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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

A religião, a história e a política


O Domingo de Páscoa, que transcorreu em 31 de março, para os estudiosos evoca, de um lado, a grande celebração de louvor e graças a Deus, segundo a religião judaica, e de outro a morte e a ressurreição de Jesus Cristo na Palestina, através da qual, há mais de dois mil anos, o filho de Deus enviado à terra como homem, para redimir a humanidade de todos os pecados, lograra com êxito a penosa missão de legar aos semelhantes os valiosos preceitos morais exigidos pelo Altíssimo nas páginas da Bíblia. 

A boa nova foi revelada aos seguidores de Cristo através dos evangelhos do Novo Testamento. Contudo, ainda que os judeus continuem enfrentando dissabores e guerras intermináveis desde que se libertaram do jugo do antigo Egito, talvez em função de não terem acatado as regras do Criador e aceitado o anunciado messias, os cristãos, por sua vez, seguem alimentando-se de contendas e comportamentos que em nada condizem com os caríssimos ensinamentos recebidos, já que amar o próximo como a si mesmo parece ser uma tarefa impraticável ainda em nossos dias.

À luz das tvs ao vivo, da inernet, das redes sociais de transmissão instantânea por todo nosso planeta, as imensas desigualdades entre os homens filhos de Deus são encontradas nos quatro cantos do globo terrestre. Aqui e alhures minorias se sobressaem e são abastadas de tudo, enquanto a grande maioria das pessoas às vezes nem tem uma refeição diária decente para comer.

Aqui em nossa Caxias, por exemplo, mesmo levando-se em conta gestos esparsos de filantropia durante a Quaresma e a Semana Santa, é um vexame assistirmos pessoas e mais pessoas amontoarem-se para ganhar uma cesta básica de alimentos e levarem para casa uma pequena sacola com alguns peixes. Muitos se humilham porque, desempregados e sem outros meios de renda, não tinham outra alternativa para aquele momento.

Se a situação é menos vexatória para os abastados que proporcionam tal caridade, pior é o ângulo de visão sobre as autoridades que, usando de recursos públicos que são de todos os caxienses, demonstram que tais ações são gestos de benevolência e de preocupação com a vida dos que se acham em vulnerabilidade social, com claro interesse de obter respostas positivas às suas expectativas políticas, já que outubro vindouro tem data marcada (04) para o eleitor levar seu voto à urna eleitoral, e 2024 é ano para escolher 19 parlamentares para a Câmara Municipal, assim como o alcaide que irá dirigir o município pelos próximos quatro anos, a partir de janeiro de 2025.

Por estranha coincidência, domingo transcorreu em 31 de março, e a data, a um dia do Dia da Mentira (1º de abril), pode ser traduzida como um marco de triste memória para a vida da nação brasileira, vez que representou o início de uma tenebrosa época de repressão política e administrativa que se estendeu ao longo de cerca de 22 anos no território nacional, após frágil período de democracia vivenciado com o fim da era Getúlio Vargas, uma ditadura que durara 15 anos (1930-1945).

Há 60 anos, portanto, o Brasil estava envolvido na guerra fria que dividia o globo em um bloco de nações de regime democrático, lideradas pelos Estados Unidos da América (EUA), contra outro bloco de nações de regime comunista, sob comando da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Nessa época, o medo de uma terceira guerra mundial eclodir, com uso de armas atômicas, era tão latente entre as nações desses blocos que qualquer vestígio de ameaça logo era tratado como assunto de segurança nacional. Afinal de contas, o comunismo vinha se espalhando desde os anos 1950, com a guerra da Coréia, assumira a China, se estabelecera na região do Vietnam e conquistara Cuba, em pleno centro da América Latina, a 140 quilômetros do estado da Flórida, solo norte-americano. 

Em 1964, o presidente eleito do Brasil era João Goulart, que pensava em promover uma ampla reforma agrária no país, pressionado por ligas de camponeses que lutavam por mais espaço num campo de amplo predomínio de latifúndios, herança dos tempos da colonização portuguesa e do império brasileiro. E como nesse contexto, mesmo em minoria, havia grupos que adotavam o extremismo comunista, as forças armadas brasileiras, com um golpe de estado depondo Goulart, decidiram impor uma nova ditadura à nação, para acompanhar a liderança dos EUA.

Hoje, porque o Brasil é liderado por uma coalizão política de cunho socialista, nosso país vive dividido entre os que temem a imposição do comunismo sobre a democracia, contexto que, felizmente, podemos simplesmente equacionar, com autonomia e soberania, da melhor forma possível, dentro do nosso novo ciclo democrático iniciado com o movimento Diretas Já, em 1984, e consolidado na Constituição Federal de 1988.

Por outro lado, voltando ao seio da política caxiense, nesse momento o clima não é dos melhores entre os que almejam uma das 19 vagas do parlamento municipal, pois, a despeito da Janela Eleitoral se estender até 5 de abril, há muita dificuldade de encaixamento de candidaturas nos partidos locais. Quem comanda partido pequeno não quer nem saber de filiar nomes com densidade eleitoral de outros pleitos eletivos. E, nesse nível, haverá espaço para políticos veteranos somente no chapão sob a batuta do prefeito Fábio Gentil.

Em razão dessas dificuldades, nas últimas horas crescem as especulações de que do bloco dos atuais 16 vereadores atrelados à liderança do prefeito, apenas sete devem ter condições de sustentar suas cadeiras na Câmara Municipal na próxima legislatura. Quanto à disputa pela cadeira-mor do Palácio Municipal da Panteon, a pré-candidatura do secretário de Infraestrutura Gentil Neto, que se filiará ao Partido Progressistas (PP), segue sem ser admoestada ainda por uma forte candidatura da oposição, em função de indefinição do nome que o confrontará no dia do pleito eleitoral. Com Lycia Waquim (PSDB) correndo por fora, a disputa mais forte agora se concentra entre o deputado federal Paulo Marinho Júnior (PL) e o vereador Daniel Barros (PDR).


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