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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

O quanto a má política é ruim para Caxias


Quando mostramos posição diante de certas situações equivocadas e prejudiciais que estão acontecendo em Caxias, no atual momento, logo somos confrontados por pessoas que, sem se preocuparem com qualquer tipo de avaliação, deixam-se levar por aleivosias via de regra plantadas por marqueteiros com a clara intenção de favorecer os que detém o poder político e administrativo no município. Esses partidários do poder, claro, de algum modo estão atrelados à gestão municipal, e por isso defendem com unhas e dentes a boquinha a que fazem jus todo mês nos caixas bancários da cidade. 

No meio da semana que passou, no contexto de um evento político que sacramentou a candidatura do governo municipal à próxima eleição de 04 de outubro, eles foram anunciados aos milhares, cerca de seis mil que por lá teriam comparecido como convidados convocados sob ameaça velada, e instados a diluírem ao povo caxiense o mote de que tudo está bem e vai continuar muito bem para o progresso da cidade, coisas que a seus olhos podem ser contempladas sem a menor sombra de dúvidas e questionamentos. 

Entendo que as pessoas, à falta de outros parâmetros mais esclarecedores e sem vislumbrarem outras realidades, estão se acostumando com o que é ruim, aqui em nosso querido município, mesmo porque Caxias está deixando a desejar em termos de trabalhos de infraestrutura à altura da sua importância histórica e política, até porque passou a ser conhecida no país como uma das urbes que mais transpiram cultura e literatura, apoiada em glorioso passado de lutas e desenvolvimento.

A partir de cinco décadas atrás, mesmo com o tesouro público sempre em nível muito baixo, os caxienses conseguiam projetar sua cidade, oferecendo aos visitantes uma ideia do que valorizavam na conhecida terra dos grandes escritores maranhenses. Empresários não tinha receio de abrir suas gavetas para ajudar a projetar edificações esplêndidas que iriam ser adicionadas ao casario colonial português, abrilhantando o cenário urbano caxiense. Era um gesto orgulhoso de evidenciar que a cidade natal merecia ser reverenciada, cantada e contemplada como valoroso exemplo no interior do Maranhão.

Hoje, porém, quando andamos pelas vias de Caxias, e aqui incluo todos os bairros, o que assistimos é um panorama de abandono total, onde as ruas invariavelmente estão esburacadas, os prédios públicos abandonados e em perigosa deterioração, assim como grande parte dos logradouros públicos que não foram edificados na atual gestão. E, por incrível que pareça, são fatos que podem ser vistos não em função de falta de dinheiro público, mas em decorrência de um tipo de política que se estabeleceu na comunidade, onde as ações públicas, em sua grande maioria, convergem apenas para o status quo político, em detrimento de mais investimentos na cidade como um todo, ora com mais de 160 mil habitantes. 

Para exemplificar o que está acontecendo, já se vão cerca de oito anos e o projeto do aterro sanitário, aprovado e com dinheiro depositado em conta, não teve ainda solução de implantação; isso sem falar no grande volume de recursos de precatórios do Fundef para os profissionais da educação, uma boa soma de dinheiro que oxigenaria a economia municipal, que certamente aguarda momento mais apropriado de entrega no decorrer, óbvio, da campanha eleitoral já em movimento.

Frederico Brandão

Não obstante, a título de exemplificar a quantas andam as coisas estapafúrdias aqui em Caxias, transcrevo, abaixo, texto do confrade Frederico José Ribeiro Brandão, do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, que é bem elucidativo do modo como os interesses da cidade são tratados pelas autoridades que têm poder nas esferas municipal e estadual.

“Nos últimos dias, tenho insistido sobre a questão da reforma e da destinação, para uso, do complexo ferroviário de Caxias, área que, antes do projeto de reforma, era cuidada com recursos e pelo pessoal do Instituto Histórico, há vinte anos ali instalado. Os mais atentos, devem recordar o longo período em que esse patrimônio imobiliário federal esteve abandonado, ocupado e depredado por desocupados. Salvo da ruína física pela enérgica e dedicada ação do desembargador Arthur Almada Lima, presidente do Instituto Histórico de Caxias, foi, posteriormente, mediante projeto de reforma de sua inspiração, executado em parceria com o IPHAN, no Maranhão. 

As obras findaram recentemente e se cumpria período para entrega à gestão futura do complexo que, desde antes, se destinaria ao desenvolvimento de atividades socioculturais para a comunidade caxiense. E, como reiteradamente prometido, sob direção do Instituto Histórico.

Convocada a reunião com a Superintendência do IPHAM, a presidente do Instituto, professora Miramar Almada Lima, acompanhada de Frederico Brandão e de Nelson Almada Lima, foram tranquilizados quanto o retorno do nosso Instituto ao comando da área, com a ressalva de que, face aos futuros e pesados encargos para manter a segurança e o pleno funcionamento do projeto, além da impossibilidade orçamentária do IPHAM de responsabilizar-se, sozinho, pelo gravame, impunha-se buscar parceiro junto a ente público, estadual ou municipal. A prefeitura de Caxias, consultada, não demonstrou interesse. Já o governo do estado, sim.

Convocados pelo secretário de Estado da Administração, a presidente do nosso Instituto foi informada de que, ao governo, somente interessaria o comando total da área, e sem a nossa presença. 

Imediatamente, eu, que não participei do encontro com o secretário, postei, neste espaço, minha insatisfação com a chantagem e com o ultimato em que se resumiu a fala do indigitado funcionário E que não acreditava que aquilo representava a vontade do governador. Durante alguns dias, esperei por uma manifestação do governador. Não aconteceu e sei que ele tomou conhecimento do ocorrido.

A confirmação de que a fala do secretário e as reiteradas afirmativas da superintendente amparando nossa justa pretensão estavam, adrede, ensaiadas e, desse modo, nos foram passadas. A confirmação veio do próprio IPHAM que, após entregar a área ao governo, inclusive "aconselhou" o Instituto a aceitar a ridícula proposta compensatória oferecida pelo mesmo servidor, representando o governo.

Aqui estamos, porque o povo de Caxias, principalmente, merece conhecer os fatos e seus protagonistas. Aqui estou eu, falando em nome próprio, sobre a indignação de que estou tomado diante da ação oportunista, sorrateira, aética, do governo do estado, "confiscando" obra alheia e transformando um projeto sociocultural num "puxadinho" para abrigar sua burocracia estéril dispersada por Caxias. Uma inversão, uma troca de prioridades que pode estigmatizar um governo e seu gestor.

Durante alguns anos, dediquei esforço e entusiasmo, acompanhando o desembargador Arthur Almada Lima, em sua missão cidadã. Sou testemunha do sacrificado esforço físico a que se entregava na busca da realização desse projeto. A morte o poupou dessa decepção”.


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