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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

A separação do joio, do trigo...


Que o agronegócio já é uma realidade em nossa região, ninguém duvida. E levas e mais levas de imigrantes estão chegando todos os dias a Caxias, estimulados pela existência de terras vendáveis a custos bem mais baixos dos que são encontrados no Sudeste e no centro do país. Assim, de certa forma, pelo menos do ponto de vista de quem chega por aqui, compensa a falta de uma infraestrutura mais consistente para receber tais empreendedores. Contudo, é uma vergonha para os caxienses não poderem apresentar uma cidade em moldes mais aceitáveis em termos de um urbanismo mais condizente com a realidade do século em que estamos vivendo, porque a verdade é que a nossa comunidade ficou para trás em relação a outras cidades importantes do Maranhão, e não adianta procurar desculpas para justificar tamanha inoperância.

Dá até para imaginar o que pensa o imigrante que aqui desembarca. Curioso pelo fato de que Caxias é conhecida como uma cidade histórica, berço de cultura em todos os níveis, deve ser frustrante reconhecer que nossa urbe sobrevive com décadas de atraso em relação a outras localidades nordestinas. Prolífera em ruas esburacadas, trânsito caótico por causa de condutores mal-educados, desprovida de serviço de transporte coletivo, sinalização horizontal à base de centenas de incômodas lombadas, é a imagem daquelas cidadezinhas de fronteira, onde a lei do mais forte costuma imperar, já que, por hora, estamos classificados como a 32ª cidade mais violenta do país. Incrível, não?!!

Pois é, mas estamos assim porque insistimos em manter um sistema político que só beneficia poucos em detrimento da grande maioria. Perverso, ele não faz a menor questão de oferecer novas oportunidades aos caxienses, especialmente aos jovens, levando-os a buscarem outras plagas na tentativa de sobreviverem dignamente.

Outra situação que incomoda é constatar-se que prédios públicos emblemáticos e representativos da cidade estão ruindo. Parece que o fenômeno, observável no centro histórico da capital do estado, está sendo copiado com a maior fidelidade em solo gonçalvino, isso numa época em que se vivencia recursos à vontade no tesouro público. E tudo por conta de a prefeitura ser o órgão que mais emprega no município, uma vez que, por baixo, estima-se que Caxias possua atualmente cerca de 16 mil servidores municipais, um verdadeiro absurdo, embora a cidade esteja deixando a desejar em matéria de prestação de serviços para a sua população, de modo geral. 

As duas pontes sobre o rio Itapecuru, no perímetro central, encontram-se em estado deplorável. A ponte de arcos, mais antiga, edificada entre as décadas de 1940 e 1950, apresenta piso com vergalhões de ferro em exposição. Se estivéssemos no litoral, com toda certeza o empreendimento já teria ruído. Não obstante, a leniência no serviço público não fica só nisso. O novo Shopping do Cidadão, edificado na avenida Otávio Passos, entregue cerca de dois anos atrás, já apresenta perigosas rachaduras e forros de teto rompidos. 

Enquanto isso, no embalo de uma campanha eleitoral já em andamento, o que se assiste e se ouve são vivandeiras pregando o já ganhou do sistema estabelecido, fazendo questão de demonstrar que nada irá impedir a vitória de que tem dinheiro de sobrar para gastar. E pensar que sete anos atrás, quando era vivenciada uma situação parecida, o povo colocou para fora os poderosos de plantão. Para os desavisados, é bom que fique claro que o eleitorado caxiense hoje está bem mais esclarecido e sabe separar o joio do trigo. 


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