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Sílvio Cunha

Caxias, Política e Sociedade

O retorno do Aedes aegypt


Controlar a dengue, a Chikungunya e a zica, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypt, passou a ser uma necessidade imperiosa no país, na atualidade. Das três já contraí duas, a dengue, lá pelos idos da primeira metade da década de 1990, e a Chikungunya pouco mais de dez anos depois. E ambas, posso dizer, foram bastante desagradáveis. 

Minha primeira dengue, por exemplo, chegou a me impedir de trabalhar, quando ocupei a função de secretário de Comunicação Social do município. Já a Chikungunya, vencidas as etapas de febre e dores nas articulações do corpo, permaneceu por vários anos, ora inerte em determinados períodos, ora acentuada dolorosamente por dias nas juntas do corpo. É uma situação que se a pessoa for atleta está praticamente incapacitada por algum tempo por causa da Chikungunya, uma lástima.

Essas doenças, principalmente a dengue com registros de óbitos, voltou à pauta da rede de saúde nacional, sobretudo nos estados do sudeste do país, onde fenômenos metereológicos adversos, fortes chuvas, tempestades e inundações passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas alocadas naquele quadrante do país. Contudo, com a chegada da estação das chuvas por aqui, essas doenças podem estar vindo nos flagelar, um vez que é grande a presença do mosquito Aedes aegypt na região de Caxias.

Interessante nos depararmos com tantos mosquitos em nossas casas nesse momento. Antes o que víamos eram muriçocas nos atazanando. Agora, a certeza é a de que os mosquitos Aedes aegypt as substituíram, deixando toda a comunidade numa situação de apreensão face à presença incontestável do vetor transmissor dentro do município.

Todos os dias assiste-se na tv e nas redes sociais vastas informações sobre como nos prevenirmos do mosquito, por meio de cuidados principalmente dentro dos lares, logradouros públicos e quintais dos vizinhos. O imperativo é não favorecer qualquer tipo de utensílio que sirva para acomodar água, seja ela suja ou limpa. 

Esses locais, seja em poças sujas ou grandes, médios ou pequenos reservatórios de água, são os criadouros do peculiar Aedes aegypt, um sujeitinho que se diferencia das muriçocas por exibir as pernas listradas em preto e branco, de muito fácil identificação. Mas todo cuidado é pouco, porque o cara, ou sua fêmea, sempre estará à espreita de sangue, voando baixo à altura dos pés e das pernas, na maioria das vezes, às primeiras horas da manhã e ao anoitecer.

Normalmente, o primeiro sintoma da dengue é a febre alta (39° a 40°C) de início repentino, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos e erupções cutâneas.

Os primeiros sinais aparecem de quatro a dez dias depois da picada do mosquito infectado. A doença começa bruscamente e se assemelha a uma síndrome gripal grave. O vírus é transmitido pela picada do mosquito da espécie Aedes que também é responsável pela transmissão da Chikungunya, Febre Amarela e Zika.

Para se contraporem à dengue, as autoridades públicas de saúde brasileiras estão agora às voltas com vacinas, e as querem difundir pelos quatro cantos da nação, até porque a forma de dengue endêmica pode levar pessoas à morte, como de fato já aconteceu. Esse campo, no entanto, ainda não está cristalino. Descoberta pelos japoneses, a vacina Qdenga, por exemplo, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão do Ministério da Saúde, já está disponível na rede do SUS, sobretudo nos postos de saúde, embora restrita à faixa etária de até 14 anos.

Existe também a Dengvaxia, licenciada em vários países e indicada para pessoas entre 9 e 45 anos, que é aplicada em três doses. Essa vacina, entretanto, não está sendo administrada a crianças com menos de nove anos, porque o risco de complicações mais sérias ainda não foi determinado, assim também como àqueles com mais de 45 anos de idade, porque não há dados suficientes para garantir a segurança da vacina. Indivíduos não expostos previamente ao vírus têm risco aumentado de desenvolver dengue grave após a vacinação.

Contudo, enquanto centros de pesquisas, como o Butantan, estudam e testam a eficácia de vários imunizantes, está no país uma vacina tetravalente, com alta eficácia de proteção, e que consiste em duas doses com intervalos de três meses entre elas, independente da pessoa ter tido ou não dengue previamente. O Ministério da Saúde já adquiriu todas as vacinas disponibilizadas pelo fabricante, visando iniciar a vacinação o quanto antes em todo o território nacional.

A despeito de tanto esforço, a população idosa que tem 65 anos concentra, atualmente, as maiores taxas de hospitalização por dengue no Brasil, e o grupo ficou de fora da faixa etária considerada prioritária para receber a vacina por meio do Sistema único de Saúde. A saída para o grupo é apelar para o uso de repelentes com a substância Icaridina (20-25%), considerada como a mais efetiva para proteção contra o Aedes aegypt. O uso excessivo, no entanto, pode causar intoxicação.

Tomar a vacina significa estar propenso a alguns efeitos colaterais, como dor, sensibilidade ou inchaço no local da injeção, e depois apresentar uma febre baixa leve. Se estiver com dengue, o bom é evitar anti-inflamatórios denominados hormonais ou corticosteroides, como prednisona, dexametasona e hidrocortisona, e mesmo todos os anti-inflamatórios, vez que podem aumentar a tendência hemorrágica na dengue e por isso são contraindicados.

Pessoas com tipo sanguíneo “O” atraem duas vezes mais mosquitos do que pessoas com outros tipos sanguíneos, seja positivo ou negativo, de acordo com a especialista Camila Hoffman, dermatologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, fator estudado em uma pesquisa publicada no Journal of Medical Entomology.

Para as pessoas fora dos grupos etários já especificados acima, resta passar no corpo água salgada ou água com cloro, que funcionam eficazmente como repelentes contra o Aedes aegypt. E, no mais, aguardar pela providência bem mais em conta de nossas autoridades em trazer para Caxias veículos dotados de equipamento de pulverização de substância inseticida, os já conhecidos carros de fumacê, com o objetivo de erradicar os perigosos mosquitos que proliferam nas moradias, nas ruas da cidade e nos povoados.


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