O carnaval de 2024 passou e Caxias teve uma festa coroada de êxito, pelo menos para os organizadores oficiais, já que nenhum incidente grave foi anotado nos cinco dias de folia. O prefeito Fábio Gentil (PRB), dublê agora também das propagandas institucionais da sua gestão, colheu os frutos da animação anunciada nos canais de tv e redes sociais, e economizou para os cofres públicos, óbvio, deixando de pagar cachês geralmente elevados aos que trabalham com publicidade. Se desempregou alguém com a iniciativa, é discutível, mas o fato é que a sua ação deu certo e vai no modelo assumido por muitos gestores do país com o dom de atuar no meio publicitário, situação que, quando dá certo, indiscutivelmente reforça a imagem do político que a protagoniza.
Agora, momento da quaresma, é que iremos saber o alcance da estratégia palaciana para alavancar a candidatura do secretário municipal de Infraestrutura Gentil Neto, tendo por objetivo vencer a eleição municipal deste ano contra um bloco oposicionista formado por Paulo Marinho Júnior (PL), Catulé Júnior (PSB), Daniel Barros (PDT) e Lycia Waquim (PSDB), esta última lançando no último sábado (17) a sua pré-candidatura a prefeita, embolando ainda mais o cenário no contexto oposicionista da sucessão municipal. PMJr. e Catulezinho, já testados nas urnas, são os que ostentam os melhores cacifes no imaginário dos eleitores caxienses. Os demais, por enquanto, são incógnitas sem registro, mas acreditam na força das redes sociais para o crescimento de seus nomes, de sorte que, quando vier o tempo da formação da chapa que irá confrontar a força governista, esperam que tudo estará equacionado e dividido rumo à vitória eleitoral.
Com tantas perguntas e respostas no ar, os caxienses, enfim, estão vivenciando mais um período de quaresma em suas vidas, uma época que os cristãos aproveitam e se concentram em fortalecer mais a fé nas coisas divinas, uma vez que, rompendo o materialismo, dão vazão maior à espiritualidade até o dia da páscoa, especialmente assumindo penitências para limpeza de suas preciosas almas. Assim, praticantes, leigos e também políticos, estão todos imbuídos de sentimentos que estão acima das disputas individuais (vigários e pastores esperam) nesse espaço de 40 dias, que se encerrará em 31 de março, Domingo de Páscoa, dia em que é comemorada, nos cultos evangélicos e em missas católicas, a ressurreição de Jesus Cristo.
Não obstante a isso, será que os cristãos caxienses sabem o que representam a quaresma e a páscoa em suas vidas? Pois bem, vamos esclarecer o assunto. Em primeiro lugar, Quaresma ( expressão originária do latim quadragesima dies) é um período do calendário litúrgico do cristianismo que serve como antecipação e preparação para a Páscoa, que é o dia da celebração da ressurreição de Jesus e a festa mais popular do cristianismo. O Tempo da Quaresma é cultuado por algumas igrejas cristãs, dentre as quais a Católica, a Ortodoxa, a Anglicana, a Luterana e algumas denominações Presbiterianas e Reformadas. A quaresma, entretanto, funciona mais como uma preparação espiritual e menos como uma preparação física ou material, muito embora boa parte dos cristãos aproveite o período para viajar e se empanturrar de comidas e festas, especialmente no Sábado de Aleluia, contrariando as orientações dos religiosos à prática de penitências e reflexões em louvor a Deus.
Os historiadores não sabem muito sobre o que levou ao surgimento da Quaresma, mas sabem que ela foi estabelecida em 325 d.C., durante o primeiro Concílio de Niceia, cidade situada no território da atual Turquia. Para muitos, a Quaresma pode ter uma duração de 44 ou 46 dias, estendendo-a até a Quinta-feira Santa ou Sábado de Aleluia, respectivamente. A data de início da Quaresma se dá na Quarta-feira de Cinzas e vai até o Domingo de Ramos, antecedendo a Semana Santa. Mas a definição do início da Quaresma depende da definição da data da Páscoa. A definição da data da Páscoa segue um critério que leva em consideração o equinócio da primavera, no Hemisfério Norte, e as fases da Lua, por isso os dias de quaresma e a Páscoa variam a cada ano.
Por ocasião do Concílio de Niceia, consta que o evento reuniu as principais autoridades da Igreja da época e aconteceu desse encontro, escrito em grego, o surgimento da expressão Quaresma por meio do termo tessarakonta, que significa “quarenta”. Além de estabelecer o surgimento dessa tradição cristã, esse evento foi o responsável pela padronização da data da Páscoa. Ficou decidido que a Páscoa seria celebrada depois da Quaresma, por influência de antigos cristãos orientais que jejuavam dias antes da Páscoa. Uma prática muito comum eram os batismos pascais, e os envolvidos com o batismo faziam um jejum rigoroso. A duração desse ato variava de lugar para lugar. No entanto, foi a partir da Alta Idade Média que a Quaresma começou a ser iniciada na Quarta-feira de Cinzas. Essa prática foi estabelecida no pontificado de Gregório I, papa de 590 a 604.
Um detalhe importante da Quaresma é que ela é um costume de católicos, ortodoxos, luteranos e anglicanos. No Brasil, existem todas essas vertentes do cristianismo, sendo que os católicos são os mais numerosos. Outro grupo cristão muito numeroso são os evangélicos, originários do luteranismo, mas eles não observam a Quaresma.
Vale ressaltar ainda que durante a Quaresma as igrejas católicas são decoradas com tecidos na cor roxa. Na visão católica, essa cor simboliza dor e penitência, sendo que a primeira remete ao sacrifício de Jesus, e a segunda, aos atos que devem ser praticados pelos cristãos durante esse período. A decoração também tem como objetivo trazer foco para o altar e para o milagre de Jesus.
A Bíblia não ordena e nem proíbe a celebração da Quaresma. Nestes dias o cristão busca se aproximar mais de Deus, se dedicando em oração e na leitura da Palavra. Tanto católicos quanto evangélicos - em menor escala - costumam se programar neste período que antecede a Páscoa.
Em nosso país é considerada a maior festa popular e teve início no Brasil colonial, provavelmente no século XVI, e constituiu os ritos de fé da quaresma por influência portuguesa, com a festa de rua chamada entrudo, que consistia em jogar farinha, ovo e tinta nas pessoas. Invertido o momento, talvez daí tenha surgido o carnaval brasileiro.
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