Municipal de Caxias.

No périplo recente que fez na região, a título de inaugurar obras, o governador vai deixando claro que o seu próximo intento político, uma vez que não poderá mais se reeleger para o Palácio dos Leões, é chegar a uma cadeira no Senado Federal, para a qual terá que disputar ferozmente com os atuais senadores Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PSD). 

Brandão, de mansinho, vai cooptando aliados e conta com o apoio da presidente da ALEMA, deputada Iracema do Vale (PSB), que ele mesmo quer ver sentada em seu lugar na próxima sucessão estadual. Aqui, em Caxias, onde o prefeito Fábio Gentil (PP) é seu aliado de primeira hora, não deve ter gostado dos protestos que assistiu no palanque oficial em desfavor da gestão do Hospital Macrorregional, sob controle gentilista, e dos atrasos (sete meses) no pagamento do aluguel do prédio que abriga o Hospital de Traumatologia e Ortopedia, sob a responsabilidade da prefeitura local.

Tais situações por certo minaram ainda mais o prestígio do governador, na cidade, já abalado pelo pífio e escalonado reajuste salarial imposto aos servidores estaduais - cerca de 10 por cento ao longo de quatro anos. Ademais, tem o fato de que, mesmo contribuindo mensalmente para o FUNBEN, nenhum servidor estadual da região tem acesso a serviços médicos e laboratoriais privados em Caxias, face ao descrédito conquistado pelo governo estadual em não cumprir convênios assumidos. Para gozar do benefício, o servidor estadual tem hoje que se deslocar para São Luís, fazer uma viagem de mais de seis horas, custeando do próprio bolso as despesas com transporte e acomodação.

Enquanto isso, em sua perspectiva de produzir circo para a população caxiense assistir, o prefeito Fábio Gentil conseguiu a proeza de trazer o Ministro dos Esportes André Fufuca (PP) para a abertura de mais uma edição (45ª) dos Jogos Estudantis Caxienses (JECs). 

Ginásio João Castelo lotado na noite de domingo, a estudantada em festa, discursos e mais discursos eloquentes, mas eis que, na empolgação da assessoria que produzia o evento, um cadeirante, arrastado em coreografia de rodopios, foi derrubado dentro da quadra, batendo inclusive com a cabeça no chão. Quem assistiu o episódio grotesco e por muito pouco trágico, amplamente repercutido nas redes sociais, com certeza avalia que a cidadania, por aqui, também é tratada de modo desigual. 


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