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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

Clima de indignação


O clima, nesse instante, é de indignação no seio da intelectualidade caxiense, diante da constatação de que uma trama está em curso para retirar as instalações do complexo ferroviário da cidade (antiga estação de trens), renovadas e prestes a ser inauguradas muito brevemente, do controle do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias (IHGCx). Se esse gesto malévolo se consumar, haverão praticado uma afronta criminosa contra a memória do saudoso desembargador Arthur Almada Lima Filho, já que partiu dele o grande esforço para inserir Caxias no seleto rol de investimentos do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), usando de sua influência, cooptando amigos e mesmo visitando todos os canais competentes, a partir de Brasília (DF), no intuito de materializar um sonhado intento de muitos caxienses preocupados com a preservação do patrimônio histórico do município.

As tratativas para que tal inclusão se efetivasse deram-se no tempo da superintendente do IPHAN no Maranhão, Drª Kátia Bogéa. A especialista, no entanto, por força de ingerências políticas, foi substituída. De sorte que, agora, o órgão se encontra totalmente vinculado ao governo estadual, à disposição de atender literalmente as orientações que emanam da liderança do Maranhão. Pelo que chegou ao nosso conhecimento, não haverá mais espaço para o IHGCx na estação do complexo ferroviário de Caxias, devendo o local ser ocupado para acomodar figuras das preferências políticas do momento.

A se constituir em verdade, excluir a intelectualidade de Caxias desse empreendimento será uma vergonha para uma cidade que se consolidou como berço e casa de nomes imortais da história literária do Brasil, reconhecidos pela inteligência e participação em muitos momentos grandiosos da vida nacional. Tais vultos, ainda que ignorantes queiram desprezar, jamais serão esquecidos, até porque o país dispõe de canais que não deixam a memória nacional se esvair, assim como alguns personagens patéticos, atualmente encastelados no poder, querem fazer com o município de Caxias.

No início dos anos 1980, precisamente na gestão do saudoso governador João Castelo Ribeiro Gonçalves, um caxiense da gema, um fantasma chegou a pairar sobre os antigos casarões do centro histórico de São Luís, porque, à falta de recursos para investimentos, havia correntes de apoiadores da ideia de colocar abaixo a maior parte do casario da Praia Grande, com o pensamento de modernizar aquele trecho da capital maranhense. O governador Castelo, claro, não cedeu aos apelos da vivandeiras de plantão. Depois, em seguida, felizmente, veio o governo do presidente José Sarney, e toda a área da Praia Grande, sob firme determinação do governador Epitácio Cafeteira, não só foi recuperada como revitalizada, transformando-se no cartão postal que encanta os visitantes que vêm ao Maranhão. Lá, na Praia Grande, Sarney revitalizou o antigo Convento das Mercês, instalando em suas dependências seculares o Centro da Memória Republicana, que foi dirigido em seus anos iniciais por um dos grandes amigos do presidente, por coincidência, o ex-prefeito de Caxias Aluízio de Abreu Lobo, uma personalidade que jamais será esquecida aqui na terra de Gonçalves Dias.

Enquanto os políticos caxienses de plantão se esmeram em movimentar os soberbos recursos que chegam à cidade todos os meses para projetos políticos, o que se vê no centro histórico de Caxias são prédios e logradouros públicos se deteriorando. O Centro de Cultura Acadêmico José Sarney, instalado no prédio centenário da antiga fábrica manufatora, dia após dia vai se transformando em um local deplorável. Por incrível que pareça, a área reservada à Secretaria de Cultura do município talvez seja a pior em atividade, isso deixando-se de lado o entorno da grande edificação, transformado em latrinas a céu aberto, terminal improvisado de passageiros de ônibus, comércio informal de alimentos, enfim, uma bagunça geral que não devia estar presente naquele ponto histórico caxiense.

Por outro lado, talvez algum subserviente tenha feito a observação de que o Complexo Ferroviário da Estação terá um auditório para apresentações teatrais, coisa que Caxias já não dispõe pela leniência de muitos governantes que por aqui passaram. O auditório da Centro de Cultura, por exemplo, deixou de funcionar; o teatro Fênix, no complexo do antigo Colégio Caxiense, hoje está em ruínas. Então, melhor aproveitar o novo empreendimento para fazer média com a população, em vez de ser construído um centro de convenções que a cidade ainda não tem. Só para dar uma ideia do descompasso caxiense em relação a isso, a vizinha Timon hoje tem dois centros de convenções, locais que são aproveitados oportunamente por todos os segmentos da sua população.

Impressiona, entretanto, o desprezo que certas pessoas têm para com outras pessoas que gostam de bem projetar Caxias no contexto maranhense e nacional. Será se Caxias teria hoje o Memorial da Balaiada, no Morro do Alecrim, sem o concurso dos membros da Academia Caxiense de Letras, que se esforçaram em produzir um projeto felizmente aceito pelo Banco da Amazônia?! Agora, pela iniciativa do IHGCx, Caxias ganhará um novo cartão postal histórico. É certo que o empreendimento seja transformado em barganha política?!  Acredito que os caxienses, nas próximas eleições, têm que acabar com essa política ruim que está incrustada no município, pois em todos os aspectos a cidade hoje está sendo desvalorizada.


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