Caxias-MA 23/11/2024 08:40

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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Um preço a ser pago


Atingimos o mês de maio, e estamos a cinco meses da próxima eleição que irá definir a sucessão municipal e referendar os edis que irão compor a Câmara Municipal de Caxias para o quadriênio 2025/2028. O cenário, que para uns parecia claro e para outros obscuro, começa a evidenciar contornos mais nítidos do que vai ser o pleito de 2024 no Município de Caxias.

No início do ano, a pré-candidatura do jovem Gentil Neto (PP), nome escolhido pelo prefeito Fábio Gentil (PP) para sucedê-lo, parecia caminhar a passos largos para uma vitória tranquila e com a esperança de repetir os sucessos retumbantes alcançados pelo tio nas duas últimas eleições exclusivamente caxienses. Agora, porém, ao avaliar-se como estão evoluindo os acontecimentos políticos, a verdade é que as coisas não estão caminhando muito bem para os lados da atual liderança municipal.

Antes endeusado e com forte carisma junto à população, o alcaide, à essa altura dos fatos, não consegue manter aquele traço de personalidade que encantava os eleitores. É possível que se pergunte o que ele tem a ver com o processo. Nada, evidentemente, porque não poderá mais candidatar-se ao cargo maior do município. Mas o problema, entretanto, é que ele é o maior cabo eleitoral do sobrinho, a peça principal de apresentação e cooptação do eleitorado, e aí, pelo que se ouve pelos quatro cantos do município, é que FG vai perdendo a confiança do povo e, por extensão, também da classe política, esta última, a começar pela grande maioria da bancada de vereadores, que não está se sentindo bem com o tratamento dispensado pelo prefeito.

No correr da semana, o episódio da população protestando contra ele no povoado Porto do Paiol, cobrando-lhe a ausência de investimentos de infraestrutura fundamentais para aquela região, principalmente a recuperação de estradas vicinais, problema que estende pelos três distritos do município, foi um episódio vexatório para o prefeito. No encontro, ele bem que tentou se justificar, oferecer esperanças, novos prazos de realização, mas todas as vezes teve que baixar o tom de voz e ouvir reclamações que jamais gostaria de ter ouvido. Saiu de lá, com certeza, fulo da vida, mas é como diz um certo ditado popular: quem planta vento, colhe tempestade. 

O alcaide de Caxias, não se sabe por que, sobretudo ao longo desse seu segundo mandato, ignora o cumprimento de compromissos e, sempre que pode, quando as pessoas conseguem falar com ele, faz promessas que nunca são cumpridas a seu tempo. Dá pena assistir-se a vereança fiel tentando intermediar sem sucesso as demandas do povo, porque, claro, necessitam do sucesso dessa intermediação para manterem os difíceis votos conquistados em suas bases de atuação parlamentar. 
Contudo, em sua grande maioria, até a vereança fiel, aquela que por medo preferiu acreditar em falsas promessas a fiscalizar eficientemente a gestão, agora nem é recebida para audiências, seja na prefeitura ou na residência oficial, como ocorreu há poucos dias, quando vereadores e vereadoras foram vistos barrados pela segurança na avenida Santos Dumont. 

Tamanho despautério, sem dúvida, revela em que baixo nível está a confiança de ambas as partes no presente processo eleitoral. Para piorar, aliados e assessores de primeira hora agora são os primeiros a trabalharem contra as expectativas do mandatário da cidade. Ninguém consegue mais se segurar. As redes sociais que o digam, já que está no ar um forte desejo de mudança política em Caxias; a opção de que um quadro melhor deve ser sacramentado para mudar o rumo das coisas que foram perdidas para dar lugar a um populismo imaginário, doentio e com fortes trejeitos da extinta monarquia que foi varrida do Brasil no ano de 1889.

Enfim, este é o preço a ser pago por quem acreditou que sempre poderia enganar o povo caxiense, em vez de ser aquele zeloso guardião, escolhido para garantir o bem-estar de todos. O povo, porém, já sabe o que está errado em Caxias. À exceção das obras construídas para projetar a gestão, ruas, avenidas, logradouros públicos acham-se em estado deplorável. As unidades públicas de saúde não atendem a contento, porque faltam até remédios simples para dor e febre, e, nas escolas municipais, a merenda dos alunos tem que ser levada de casa. Isso sem falar no quadro de violência que atualmente predomina na terra de Gonçalves Dias.


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